30 de dezembro de 2007

"Novas Oportunidades" em Vila Nova da Rabona

O programa "Novas Oportunidades" lançado pelo governo, e que José Sócrates não se cansa de apregoar como umas das suas maravilhas na "Arte de Bem Governar", dizem que tem o propósito de fazer com que aqueles que por qualquer motivo tiveram que abandonar o ensino, voltem à "escola" para em meia dúzia de meses verem as suas aptidões reconhecidas e por essa via ficarem com a ilusão de que agora estão mais aptos, uma vez que o Estado comprova, eles acreditam.

Essas pessoas que se lançam nas "Novas Oportunidades" vão na melhor das intenções e muitas delas almejam encontrar empregos mais qualificados, no caso de serem desempregados, e para aqueles que trabalham, pensam que será uma oportunidade de serem promovidos, e todos em teoria esperam melhor salários.

Não é em vão que os que colocam muitas esperanças nesse programa, são, na sua imensa maioria, pessoas desempregadas com baixa escolaridade, ou trabalhando, auferem rendimentos baixos, tendo a ilusão que são baixos porque não estudaram. Nada mais falso no Portugal de hoje. Veja-se o salário, a recibos verdes, dos jovens licenciados.

Mas nestas novas oportunidades, há uma classe que ainda não dei pela sua adesão: a classe política.

Todos sabemos que a classe política, principalmente, a nível local, em número apreciável, apresenta baixas qualificações académicas. Os executivos das Juntas de Freguesia mas também de muitas Câmaras Municipais, por esse país fora, também necessitavam, e com urgência, de aderirem a essas "Novas Oportunidades".

Mas, melhor que ninguém, eles sabem que o "papelinho" emitido pelo Ministério da Educação nunca lhes será exigido para manter ou aumentar o pecúlio. Nalguns casos até seria contraproducente.

29 de dezembro de 2007

Imolação

Eu pensava que este país tinha chegado ao fundo com o governo de Santana Lopes. Afinal o fundo referia-se à crosta, ao chão que pisamos.

Com o governo de José Sócrates, e com a última pouca vergonha, caso BCP-CGD, Portugal já está a chegar ao manto, pelos vistos o objectivo núcleo é o alvo a atingir. Aí, com temperaturas na ordem dos milhares de graus centígrados, já nada restará.

Há gente apostada nissso. Acreditem.

24 de dezembro de 2007

Natal

A todos os que por aqui passam, um Feliz Natal, e que 2008 traga tudo aquilo que desejamos.

21 de dezembro de 2007

(A)Moral

Eduardo Ferro Rodrigues, embaixador de Portugal junto da OCDE, em Paris, foi ontem chamado ao Tribunal de Monsanto, que está a julgar o "Caso Casa Pia", na qualidade de testemunha, arrolada pelas defesas de Carlos Silvino e Carlos Cruz.

Segundo a comunicação social, Ferro Rodrigues afirmou que teve conhecimento que o seu nome fazia parte do processo, porque Saldanha Sanches lhe disse.

O fiscalista Saldanha Sanches é aquele senhor que por tudo e por nada é chamado a opiniar sobre fraude e fuga ao Fisco. Mostrou-se sempre contra o desleixo e corrupção que grassava na máquina fiscal do Estado, permitindo que os "grandes" praticassem fraudes e fugas aos impostos sem serem incriminados por isso. Até aqui qualquer pessoa de bem está de acordo com Saldanha Sanches.

No entanto, "no melhor pano cai a nódoa". A acreditar nas afirmações de Ferro Rodrigues, Saldanha Sanches subverteu todos os princípios que apregoa na comunicação social em matéria de comportamento dos cidadãos, das empresas e do Estado em relação ao Fisco

O comportamento que todos temos perante o Fisco não está isolado dos restantes comportamentos que devemos ter em relação a todos os sectores da vida em sociedade.

Saldanha Sanches em matéria de Justiça, usando muito possivelmente ligações familiares, actuou à margem da Lei.

Perante a "denúncia" do seu "amigo" Ferro Rodrigues, Saldanha Sanches mantém-se em silêncio e a comunicação social também o não inoportuna.

Daqui a uns tempos voltaremos a ver Saldanha Sanches a apregoar mais moralidades e comportamentos éticos em matéria fiscal. Pelos vistos os únicos que segue, espera-se.

9 de dezembro de 2007

Espiritismo

 

Ao Espírito Santo juntou-se agora o "Espírito de Lisboa".

José Sócrates esse grande evangelizador espírita.

Sempre as mulheres

No meio de tantos homens, só a chanceler alemã, Angela Merkel, parece que "os" tem no sítio.

Robert Mugabe já deveria estar felicíssimo por ter vindo a Lisboa e não ouvir nenhuma crítica ao seu regime hediondo, mas eis que uma mulher, europeia, branca, e logo alemã, lhe estragou a festa.

Claro que Sócrates não tem envergadura moral e política para fazer o que Merkel fez.

Ao contrário do que José Sócrates afirmou, os portugueses só devem estar orgulhosos pela realização da Cimeira União Europeia- África, por no meio de tantos hipócritas, haver uma mulher com vergonha na cara.

Obrigado, senhora Angela Merkel.

Orgulho? É pouco

José Sócrates afirmou que todos os portugueses estão orgulhosos por Portugal ter conseguido que a  II Cimeira União Europeia-África tivesse, enfim, lugar, após sete anos sobre a realização da primeira.

Pela parte que me toca, estou mais que orgulhoso: estou comovidíssimo, quase em choque, por tamanha alegria.

Só de saber que neste fim-de-semana, de 8 e 9 de Dezembro, Lisboa conseguiu reuniu a maior concentração de ditadores, assassinos e torcionários por metro quadrado, feito até agora único no mundo, logo de registo obrigatório no Livro Guinness dos Recordes, deixou-me embevecido e jamais irei esquecer e agradecer ao nosso querido e amado líder.

Bem haja.

28 de novembro de 2007

Sócrates

Não conheço pessoalmente José Sócrates. Creio que se o conhecesse pessoalmente, no passado, ou no presente, a minha opinião seria substancialmente diferente. Não sei se seria mais positiva ou negativa. Seria certamente diferente.

A opinião que tenho sobre José Sócrates, Primeiro-Ministro actual do país onde nasci e onde me movo, circunscreve-se àquilo que o homem faz transparecer nas entrevistas, nas intervenções públicas e na imagem que nos chega através da comunicação social.

Sócrates está a frente dos destinos de Portugal há quase três anos. Tempo suficiente para o cidadão comum, como eu, ter uma ideia de quem é o homem que chegou ao poder em circunstâncias que a história, um dia, se encarregará de esclarecer.

Alguém já pensou que, se porventura Ferro Rodrigues não estivesse envolvido no caso Casa Pia, Sócrates nunca chegaria ao cargo que ocupa?

Posto isto, a imagem que tenho de José Sócrates é a seguinte:

  • Intelectualmente pobre, muito limitado em cultura geral;
  • Julga que Portugal se salvará pelas contas públicas equilibradas, o que denota que não percebe nada da História de Portugal e de que "massa" os portugueses são feitos;
  • Ele acha-se "D. Sebastião": "antes de mim, o dilúvio, depois de mim, o paraíso";
  • A sua timidez e complexo de inferioridade, que cultiva na intimidade, faz com que tenha que dar uma imagem de arrogante, de "homem forte" e de "inflexível", por forma a que o tomem a sério;
  • Discurso pobre, com um vocabulário de português mediano, que cumpriu a escolaridade mínima obrigatória, sabendo que dessa forma os "portugueses", aqueles por quem ele acha que "trabalha", o compreendem e o recompensam. As sondagens não enganam;
  • Homem fraco, que no seu intímo ainda pensa  que "está a viver um sonho", que julgava impossível, quer pelas raízes, quer pelo percurso de vida;
  • Depois temos o palco europeu, onde julga que os restantes 26 espectadores, o acham um político de fibra e de ideias, nunca pensado que os demais não passam de clones, mais ou menos reciclados;

Portugal vive há 8 anos consecutivos em recessão. A pobreza cresce a olhos vistos. Portugal é o mais pobre dos ricos, ou o mais rico dos pobres. Quando se fala em pobreza, pensa-se em dinheiro. No entanto Portugal está a empobrecer não só pelo lado económico, mas sobretudo pela educação, cultura, justiça.

O Primeiro-Ministro pensa e actua ao minuto, não tem visão de futuro, não percebe o país e o mundo e pensa o seguinte: " Eu, José Sócrates, nascido no seio de uma família vulgar portuguesa, nos confins de Portugal, sem pergaminhos, com um percurso de vida académico e profissional fora dos padrões comuns daqueles que chegaram onde eu cheguei, é porque sou "aquele" que vai salvar Portugal, e por quem todos anseiam, logo nada me deterá e serei implacável para com todos aqueles que ousem  enfrentar-me".

Alguém acha que o namoro com Hugo Chávez, Robert Mugabe, José Eduardo dos Santos e quejandos é inocente? Não, não é. Todos têm em comum a negação da História e o alheamento do Conhecimento e da Razão.

Inocentemente, ou melhor dizendo: estupidamente, pensei que chegaria um dia a ver o meu país como baluarte de valores  e de prosperidade. Hoje, sei que morrerei num país mais pobre, do que quando eu nasci. Quem diria.

27 de novembro de 2007

Pinóquio

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, é uma personagem, no mínimo, sui generis: convidou Robert Mugabe, Presidente do Zimbabué, para estar presente na cimeira África-União Europeia, a realizar nos próximos dias 8 e 9 de Dezembro em Lisboa, mas ao mesmo tempo gostava que essa personagem sinistra não estivesse presente, para, segundo Luís Amado, "não desviar as atenções do essencial".

Este governo, comandado por José Sócrates, é de uma hipocrisia que raia o absurdo.

Definitivamente, somos governados por uma "cambada" sem princípios.

23 de outubro de 2007

Mentes formatadas

James Watson, Prémio Nobel da Medicina em 1962, pela descoberta da estrutura do ADN, afirmou numa entrevista que os brancos eram mais inteligentes que os negros, e que a justificação para tal residia na genética.
Imediatamente, instituições "brancas" e "brancos" racistas, mas que vestem a capa do politicamente correcto, vieram logo a terreiro crucificar o cientista, acusando-o de racista e de as suas afirmações não se coadunarem com aquilo que um cientista, e logo laureado com o Prémio Nobel, deve dizer, e "pensar", publicamente. Já não há direito à estupidez, se for caso disso.
Alguém acredita que se, por ventura, James Watson tivesse afirmado que os negros eram mais inteligentes que os brancos, alguma voz "branca" ou "negra" condenaria publicamente o cientista?
A reacção, essa sim, profundamente racista, porque paternalista com os negros, só demonstra que há brancos que embora se achem "superiormente inteligentes" na sua mais íntima consciência, agem com "aqueles" que eles acham "inferiormente inteligentes" da mesma forma que um pai age com um filho: "passando a mão pela testa".
Hoje, século XXI, "passar a mão pela testa" é sinónimo de "solidariedade", de "igualdade", de "compreensão", de "entreajuda", "etc.", "etc.". De racismo, não? Não, não. Nunca. Jamais.

17 de outubro de 2007

O império africano da República Checa

Já não bastava o Reino Unido ameaçar boicotar a cimeira África-União Europeia, que se há-de (?!) realizar neste nosso querido Portugal nos próximos dias 8 e 9 de Dezembro, na capital, que já foi imperial, que dá pelo nome de Lisboa e eis senão quando aparece outro país membro da União Europeia, pois então, que dá pelo nome de República Checa, a dizer que também muito provavelmente, irá juntar-se ao Reino Unido e também não estará presente junto do nosso querido Sócrates para beijar as mãos do assassino do Zimbabué.
Como todos sabemos, a República Checa também foi uma potência branca que andou pela África a oprimir os pretos, que também fundou um império colonialista e possui muitos interesses em África. Não fora isso, e como explicar o que move esse país a não estar presente para dar o ámen aos assassinatos cometidos pelo regime desse grande líder africano que dá pelo nome de Robert Mugabe?
Portugal, como sempre, adora estender o tapete e dar "beijinhos" a déspotas, assassinos e quejandos.
Portugal, esse país paladino dos Direitos Humanos para dentro e para fora? Pois, pois.
P.S. O Poviléu, como é obra de um só indivíduo, está sujeito a múltiplas vicissitudes, nomeadamente às condicionantes da vida do seu autor. Mas não morreu. Longe disso.

27 de setembro de 2007

Habituem-se

Pedro Santana Lopes ao recusar-se a prosseguir a entrevista à SIC-Notícias, depois de ser interrompido para se ver a chegada de José Mourinho ao aeroporto de Lisboa, mostrou que é assim que se tratam os rapazolas aprendizes de jornalismo.
A reacção da SIC-Notícias à acção de Pedro Santana Lopes só mostra a porcaria que querem à viva força que o povo consuma.
Pedro Santana Lopes mostrou fibra e carácter e sobretudo que não é mal educado nem arrogante. Parabéns.
Não sei porquê, à medida que se observa o que vai pelo interior do PSD e José Sócrates pelas suas acções e comportamentos, ou a falta destes, mostra de que é feito, mais Pedro Santana Lopes, o homem, se eleva.

21 de setembro de 2007

Lágrimas de sangue

O Primeiro-Ministro do Reino Unido, Gordon Brown, tem uma predilecção por tudo o que é português: ora intromete-se no caso McCann, ora opina sobre José Mourinho, ora diz que se o facínora do Zimbabué, Robert Mugabe, vier a Lisboa para a cimeira União Europeia-África, ele não estará presente. E neste último ponto está coberto de razão.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que a cada dia que passa vai mostrando a sua altivez e arrogância, diz que ainda não foram enviados convites aos dirigentes africanos para se deslocarem a Lisboa, em Dezembro próximo. No entanto a edição impressa, de hoje, do Público dá nota que Mugabe já fez saber que virá a Lisboa.
O Primeiro-Ministro britânico faz bem em não vir, caso Robert Mugabe venha a Portugal. Se esse facínora aterrar em Lisboa é uma vergonha e uma afronta a todos os portugueses que se batem por valores. E o mais grave é que essa afronta é feita pelo governo de Portugal, o que torna o caso ainda mais arrepiante.
Comparando o tratramento que este mesmo governo dispensou ao Dalai Lama, um Homem de Paz, e o que se prepara para oferecer a um assassino, diz muito do carácter daqueles que nos governam e que aparentemente Cavaco Silva também não está imune.
Quando observo toda esta situação a que Portugal, pela mão do governo de Sócrates, se presta perante a opinião pública internacional, aquela a quem os valores do que é ser humano ainda dizem alguma coisa, e comparo com aqueles que por cá se indignaram com o murro que Scolari aplicou no jogador sérvio, dizendo que esse acto tinha envergonhado Portugal pelo mundo fora, poderia dar vontade de rir. Mas não. Como português dá-me vontade de chorar de raiva, porque a letargia em que estamos mergulhados, faz com que não nos atendemos ao essencial, àquilo que verdadeiramente importa lutar e combater.
Triste país que povo transportas e do qual saíram dirigentes tão miseráveis.

14 de setembro de 2007

O valor da vida

Bastou um murro de Scolari para o caso McCann passar para segundo plano na comunicação social.
O episódio revela, se dúvidas houvessem, que o mundo do futebol tem mais peso na sociedade mediatizada que a perda de vidas humanas.
O caso que esta semana ocorreu em Viseu: uma mãe que mata os seus dois filhos e em seguida se suicida, deveria, numa sociedade portadora de valores morais e humanos, estar a ser debatido e analisado por todos nós. Não este caso concreto, mas o que pode levar uma pessoa a cometer um acto destes. Porque quando um ser humano está em sofrimento e lança avisos, que não são mais do que pedidos de ajuda, nós preferimos ignorar e olhar para o lado.
Para o fútil, o efémero.
Para o murro de Scolari, por exemplo.

13 de setembro de 2007

Obrigado Scolari

Os portugueses são muito sui generis. Luiz Felipe Scolari, treinador da selecção nacional, foi até ao momento, de longe, o melhor treinador que a equipa das quinas alguma vez teve. Os sucessos falam por si. Hoje a equipa portuguesa é temida por todos, graças a ele.

Basta um momento menos bom, que todos nós cometemos, mas que a força da televisão potencia a níveis desgraçadamente escandalosos, para que os bem pensantes venham exigir a demissão do homem.

Na verdade somos - seremos sempre - pobres e mal agradecidos. Gostaria de saber se aqueles que hoje "ladraram" na comunicação social a pedir a cabeça de Scolari, quando se vêm a si próprios, ou familiares seus, envolvidos em cenas de pugilato ou pior: cometendo crimes, tratam logo de se auto expulsarem, ou de mostrar a porta, da casa de família.

Na verdade não há pachorra para tantas públicas virtudes e piores vícios privados.

Scolari já reconheceu que errou, que perdeu a cabeça, o que mostra que ele é um homem normal, como a grande maioria dos restantes homens.

Eu jamais lhe lançaria alguma pedra. Detesto, abomino, pessoas que à primeira dificuldade de alguém, esquecem o prato onde comeram.

Aconteça o que acontecer no futuro ao homem, direi sempre: "Obrigado Scolari".

11 de setembro de 2007

Política reles

Portugal vai receber amanhã um Homem de Paz, o Dalai Lama, pela porta dos fundos, mas em contrapartida, o Governo e o Presidente da República estão a envidar todos os esforços para, em Dezembro próximo, receberem um facínora, Robert Mugabe, Presidente do Zimbabué, pela porta principal, com direito a tapete vermelho, para dar com a cor dos crimes que ele comete e instiga.

A mente humana: a última fronteira

O casal McCann, independentemente de ser culpado, ou não - acredito cada vez mais que sim, e num grau que ultrapassa qualquer racionalidade - contribuiu com todo o "espectáculo" que montou à volta do "desaparecimento" da sua filha, para aniquilar definitivamente a confiança na espécie humana.
Quero dar os parabéns ao Arrebenta do blogue As Vicentinas de Braganza, a primeira pessoa no mundo a dizer publicamente, imediatamente após o caso ter sido divulgado, que os McCann eram altamente suspeitos e que eram gente que não prestava, não só pelo seu comportamento e acção, mas também pelas ligações estreitas com o governo britânico, com a imprensa inglesa e com gente influente na sociedade britânica. Só assim se explica o acesso aos governos dos países por onde andaram e que culminou com a imagem pública absolutamente patética e chocante deles com o Papa, na Praça de S. Pedro, à luz dos acontecimentos presentes.
O Correio da Manhã transcreve, na sua edição de hoje, os seguintes comentários produzidos por alguns habitantes de Rothley, localidade inglesa onde vivem actualmente os McCann:
"Caroline não acredita nem deixa de acreditar na morte "horrível" de Maddie, o que a choca são "os privilégios de uma gente acima de qualquer critica". Prioridade de um primeiro-ministro acabado de chegar, "uma imprensa cega, assessores de imagem e honras quase de Estado" em todo o lado. "Não comento suspeitas da polícia portuguesa mas respeito-as, é bem diferente, diz Paul Arche. E Kate e Gerry "são pessoas comuns, tratem-nos como tal e deixem os portugueses trabalhar - que interesse teria a polícia?"
Os ingleses comuns, aqueles a quem a vida não lhes dá privilégios, começam a acordar da hipnose. Por cá também acordámos violentamente para a maldade que o ser humano pode cometer. E essa maldade é tanto maior, quanto mais ela é praticada sob a capa da bondade, do altruísmo e da beneficiência e apoiando-se em causas, essas sim, dignas do maior empenho de todos nós. Tanto em Portugal como no Reino Unido, há gente que se recusa a "acordar" porque a realidade a confirmar-se é de uma violência que ninguém está preparado para enfrentar e preferem voltar a "adormecer".
Aconteça o que acontecer, mesmo que o casal McCann consiga provar a sua inocência, eles não são definitivamente pessoas normais.
Nota: Alguns dos acusados do caso Casa Pia também tentaram empreender manobras do "tipo McCann", mas como em Portugal é tudo feito em cima do joelho não se deram tão bem como a Kate e o Gerry, embora para outros implicados no processo Casa Pia, mas não acusados, as manobras surtiram efeito.

7 de setembro de 2007

Querida RTP

A RTP ontem no Telejornal, emitiu uma reportagem do debate realizado no parlamento, a pedido do PSD, sobre a insegurança que se vem registando no país. O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, foi chamado e quando confrontado com o assalto ontem realizado em Viana do Castelo, a "nossa" RTP mostrou um ministro a dizer que: "estamos serenos, mas não impávidos, e que [ele] estava do lado das forças de segurança".
A RTP, mais uma vez ao serviço do governo, omitiu o que o ministro tinha afirmado ali mesmo no parlamento: "que os assaltantes de Viana do Castelo tinham sido todos capturados".
Como o ministro foi mal informado, a RTP tratou de censurar essas afirmações, por forma a que o ministro Rui Pereira e o governo, não ficassem mal vistos perante os portugueses.
Mas felizmente temos mais estações de televisão. A SIC e a TVI mostraram ontem nos seus jornais das 20.00 horas as afirmações do ministro.
Como a RTP se viu desmascarada, não é que hoje nas notícias do "Bom Dia Portugal" das 7.00 da manhã é transmitida a reportagem na íntegra já com as afirmações do ministro, que tinham sido cortadas na véspera.
Como às 7.00 da manhã a população que está a ver televisão é infinitamente menor do que às 20.00 horas, aí temos o serviço público de televisão a funcionar em pleno a favor do governo.
Será que só o Poviléu é que deu pela tramóia? A Entidade Reguladora para a Comunicação Social está cega e surda?
Se quiserem confirmar, vejam na página da RTP a emissão do Telejornal de ontem (1.ª parte: minutos 16 a 18).

6 de setembro de 2007

Racismo encapotado

O jornal Público, edição impressa de ontem, numa coluna assinada por Isabel Arriaga e Cunha, de Bruxelas, dizia que a "Comissão Europeia sugere que Mugabe não esteja na cimeira com África".
No desenvolvimento da notícia, e segundo a comissária responsável pelas relações externas da União Europeia, Benita Ferrero-Waldner, para que a cimeira Europa-África se realize, em vez de estar presente o presidente do Zimbabué, este país seria representado, por exemplo, pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Cavaco Silva, em visita a Estrasburgo, também afirmou que teria que se arranjar uma forma de ultrapassar o impasse em virtude de a presença de Robert Mugabe em Lisboa não ser bem vista por alguns países da União Europeia, nomeadamente o Reino Unido. A presença do presidente facínora do Zimbabué em Portugal, aparentemente, não causa quaisquer problemas aos nossos governantes nacionais. O problema são os outros que se recusam a vir a Lisboa sentar-se à mesma mesma com esse criminoso. Portugal, não se opõe a conviver com esse tipo de gente. Há muito que estamos habituados a isso.
Mas para quem nao saiba o que se passa verdadeiramente no Zimbabué, e se guie unicamente através das notícias dos jornais nacionais fica com uma visão racista do problema. Já o Daniel Oliveira no Expresso foi por esse caminho.
A jornalista do Público termina a notícia com esta tirada de bom jornalismo:
"O impasse sobre a participação do Zimbabué impede há vários anos a realização da cimeira, para grande frustração dos sucessivos governos portugueses. [...] o Governo britânico recusa sentar-se à mesma mesa que Mugabe, acusado de graves violações dos direitos humanos, sobretudo contra cidadãos britânicos residentes no país."
Isto é mentira da mais reles que alguém, sendo jornalista, poderia alguma vez dizer. Que o Reino Unido se recusasse vir à presença de Robert Mugabe a Lisboa, com base exclusivamente nos crimes perpetrados contra os seus cidadãos no Zimbabué, é uma opção política, que embora seja de aplaudir - assim outros governos defendessem os seus cidadãos residentes noutros países - é redutora. Os crimes de Mugabe contra cidadãos britânicos residentes no Zimbabué constituem uma ínfima parte. A grande maioria dos crimes, e os mais horríveis, são cometidos contra os zimbabuanos de raça negra.
Há uma intoxicação daqueles que se dizem não racistas para fazer crer que o Reino Unido só não quer vir a Lisboa porque há brancos atingidos pelas atrocidades de Mugabe.
Então e aqueles que não são do Reino Unido, que não têm interesses no Zimbabué, que são negros e também desejam que Mugabe não venha a Lisboa, movimentam-se porquê?
Quem lê a notícia do Público fica com a ideia que Robert Mugabe tem praticado crimes é contra britânicos, ou seja contra brancos, e que a população negra está óptima e recomenda-se.
Sim, a isto eu chamo: "jornalismo de sarjeta".

4 de setembro de 2007

Portugal simplex

O governo de José Sócrates quer que os cidadãos não se furtem às suas obrigações para com o Estado e a sociedade. E vai daí, lançou mão de uma série de legislação por forma a que todos nós sejamos controlados, fiscalizados, sujeitos a cruzamentos de todos os actos administrativos, etc., etc.
Não pondo em causa a inevitabilidade de algumas medidas, pois estávamos a caminhar alegremente para o abismo e o descalabro, acabou por "pagar o justo, pelo pecador". Os excessos pagam-se sempre caro e os que já cumpriam acabam sempre por ser aqueles que pagam a dobrar.
Este desabafo vem a propósito de: se por um lado o governo quer ter mão no cidadão comum, por outro lado assiste-se a que, o mesmo governo não investe o que deveria para o país se proteger da grande criminalidade e não servir de santuário e refúgio para se cometerem crimes, que têm como último objectivo lançar ataques terrorristas noutros países: veja-se o caso da ETA em relação a Espanha e a Frente de Libertação Nacional da Córsega em relação a França.
Pergunta-se: será que o governo já se questionou por que motivo estas organizações terrorristas escolhem Portugal, e não outro país, para estas acções criminosas? Deveria preocupar-se seriamente, é que está em causa, para além da imagem externa do país, numa época em que se vive de imagens e de sound bytes, a credibilidade da justiça e dos serviços de informação e segurança de Portugal.
O nosso atavismo secular foi, e é, o de nos preocuparmos sempre com o telhado sem atendermos às fundações. Não há edifício que resista.

28 de agosto de 2007

R(ui) T(odo) P(ereira)

A pública RTP e o seu principal serviço noticioso, o Telejornal do canal 1, continua a prestar vassalagem e a servir os propósitos do governo. Hoje, o escolhido foi o último a entrar para o elenco, Rui Pereira, o tal que mal aqueceu o lugar no Tribunal Consitucional. Segundo a RTP, o ministro da administração interna, foi hoje ao parlamento  com o objevtivo de responder, a pedido do CDS/PP, com carácter de urgência, por que motivo os helicópteros russos adquiridos em 2006 so poderão entrar em acção em 2008?

No Telejornal  vimos apenas o ministro a falar na comissão parlamentar, mas numa imagem fugaz observámos que na sala também estavam os deputados, como é lógico. Pois bem, nem uma, uma, pergunta a RTP pôs no ar da interpelação que os deputados, quer do partido requerente, quer dos restantes, fizeram ao ministro. A reportagem dava a ideia que o ministro foi ali puxar as orelhas aos deputados. Pela opção editorial da RTP, as justificações do ministro é que são válidas. As perguntas do deputados são folclore a que o povo deve ser poupado.

Até ao fim

George Bush a cada dia que passa convence-nos mais que deve ser, se não é mesmo, o pior presidente que alguma vez os Estados Unidos tiveram ao longo da sua história.

E pior, não só porque nos enganou e metiu a todos. Eu fui dos parvos que acreditei naquele circo montado nas Nações Unidas, em power-point, que depois foi aproveitado muito por cá, o estilo entenda-se, em que quiseram "demonstrar" que o Iraque detinha armas de destruição massivas. Dizia eu que, normalmente as pessoas normais quando erram clamorosamente têm tendência a corrigir a trajectória, sob pena de serem consideradas portadoras de graves distúrbios mentais.

George Bush é um desses casos patológicos, os erros sucedem-se, avolumam-se e o homem pensa a cada dia que passa que ele é que está certo e o mundo é que está errado. Naquela cabeça o mundo não o merece. Ele considera-se "grande" demais para este mundo  e este tempo.

As nomeações que fez para a sua administração foram quase todas escolhidas por amiguismo e paga de favores. Desde que os democratas venceram as eleições para a Câmara dos Representantes, seis dos seus membros já abandonaram o barco.

O último viu-se obrigado a abandonar hoje, ou antes, a comunicar que vai abandonar o barco no próximo dia 17 de Setembro. Alberto Gonzales, secretário de estado da Justiça, que nos Estados Unidos exerce também as funções de procurador-geral, andava a ser investigado por possíveis crimes fiscais entre outros actos altamente suspeitos e abjectos.

As contradições foram muitas, as suspeitas foram-se avolumando após as várias audições a que foi sujeito. Tanto assim é, que até  os republicanos começaram a suspirar para que ele abandonasse o cargo ou fosse demitido.

Mas demitido por George Bush, nunca. Alberto Gonzales deve todos os seus cargos públicos a Bush, desde assessor judicial do então governador do Texas, secretário de estado e depois membro da Corte Suprema desse  mesmo estado, para rematar no cargo de assessor judicial da Casa Branca e finalmente secretário de estado da Justiça.

Bush aguentou-o o mais que pôde em funções. Alberto Gonzales pertence ao núcleo daquelas personagens sinistras que gosta de bajular o chefe, e procura sempre ser mais papista que o Papa. Por cá estão muito em voga, também

Esteve envolvido em várias decisões altamente controversas, mas aquela que mais repulsa causa é uma das primeiras, assim que chega à Casa Branca: incentivou George Bush a não cumprir, e fazer cumprir, as leis contra a tortura e os tratados internacionais que protegem os prisioneiros de guerra, o que segundo os seus críticos proporcionou abusos como os cometidos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.

Rahm Emanuel, representante democrata, afirmou que: "Alberto Gonzales é o primeiro secretário de estado da Justiça que pensou que a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade eram três coisas diferentes".

Na hora da despedida, Bush só teve palavras elogiosas, tais como "honesto" e "honrado".

A vergonha é um sentimento que, de forma assustadora, vai rareando no mundo, também por cá, e que os dirigentes que nos governam fazem questão de demonstrar, para vergonha de quem ainda a tem.

 

Fontes

http://www.chron.com/disp/story.mpl/sp/us/5086971.html

http://apnews.myway.com/article/20070827/D8R9FHVO0.html

27 de agosto de 2007

Cuidado com a grua

A "Somague" já chegou a Bruxelas. Durão Barroso já deve estar arrependido de ter aceitado o cargo. Os salpicos chegam de onde menos se espera. Ainda se ele estivesse por cá, o "arquive-se" era garantido.
Agora lá por Bruxelas... nunca se sabe. Pode ser ser que seja só chuvisco: há-de ele pensar. Pode. Não pode. Aguardemos para ver se todos aprenderam pela mesma cartilha, ou se há alguém que leve a leitura até ao fim.

Podre, mais podre... não há

Menezes admite recorrer ao Tribunal Constitucional contra "folhetim das quotas" do PSD, afirmou Ribaus Esteves, porta-voz da candidatura de Filipe Menezes, ainda que isso "seria um atestado de incompetência para o partido".
Recorra, ou não recorra, o PSD está de rastos, a incompetência está à vista de todos e o resto da oposição vai pelo mesmo caminho. Então se recorrer para o Tribunal Constitucional, sujeita-se a que lhe saia mais uma "Somague". O PS enquanto estrutura política não está melhor. Tem uma vantagem, a principal: está no Poder.
Sócrates e os seus émulos acham isto tudo um mimo. Eles acham que não mereciam tanto.

25 de agosto de 2007

Colinhos

É sempre a aviar

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Sai uma "Somague" para o PSD, um "Jogo do Bicho" para o PS, uns "Submarinos" para o CDS/PP.


Portugal continua cantando e :-) :-) :-).

Eduardo Prado Coelho (1944-2007)

Eduardo Prado Coelho morreu, hoje. A sua morte já se fazia adivinhar e, no entanto nunca estamos verdadeiramente preparados para a interiorizar.

Não conhecia Eduardo Prado Coelho pessoalmente. Limitava-me a conhecê-lo pelos seus escritos, que dizem: diz muito mais sobre uma pessoa, do que as conversas de ocasião num qualquer lugar.

No entanto sei de uma história que caracteriza a grandeza, a humildade e sobretudo o democrata que foi o ensaísta e o comunicador.

Conheço um indivíduo nas casa dos 50 anos de idade, esquizofrénico, mas de uma inteligência superior, como quase todos, que em tempos ao ler um texto de Eduardo Prado Coelho num jornal, resolveu escrever-lhe contestando a visão que ele expunha e ao mesmo tempo expôr os seus pontos de vista.

Eduardo Prado Coelho ficou tão agradado pela escrita deste meu conhecido, que empreenderam uma troca de cartas em que ambos travaram "lutas encarniçadas" sobre as diferentes correntes filosóficas.

Esta troca de correspondência durou algum tempo, mas o indivíduo num dos seus ataques resolveu queimar as cartas que Eduardo Prado Coelho lhe escreveu.

Tenho a certeza que no espólio do escritor as cartas deste meu conhecido lá estarão. Chama-se José.

Descrédito

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Está instalada a desconfinça na opinião pública britânica sobre os métodos e acções empregues pela Polícia Judiciária na resolução do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann, devido à intoxicação que os media britânicos têm feito.


Em Portugal, passa-se o mesmo: os media nacionais também tudo têm feito para que a população neste momento desconfie de tudo o que os britânicos estejam a fazer tendente a resolver este "misterioso" desaparecimento. Agora são os resultados das análises enviadas para a Inglaterra que não há meio de chegarem à PJ.


A "informação" e "contra-informação" é tanta, ou muito me engano, quando o caso for dado como encerrado, as conclusões não vão ser totalmente aceites de um lado ou de outro. Nessa altura vai ser utilizada toda a artilharia pesada que esteja à mão para se acusarem uns aos outros. Veremos.



P.S. Por que é que a PJ não enviou o material recolhido para análise para um laboratório de um país neutral, em relação ao caso, e aceite por ambas as polícias? Isto cheira-me que já tem mais de política que de investigação criminal pura e dura.

Avisos sábios

Andou o país a fazer chacota das palavras de Almeida Santos, a propósito de ele ter dito que o futuro aeroporto de Lisboa deveria ser na margem Norte, pois havia o perigo de um atentado terrorista fazer explodir as pontes que ligam as duas margens do Tejo, e o país ficaria "desligado" (sic).

Pois então não é que o homem sabia do que falava. Ainda dizem que a idade não traz sabedoria. Ontem a ETA fez explodir em Espanha um carro com matrícula portuguesa, alugado em Portugal.

Segundo as autoridades espanholas tudo parece indicar que o grupo terrorista basco tenha algum de tipo de infraestruturas em Portugal.

Caso RTP

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A Deliberação 1/IND/2007, de 14 de Agosto, do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), diz que como foram aventadas possíveis pressões governamentais, nomedamente junto da TVI e da RTP, tidas como de "acção preventiva" para impedir que as estações televisivas divulgassem o caso do percurso académico do Primeiro-Ministro,  a ERC entendeu que deveria ouvir José Eduardo Moniz, director de informação da TVI, e Luís Marinho, director de informação da RTP.


A estação de televisão pública, RTP, demorou 14 dias a divulgar a primeira notícia acerca do caso, no dia 4 de Abril de 2007, quando o jornal Público, o primeiro órgão de comunicação tradicional a trazer a público a notícia, o tinha feito no dia 22 de Março de 2007. A TVI também demorou os mesmos 14 dias e tal como a RTP, também só trouxe à antena o caso no dia 4 de Abril de 2007.


José Eduardo Moniz ao ser indagado, pela ERC, no dia 24 de Abril passado, por que é que a TVI demorou 14 dias a divulgar um caso que já era do domínio público, disse que estavam a acompanhar e a investigar o assunto e logo que tivessem informação, iriam dá-la: "É que eu não quero que a TVI seja apenas caixa de ressonância daquilo que é publicado noutros sítios. Nós temos obrigação de averiguar se as coisas correspondem à verdade, ou não."


Como a TVI nunca se queixou de pressões vindas do governo de José Sócrates, e a estação é privada, a ERC diz que: uma vez que a sua acção cinge-se a "obstar a pressões que possam ser exercidas, sobre um operador privado, em moldes por este considerado ilegítimos, em nome da liberdade de informação que lhe deve assistir", impediu que se conseguissem provar quaisquer pressões vindas do governo.


O caso da RTP é que levanta mais preocupações e suspeições, não só por ser a estação pública de televisão, mas pela confrontação das declarações do seu director de informação à ERC, Luís Marinho, no dia 24 de Abril passado, com procedimentos em relação a casos mais recentes pela mesma RTP, com o mesmo director de informação em funções.


Diz o Conselho Regulador da ERC que lhe "cabe [...] zelar - [por iniciativa própria ou compelido por terceiros] - pela salvaguarda da independência de um órgão do sector público (mais atreito, por isso, a interferência do poder político), tendo em vista a observância dos especiais deveres de pluralismo e isenção informativa que sobre ele recaem."


Luís Marinho afirmou ao Conselho Regulador que "a única dúvida que surgiu na altura [depois da notícia do Público] foi se era uma história exclusivamente do domínio privado, ou se era uma história com relevância política", sublinhando que a RTP segue os seus próprios critérios editoriais, não tendo que seguir a agenda informativa de outros órgãos de comunicação. "O que decidimos na altura foi fazer a nossa própria investigação em relação a essa história. Não temos nenhuma desconfiança em relação ao Público, mas entendemos que seriam os nossos jornalistas que deveriam pegar na história. E assim se fez". Daí, segundo Luís Marinho, a RTP só divulgar o caso a 4 de Abril de 2007.


Quanto à entrevista que o Primeiro-Ministro deu à RTP no dia 11 de Abril passado, o director de informação disse à ERC que o pedido para a entrevista foi enviado para o gabinete de José Sócrates antes da publicação do caso pelo Público, e foi o gabinete que impôs que a haver entrevista era nessa data e não noutra. Luís Marinho aceitou.


O Conselho Regulador da ERC após as explicações da RTP delibera que não descortinou ingerências do poder político, censuráveis, junto da estação pública de televisão.


À luz das afirmações junto da ERC, acima reproduzidas, de Luís Marinho, director de informação da RTP, e comparando o diferente tratamento dispensado pela RTP aos casos da licenciatura do Primeiro-Ministro e do plágio que Luís Filipe Menezes fez de textos publicados no seu blogue, somos obrigados a concluir que:


1. Enquanto foram precisos 14 dias para a RTP decidir que a notícia do Público sobre a licenciatura do Primeiro-Ministro não "era uma história exclusivamente do domínio privado", mas também "uma história com relevância política", bastaram menos de 24 horas para no passado dia 22 de Agosto, a mesma RTP e o mesmo director de informação terem decidido que a notícia publicada no Público, nesse mesmo dia, sobre o plágio que Luís Filipe Menezes fez dos textos publicados no seu blogue, constituía não uma história exclusivamente do domínio privado, mas também uma história com relevância política.


2. No caso da licenciatura, o director de informação da RTP diz que a "empresa decidiu fazer a sua própria investigação", frisando que "não existia nenhuma desconfiança em relação ao Público, mas que deveriam ser os jornalistas da RTP a pegar na história". No caso do plágio, a RTP decidiu em apenas poucas horas que não necessitava de realizar qualquer investigação própria e que a confiança em relação à notícia do plágio veiculada pelo Público era cega, logo os jornalistas da RTP não necessitavam de pegar na história, bastava "plagiar" os jornalistas do jornal.


Será que foi só o Poviléu que notou esta flagrante contradição por parte da RTP ou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social também?



Notas


1. Audições na ERC (2007)


Expresso


Nuno Saraiva, jornalista - 12 de Abril



SIC Notícias


Ricardo Costa, director - 12 de Abril



Público


Ricardo Dias Felner, jornalista - 12 de Abril


José Manuel Fernandes, director - 12 de Abril



Rádio Renascença


Francisco Sarsfield Cabral, director de informação - 12 de Abril


Raquel Abecassis, subdirectora de informação - 3 de Maio



RTP


Luís Marinho, director de informação - 24 de Abril



TVI


José Eduardo Moniz, director de informação - 24 de Abril



Governo


David Damião, assessor de imprensa do Primeiro-Ministro - 19 de Abril


Luís Bernardo, assessor de imprensa do Primeiro-Ministro - 24 de Abril


José Sócrates, Primeiro-Ministro - 26 de Junho (depoimento por escrito)



2. O Poviléu dá por terminada a análise à Deliberação 1/IND/2007 da ERC. Caso se justifique poderá voltar a escrever mais algum texto.



3. O negrito e sublinhados do texto são da responsabilidade do Poviléu



Fontes


Deliberação 1/IND/2007 do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre "A independência dos órgãos de comunicação social à luz do artigo «Impulso irresistível de controlar», da autoria de Nuno Saraiva, publicado no jornal Expresso, de 31 de Março de 2007" (Lisboa, 14 de Agosto de 2007)

24 de agosto de 2007

"Licenciado, talvez... Engenheiro, não!"

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O caso "Rádio Renascença", descrito pela Deliberação 1/IND/2007, de 14 de Agosto, do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), é talvez aquele em que é mais vísivel a intervenção do poder político em termos de censura objectiva e de limitação e condicionamento da liberdade de expressão à posteriori, ou seja, já depois de ter sido emitido o bloco noticioso da RR, este é amputado.


Segundo a reportagem do Expresso, que está na génese desta deliberação, houve "telefonemas para a Rádio Renascença (RR) e seu director de informação, a propósito de uma referência irónica na apresentação da notícia pelo pivot do jornal, que entretanto deixou de ser feita".


A Rádio Renascença divulga a notícia do Público, no mesmo dia que é publicada (22 de Março de 2007), nos "blocos informativos das 8h00 e 9h00, como nos boletins intercalares das 8h30 e 9h30. A versão inicial da notícia difundida [pela RR] rematava com um comentário do pivot do noticiário: "Licenciado, talvez... Engenheiro, não!", acrescentando que esta é "uma conclusão a que chega o jornal Público sobre o verdadeiro título académico de José Sócrates"".


David Damião, assessor de imprensa do Primeiro-Ministro ao ouvir a notícia na RR, contacta telefonicamente a subdirectora de informação da estação radiofónica, Raquel Abecassis, "muito exaltado", porque não bastava estarem a divulgar a peça do jornal Público, "mas sobretudo, [pela forma como] o jornalista rematava a notícia" e protesta considerando que a frase ["Licenciado, talvez... Engenheiro, não1"] era "abusiva", uma vez que o Público não concluía isso e portanto, tratava-se de um comentário "completamente fora do propósito da notícia".


Raquel Abecassis retorquiu que iria inteirar-se do caso e, se existisse "uma interpretação abusiva", a frase em causa seria retirada, mas só a frase, não a notícia toda. Ao aperceber-se em seguida que se tratava de "um remate interpretativo em relação ao conteúdo daquilo que vinha no jornal Público", decidiu em conjunto com o editor retirar a frase". O resto da notícia fez o seu caminho até às 9h30, mas a frase só foi difundida uma única vez no bloco informativo das 8h00. A eficácia da retirada da frase foi exercida em menos de 30 minutos!!


Depois da retirada da frase, os contactos de David Damião prosseguem, desta feita para Franscisco Sarsfield Cabral, director de informação da RR, continunado a argumentar que a frase era atentatória do bom nome do Primeiro-Ministro, que aquilo era "difamação" que era "uma coisa horrorosa", "inadmissível", "uma campanha", "uma cabala", "uma calúnia", que "ofende o Primeiro-Ministro, e "uma coisa criada nos blogues". É então que Francisco Sarsfield Cabral se começa a aperceber, até pelo tom exaltado das palavras do assessor do Primeiro-Ministro, que este deseja é que a RR retire toda a notícia do ar, até porque a frase em litígio já tinha sido retirada aquando destes contactos telefónicos.


David Damião, o assessor do Primeiro-Ministro, diz que não pretendeu a retirada da notícia, que era só a frase "Licenciado, talvez... Engenheiro, não!". O director de informação da RR disse à ERC que David Damião ameaçou com processos em tribunais, caso a frase não fosse retirada.


A frase foi retirada, segundo Francisco Sarsfield Cabral disse na audição à ERC, por ser "um bocadinho acintosa".


O Conselho Regulador da ERC delibera que "os factos [...] não mostram que tenha sido afectada, por essa via, a autonomia redactorial da Rádio Renascença".


Luís Gonçalves da Silva, membro do mesmo Conselho Regulador da ERC, diz que se verificou, precisamente, o oposto.


Pergunta-se:

1. Por que é que o jornalista da Rádio Renascença, cujo nome nunca é mencionado na deliberação, e que proferiu a referida frase: "Licenciado, talvez... Engenheiro, não!", não foi chamado pela ERC para ser ouvido, e explicar em que contexto e qual foi a intenção ao ter dito aquela frase?

2. A ironia e a acintosidade também não são uma forma de humor, dependendo do contexto e do tom empregues? O humor não faz parte da liberdade de expressão? Será que o Poder, acha que o povo é estúpido e não sabe distinguir o que são factos reais e o que é humor?

3. Será que por pensar isso mesmo: que o povo só sabe distinguir o que é humor em espaços comunicacionais identificados como tal, é que a jornalista Manuela Moura Guedes foi saneada de apresentar o Jornal Nacional da TVI, uma vez que também ela produzia, constantemente, comentários irónicos e acintosos no final das peças jornalísticas? Se foi, o jornalista José Rodrigues do Santos que se ponha em guarda, pode-lhe acontecer o mesmo, pois ele de vez em quando também profere comentários irónicos a algumas notícias do Telejornal da RTP1.


(continua)


Nota: O negrito e sublinhados do texto são da responsabilidade do Poviléu

Fontes: Deliberação 1/IND/2007 do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre "A independência dos órgãos de comunicação social à luz do artigo «Impulso irresistível de controlar», da autoria de Nuno Saraiva, publicado no jornal Expresso, de 31 de Março de 2007" (Lisboa, 14 de Agosto de 2007)

Caso "Público"

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O Público, em 22 de Março de 2007, foi o primeiro órgão de comunicação social a abordar a questão da licenciatura do Primeiro-Ministro, José Sócrates, o que levou à tomada de acções e reacções por parte dele próprio, Primeiro-Ministro enquanto tal, e do seu gabinete, nos dias que antecederam a publicação da peça jornalística, da autoria de Ricardo Dias Felner.

O Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) chamou os inervenientes para audições presenciais, excepto o Primeiro-Ministro que depôs por escrito aos pedidos da ERC, "na expectativa do cabal reconstituição dos factos ocorridos".

No entanto a ERC diz que "o resultado das diligências empreendidas, por força das contradições detectáveis entre os diversos depoimentos que [...] pôde recolher [...] não consentem à Entidade Reguladora a formulação de um juízo cognitivo suficientemente balizado para a produção de conclusões".

Aos pontos a seguir descritos, a ERC chama "contradições", a sabedoria popular diz que "alguém está a mentir". Ora vejamos:

 

  • O jornalista Ricardo Dias Felner do Público diz que após o primeiro telefonema, que foi da sua autoria, os subsequentes partiram do Primeiro-Ministro.
  • O Primeiro-Ministro afirma que esses telefonemas subsequentes "tiveram lugar na sequência de iniciativas dos citados [o jornalista encarregado da notícia, Ricardo Dias Felner, e o director do Público, José Manuel Fernandes].

 

  • O Primeiro-Ministro refere que os contactos se "destinam a dar respostas a questões colocadas pelo jornalista e relativas a aspectos do trajecto pessoal [dele próprio], ocorridos há mais de dez anos, e no contexto da sua formação académica". Luís Bernardo, assessor de imprensa do Primeiro-Ministro confirmou que "até à publicação do primeiro trabalho [do Público], a postura do Gabinete foi sempre de esclarecimento".
  • O jornalista do Público não vê os acontecimentos da mesma forma: "quando o Primeiro-Ministro diz que estes boatos [do seu percurso académico] andam no bas-fond e sugere que [o próprio Ricardo Dias Felner] anda no bas-fond ou nesses meios", existe, a seu ver, uma "clara intenção de intimidação". Apesar de considerar que "é sempre difícil avaliar o que é que é uma irritação espontânea do que é um registo calculado para intimidar outra pessoa", percebeu estes acontecimentos como uma tentativa de pressão, como uma tentativa de "intimidar", "sobretudo nos primeiros telefonemas" em que foi utilizado um "tom intimidatório", admitindo que o objectivo fosse "travar a investigação" e "fazer com que a notícia não saísse". Embora não se tenha verificado esse resultado relativamente ao próprio, o jornalista do Público não tem dúvidas em afirmar que "esse tipo de registo intimidatório" "leva a que notícias não sejam publicadas".

 

  • O Primeiro-Ministro garantiu à ERC que "não foram dadas quaisquer orientações no sentido de, a determinados órgãos de comunicação social, serem impostas restrições em matéria de acesso à informação, em conformidade com o que a lei estabelece, e por parte quer do Gabinete do Primeiro-Ministro, quer de outros membros do Governo" e que "a Constituição, as leis da Imprensa, da Rádio e da Televisão e o Estatuto do Jornalista são referências que o Governo segue, na sua relação com os meios de comunicação social. Sem qualquer discriminação de quaisquer destes", uma vez que "valoriza sistematicamente a comunicação pública acessível a todos".
     
  • O jornalista, Ricardo Dias Felner, destacou à ERC o facto de por várias vezes "o Gabinete do Primeiro-Ministro fazer depender a circulação e distribuição de notícias pelos órgãos de comunicação social consoante tratem bem ou mal o Primeiro-Ministro", apontando o exemplo concreto de uma situação [que a ERC nesta deliberação não diz qual é] que terá ocorrido com o Público.
     

Para a ERC estas "contradições", entre o jornalista do Público, por um lado, e o Primeiro-Ministro e o seu gabinete, por outro, não provam que José Sócrates, enquanto Primeiro-Ministro e o seu gabinete tenham praticado actos condicionadores do exercício da actividade jornalística.

Luís Gonçalves da Silva, da ERC, diz que sim.

 

(continua)
 

Nota: O negrito do texto é da responsabilidade do Poviléu

Fontes: Deliberação 1/IND/2007 do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre "A independência dos órgãos de comunicação social à luz do artigo «Impulso irresistível de controlar», da autoria de Nuno Saraiva, publicado no jornal Expresso, de 31 de Março de 2007" (Lisboa, 14 de Agosto de 2007)

23 de agosto de 2007

"Contradições", segundo a ERC

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A Deliberação 1/IND/2007, de 14 de Agosto, do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre "A independência dos órgãos de comunicação social à luz do artigo "Impulso irresistível de controlar", da autoria de Nuno Saraiva, publicado no jornal Expresso, de 31 de Março de 2007", é um documento que deveria passar a constar de todos os cursos de Jornalismo e Comunicação, assim como deveria ser de leitura obrigatória para todos aqueles que se dedicam à política, ou que pensam vir a fazê-lo no futuro.


Pelo que se encontra elencado, pela forma, pela ordem e o tempo que medearam as audições, por aquilo que afirmaram em diversas ocasiões, no espaço e no tempo, os vários intervenientes e finalmente pelas conclusões extraídas pela maioria do Conselho Regulador da ERC e da declaração de voto do membro que votou vencido do mesmo Conselho, esta deliberação é um "monumento" a que todos os portugueses deviam ter acesso e ver debatido nos media tradicionais, o que até agora ainda não aconteceu e, dúvido que isso alguma vez venha a acontecer.


A classe jornalística deveria proceder a uma grande reflexão interna sob pena de ir perdendo cada vez mais a sua credibilidade junto da opinião pública.


Quando o Poder pretende limitar a liberdade de expressão e o direito de informar e de se informar, e os jornalistas, ou alguns deles, se põem a jeito, ou porque aceitam passivamente a manipulação de que são alvo, ou querendo denunciar não o podem fazer com receio de perder o emprego, de serem "emprateleirados", ou do temor reverencial, a Democracia desmorona-se como um baralho de cartas.


Passemos a analisar a Deliberação 1/IND/2007 do Conselho Regulador da ERC.


O artigo do jornal Expresso, que motivou o processo de averiguações da ERC, surge na sequência das acções empreendidas pelos assessores de imprensa do gabinete do Primeiro-Ministro, motivadas pelas dúvidas e interrogações que alguns órgãos de comunicação social colocaram em relação ao processo de licenciatura do Primeiro-Ministro, José Sócrates.


Já estávamos habituados a que volta e meia os órgãos de comunicação social do Estado fossem acusados de condicionamento e ingerência por parte do poder político, mas neste caso concreto estamos em presença de um volte-face quantitativo e qualitativo: os órgãos de informação do Estado já não chegam para saciar a fome de controlo e condicionamento do poder político, há que colocar os órgãos de comunicação social do sector privado dentro do redil.


"O Conselho Regulador da ERC [...] procedeu à audição dos protagonistas dos episódios trazidos a público no relato do Expresso, a fim de obter, com os meios de indagação ao seu alcance, o retrato mais claro possível das situações ocorridas."


Segundo o próprio Conselho Regulador, esta deliberação não visa em primeiro lugar o apuramento da chamada "verdade material", dos factos, porque isso só está "ao alcance dos tribunais e das comissões parlamentares de inquérito", mas sim "a reunião de indícios suficientes para a formação de um juízo de convicção sobre a realidade controvertida".


E após essa reunião de indícios suficientes, o Conselho Regulador da ERC delibera que não existem elementos probatórios no processo que revelem a prática por parte do Primeiro-Ministro e dos membros do seu gabinete de actos condicionadores do exercício da actividade jornalística.


Esta deliberação é votada favoravelmente por três, dos quatro, elementos que compõem o Conselho Regulador, a saber: José Alberto de Azeredo Lopes, Elísio Cabral de Oliveira e Rui Assis Ferreira. Luís Gonçalves da Silva, o outro elemento que compõe o Conselho Regulador, vota contra a deliberação, com declaração de voto anexa.


A sua declaração de voto contradiz a deliberação relativamente aos factos ocorridos com o jornal Público e com a Rádio Renascença.


Como os casos Público e Rádio Renascença estão no pomo da discórdia entre os membros do Conselho Regulador da ERC, vamos debruçar-nos sobre os mesmos.


(continua)



Nota: O negrito do texto é da responsabilidade do Poviléu


Fontes: Deliberação 1/IND/2007 do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre "A independência dos órgãos de comunicação social à luz do artigo «Impulso irresistível de controlar», da autoria de Nuno Saraiva, publicado no jornal Expresso, de 31 de Março de 2007" (Lisboa, 14 de Agosto de 2007)

A importância de se chamar Sócrates

O jornal Público dá à estampa o imbróglio, relacionado com a licenciatura de José Sócrates, no dia 22 de Março passado, numa peça jornalística intitulada: “Há falhas no dossier da licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente" . Passados 14 dias, a 4 de Abril, a pública RTP dá pela primeira voz ao caso divulgado pelo Público (1) .

O jornal Público deu à estampa o plágio, praticado por Luís Filipe Menezes em artigos do seu blogue, ontem, dia 22 de Agosto, numa peça jornalística intitulada: "Menezes: plágio de textos da Wikipédia é 'um lapso'". Passadas poucas horas, a pública RTP dá pela primeira vez voz ao caso divulgado pelo Público.

 

(1) Deliberação 1/IND/2007 do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre "A independência dos órgãos de comunicação social à luz do artigo «Impulso irresistível de controlar», da autoria de Nuno Saraiva, publicado no jornal Expresso, de 31 de Março de 2007" (Lisboa, 14 de Agosto de 2007)

22 de agosto de 2007

Ó da guarda!

Há cerca de dois meses um agricultor, da região da lezíria do Carregado, atingiu mortalmente a tiro um indivíduo por este ter ido "tirar" um melão ao seu meloal. O agricultor justificou-se dizendo que já andava desesperado por ser constantemente roubado. Outros agricultores vizinhos corroboraram as afirmações do seu colega, e ao mesmo tempo disseram que eles próprios também eram alvo de roubos constantes dentro das suas propriedades agrícolas.

O agricultor foi detido e encontra-se em prisão preventiva, e bem.

Pergunta-se: se o agricultor proprietário do campo de milho transgénico vandalizado em Silves, pelo grupelho eco-anarca "Verde Eufémia", possuísse uma arma consigo e se aquando da invasão e destruição da sua propriedade tivesse atingido mortalmente algum "jovem", "adolescente" - vamos a ver aquilo eram crianças, logo inimputáveis - como teriam agido os agentes da GNR presentes no local?

Hipóteses:

1. Deixavam que o agricultor fosse linchado pelos restantes elementos do grupelho, e só depois, se alguém se queixasse que tinha ocorrido um assassinato, a GNR  iria proceder a investigações?

2. Abatiam imediatamente o agricultor, por forma a que eles próprios, agentes da GNR, não fossem linchados pelos elementos do "Verde Eufémia", por nada terem feito perante a queda de um dos seus?

3. O agricultor era imediatamente detido pela GNR, ao mesmo tempo que a força policial tomava medidas para que a integridade física do agricultor não fosse posta em causa, e dessa forma teríamos o primeiro mártir ambientalista português?

Façam as vossas apostas?

No meio da desastrada actuação da GNR, do governo, e desses mariolas que não sabem o que é  trabalho, houve unicamente uma pessoa que, pela sua actuação e bom senso, deu uma chapada de luva branca à  pretensa autoridade do estado e ao governo, de seu nome:  José Menezes, o agricultor.

"Blogues proibidos", ou nem tanto (II)

O autor do livro "Blogues Proibidos", Pedro Fonseca - e a editora "Centro Atlântico" - tinha a obrigação, e o dever, de indicar de forma legível e sem subterfúgios, as funções reais que lhe couberam para que a referida obra visse a luz do dia. Não o tendo feito, sujeita-se a que sejam produzidos os mais variados juízos, que até poderão ser injustos, mas como não se preveniu, não pode estranhar.

O trabalho de Pedro Fonseca foi o de coligir, seleccionar e anotar os textos que se encontram no livro. Não está em causa o mérito do trabalho desenvolvido, pelo contrário. Os melhores textos literários da Humanidade só se tornaram grandes, graças ao trabalho similar àquele que Pedro Fonseca levou a cabo. Com uma diferença: a autoria desses textos originais está sempre bem identificada nos livros, assim como o trabalho posterior de selecção, notas, fixação, etc, etc., conforme os casos, realizado por outras pessoas, e nunca esquecendo de salvaguardar o que preconiza o Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos.

Pelas reacções de alguns dos autores dos textos dos blogues transcritos, alguns identificados, outros não, somos levados a crer que o código supracitado não foi cumprido.

A verdadeira responsabilidade de Pedro Fonseca na realização do livro, deveria estar indicada de forma visível e legível na capa, e principalmente na folha de rosto. A indicação, ainda que não explicitamente, na "Introdução" não desculpa o não se ter procedido como mandam as boas regras legais e de tratamento bibliográfico.

Os autores principais do "Blogues Proibidos" são todos os autores das transcrições, identificados ou não. Pedro Fonseca é autor também, não há dúvida, mas secundário.

Aliás no tratamento documental do livro, seguindo as Regras Portuguesas de Catalogação, a entrada principal vai para o título, porque estamos em presença de mais de três autores,  e a Pedro Fonseca cabe uma entrada secundária. Porque pese embora o facto de graficamente e intelectualmente isso não estar identificado no livro, os técnicos da área da catalogação seguem as regras.

Acredito, sinceramente, que Pedro Fonseca e a editora não agiram de má fé e com intenção dolosa. É daquelas coisas a que não se dá muita importância ou nem sequer se pensa nisso. Mas há que mudar comportamentos e acções de modo a que se cumpra a Lei.

Por fim, alerta-se para o facto de que a bibliografia e as fontes utilizadas não estão indicadas de forma sistematizada, no fim de cada capítulo ou no final do livro, em página identificada como tal. É uma falta e uma falha, já não legal, mas que mostra pouca consideração pelos visados e principalmente pelos leitores. Não basta solicitar o ISBN e o Número do Depósito Legal.

Hoje, com a proliferação de escritores e de editoras em Portugal, o resultado é, muitas das vezes, o nivelamento por baixo, e é pena relativamente a este livro, até pela temática em causa, que é de grande actualidade.

Tenho a certeza que Pedro Fonseca e a editora, em próximas edições, vão colmatar as deficiências e falhas detectadas. 

21 de agosto de 2007

"Blogues proibidos", ou nem tanto (I)

Com a blogosfera portuguesa em efervescência, devido a essa "preciosa" ajuda de José Sócrates, a quem estaremos, "todos", eternamente gratos, eis que por coincidência em Junho passado, ao mesmo tempo que o país, e o mundo, assistia pela primeira vez, a um autor de um blogue, António Balbino Caldeira, Do Portugal Profundo, ser elevado à condição de arguido na sequência de um processo judicial movido por um Primeiro-Ministro, enquanto tal, por considerar a sua honra atingida, é dado à estampa o livro "Blogues Proibidos" de Pedro Fonseca, editado pela "Centro Atlântico".

Li o livro agora, embora já me tivesse apercebido da polémica que o mesmo tinha causado, aquando da sua publicação, quer nos textos de António Balbino Caldeira, quer pela escrita de João Pedro Graça no seu Apdeites, a que o próprio autor do livro não se furtou no seu blogue, Contra Factos & Argumentos.

Atendendo ao conteúdo do livro, o título "Blogues Proibidos" é infeliz, no mínimo, sensacionalista, no máximo.

Nenhum dos seis blogues analisados foi alguma vez proibido de prosseguir a sua edição. Não houve qualquer setença que determinasse o seu encerramento, ou os seus autores foram alguma vez proibidos de voltar a escrever nos blogues respectivos. Aliás como sabemos a eficácia jurídica, a haver uma tal setença, era praticamente nula, excepto se os blogues estivessem alojados em servidores nacionais.

Quando muito, o autor, que nos diz que o título foi escolhido pelo editor, Libório Manuel Silva, e que por isso se mostra agradecido, deveria ter cuidado ao aprovar tal título, para não induzir em erro os leitores. Se o objectivo é vender bem, porque "o fruto proibido é o mais apetecido", no final fica-se com a sensação de se ter "comido gato por lebre".

No entanto não deixa de ser útil a sua leitura, quer para vários aspectos que se põem à blogosfera, mas não só. Também os direitos de autor deste livro estão na berlinda, embora Pedro Fonseca não estivesse à espera disso.

O texto da obra é quase na sua totalidade "copy/paste", a que Pedro Fonseca não se furta graficamente, o que joga a seu favor. Trata-se de uma opção, como qualquer outra, e desde que a lei esteja a ser cumprida, nada a opor. Por usar e, no meu entender, abusar de transcrições de textos dos blogues em análises, dos meios de comunicação social tradicionais, de setenças judiciais, e de escritos de análise e comentário, leva a que o leitor se perca e, às tantas já não sabe a quem pertence aquilo que está a ler no momento: se ao blogue, se ao autor do livro, se a um meio de comunicação, se ao tribunal, etc.

Como leitor, tive que recorrentemente "recuar" à procura do local onde começavam as aspas, para me aperceber a quem pertenciam os extensos parágrafos transcritos, que chegam a ocupar páginas inteiras.

Se Pedro Fonseca tivesse optado por apresentar o texto em formato cronológico seria mais fácil, e o mais indicado para o fim que se pretendia, quer em termos de leitura, quer em termos autorais e do "seu  a seu dono". Essa tentativa de relatar os acontecimentos de forma cronológica identificada é seguido em relação ao caso "Abrupto", embora com deficiências, mas é único.

Se relativamente a cinco, dos seis, blogues escolhidos por Pedro Fonseca há um fio condutor que lhes é comum: terem mexido de alguma forma com os vários poderes instalados no país a nível político, cultural, judicial e comunicacional, já o blogue "Abrupto" destoa.

Os problemas de pirataria informática de que o "Abrupto" foi alvo, e cujos autores nunca foram identificados, não se prendiam de forma alguma com matérias "sensíveis" que eventualmente Pacheco Pereira estivesse a investigar e/ou divulgar.

Enquanto os atingidos pelos textos dos outros cinco blogues estavam bem identificados, de tal forma que levou estes a reagirem e a virem a público, no caso "Abrupto" ninguém é atingido em particular que se consiga identificar. Se quem lhe pirateou o blogue não gostava de algum dos seus escritos, nunca soubemos, e muito menos se tinha origem no Poder, ou poderes.

Pela foto da capa somos tentados a concluir que o objectivo era silenciar os seis blogues e por consequência os respectivos autores. Essa tentativa de silenciamento é notória nos blogues cujos autores são identificáveis - que não Pacheco Pereira, que nunca, pelos menos que se saiba, foi alvo de qualquer processo judicial - e que não se movimentam nos "corredores" do Poder, ou poderes.

Quanto aos blogues de autoria anónima, as movimentações são para que o autor, ou autores, saiam do anonimato e assumam aquilo que escrevem  e que respondam judicialmente pelos possíveis crimes cometidos, na opinião dos visados.

Nenhum dos blogues anónimos escolhidos por Pedro Fonseca chegou com "vida" aos nossos dias. Porquê? Porque sentiram que o cerco se apertava ao "dizerem-lhes", pelos mais variados meios, que dia menos dia, caso continuassem a desenvolver a sua actividade, seriam identificados e desmascarados. Essas ameaças em crescendo, chegando ao ponto de descreverem várias formas possíveis de os apanhar, fê-los recuar e desistir. Provavelmente, nunca saberemos se o auto-silenciamento foi por receio de retaliações de vária ordem, embora o que escrevessem até pudesse ser verdade, ou simplesmente sabiam que o que escreviam era completamente falso, e logo sem qualquer hipótese de justificação e, como todos os covardes seguiram a máxima: "entradas de leão, saídas de sendeiro".

Pedro Fonseca tenta, embora aqui e ali não consiga, não tomar posição sobre os custos reais e concretos que se abateram em cima dos autores dos blogues identificáveis, pelo uso da liberdade de expressão, não falo em custos em relação aos autores anónimos, porque esses não sofreram nada, quando muito assistiu-se a avisos à navegação futura, potencialmente anónima.

Dos visados identificados pela autoria dos blogues em análise, ou daqueles  cujo trabalho se socorreu e que estão, ou não, identificados no livro, Pedro Fonseca deveria esperar que os mesmos viessem a público dizer de sua justiça, quanto mais não fosse pelo muito que copiou, e, que segundo alguns, não se deu ao trabalho de pedir licença. Foi o que sucedeu.

(continua)

20 de agosto de 2007

Ao trabalho

Poviléu está de regresso. Após uma pausa de uma semana, por motivo de férias, onde não houve lugar a computadores, nem ligação à Internet, mas somente descanso e leitura de jornais, livros de ficção e não-ficção, eis-nos de volta para continuar a analisar o rectângulo e o restante puzzle, que formam o planeta por onde andamos.

Algumas fotos dos recantos por onde vagueei:

 

Serranias (S. Pedro do Sul) 

Roda dos expostos (Mosteiro de Arouca)

Peso da Régua

Procissão Nossa Sra. do Socorro (Peso da Régua)

11 de agosto de 2007

Cuidado com as escadas

Ontem caí pela escada abaixo. Felizmente não parti nada, excepto uns arranhões. Mas, ao fim de quanto tempo, após a queda, se fica assim?


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Complexo colonialista europeu (branco)



Um dos massacres cometido pelo regime de Robert Mugabe


No passado dia 7 de Agosto lancei um desafio ao Daniel Oliveira, na caixa de comentários do seu blogue Arrastão, para ele se pronunciar acerca da provável vinda a Lisboa do ditador Robert Mugabe do Zimbabué, para a realização da cimeira União Europeia-África, em Dezembro próximo, e dos esforços que o governo português está a desenvolver para atingir esse objectivo, e remetia-o para o link do meu post que referia essa matéria.


Daniel Oliveira não respondeu ao meu desafio. Pensava eu que ele tinha preferido ignorar. Mas não. Daniel Oliveira não me respondeu no seu blogue, mas sim hoje, na sua coluna semanal no jornal Expresso, edição impressa.


Refere Daniel Oliveira na sua coluna com o título Indignação Colonial, que: "A vinda de Robert Mugabe a Portugal... está a causar indignação." Não é bem assim. O grau de indignação é fraquíssimo dentro da União Europeia e em Portugal é simplesmente nulo. Daniel Oliveira devia estar a pensar no Reino Unido, onde aí sim, as vozes contra a vinda de Mugabe a Lisboa, são mais audíveis. Provavelmente, o título da coluna, Indignação Colonial pretende referir-se à indignação colonial, não da Europa dos 27, mas sim exclusivamente à do Reino Unido.


Segundo o colunista, Durão Barroso afirmou que a Europa relaciona-se com ditadores de todo o mundo e, que ninguém se mostrou particularmente incomodado com tal declaração. Quem se rege por princípios, e não por oportunismos, é claro que se sente incomodado com essas, e outras, declarações. Mas agora estamos perante um caso concreto e é perante situações reais e concretas que devemos manifestar o nosso repúdio. Daniel Oliveira quer fazer crer-nos que Robert Mugabe é mais um ditador, como todos os demais. Não é. É um assassino, um déspota, que empobreceu o Zimbabué a níveis inimagináveis. A população morre de fome, ou então até carne de cão tem que comer para sobreviver.


Daniel Oliveira tem uma tirada que ofende todos aqueles que não são racistas, que se preocupam com os Direitos Humanos, aqui e em todo o mundo. Diz ele que a reacção de indignação contra Mugabe revela hipocrisia, oportunismo e paternalismo. Acredito que sim, para alguns. Mas como Daniel Oliveira lança as acusações para o ar e não concretiza, está a criticar todos aqueles que não têm mais nenhum interesse do que lutar pela dignidade humana. Diz que há "oportunismo, porque no meio de todos os crimes de Mugabe é os que cometeu contra os brancos que incomodam". Esta afirmação é despudorada e revela que Daniel Oliveira não sabe o que diz. Só na cabeça de um racista há crimes contra brancos e crimes contra pretos. Há crimes. Tão só. Mas se Daniel Oliveira quer ir por aí, então vamos. Todos nós sabemos que os crimes cometidos por Mugabe foram, e são, muitos, até contra a própria vida. Mas todos sabemos que os brancos, alguns, nem todos, tinham meios para sair do Inferno e recomeçar a vida nos países vizinhos, que por acaso, vejam lá, são governados por pretos. Quem sofreu e sofre, maioritariamente, com os crimes de Mugabe é a população negra, que não tem meios, nem recursos para fugir à tirania, à fome, à doença, à tortura e à morte.


Daniel, por fim, brinda-nos com o tão famigerado "complexo colonialista", do branco em relação ao preto, do pai em relação ao filho. Esta posição também não deixa de ser racista. Atente-se: "Paternalismo, porque este episódio só podia acontecer quando está em causa uma reunião com africanos [pretos, quer ele dizer]. Os europeus [brancos, quer ele dizer] mantêm alguns tiques coloniais. Julgam ter um qualquer ascendente moral sobre os africanos. Se quisessem combater a miséria africana teriam alguma ética nos seus negócios. Mas, por favor, poupem-nos aos números dramáticos de pai adoptivo."


Pois é, tem razão, poupe-nos a esta retórica déjà vu, que já deu o que tinha a dar há muitos anos. Quem vai gostar muito da sua ética e dos seus pontos de vista são os zimbabuanos, os africanos (sic) a viver no Zimbabué, e os zimbabuanos, africanos, que viram as suas famílias morrerem e tiveram que fugir para a Europa, o pai adoptivo.


Como o Daniel Oliveira parece que sofre do "complexo colonialista europeu (branco)" aconselho-o a mortificar-se com o cilício. Parece que anda por aí em voga, entre crentes e não crentes, à esquerda e à direita.