31 de maio de 2007

Tudo bons rapazes

José Sócrates em amena cavaqueira, no avião em viagem para a Rússia, com jornalistas


Quem pensasse que o Primeiro-Ministro, depois das alegadas pressões junto de jornalistas, por causa da problemática da sua licenciatura, já não queria intimidades com essa classe profissional, desengane-se.

Vídeo eficiência


O metro de Lisboa afirmou hoje, em comunicado, que: "O responsável ou os responsáveis pela libertação de gás pimenta na estação de metro do Saldanha, em Lisboa, vão ser identificados através do sistema de vídeo vigilância".
Aguardemos então pela eficiência das câmaras de vídeo do Metro de Lisboa, ou se mais uma vez se comprova que a vídeo vigilância em Portugal é só para enfeitar.

O canudo


Os "intelectuais" da nossa praça só passaram a admirar as qualidades do Secretário Geral da CGTP, Carvalho da Silva, a partir do momento em que ele se licenciou. Agora que é doutorando já se imagina as vénias que lhe irão fazer.
Depois admiram-se de o Primeiro-Ministro querer ser licenciado, "à força toda".

Caras de pau

Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional


Secretário de Estado da Admistração Pública




Vergonhoso e patético o aproveitamento político feito pelo governo por a greve geral de ontem ter tido fraca adesão. Que teve fraca adesão foi evidente. Números concretos e verídicos não há, nem por parte dos sindicatos, nem por parte do governo, mas virem os senhores secretários de estado afirmar que a fraca adesão da greve equivale a uma aprovação dos trabalhadores pela política desenvolvida pelo governo, é demagogia da mais asquerosa.
Pergunta-se: se a adesão à greve geral fosse massiva, iria o governo mudar de rumo? Claro que não. Iria dizer mais ou menos isto: " Que apesar da forte adesão à greve, o rumo da política seria para manter, pois foi isso o que os portugueses sufragaram nas últimas eleições legislativas".
O governo ignora olimpicamente que a maioria dos trabalhadores não fez greve porque um dia a menos no salário, faz muita diferença para pagar as dívidas em que estão mergulhados.

30 de maio de 2007

É só rir

Sócrates e comitiva numa corridinha de 30 minutos na Praça Vermelha, em Moscovo

Criminosos na Letónia


Não sei o que tem levado portugueses em turismo na Letónia a praticar crimes nesse país. Já não é a primeira vez que cidadãos nacionais se envolvem em actos criminosos na Letónia. Não sei se pensam que por lá a "coisa" é como cá? Gostaria de saber quantas pessoas foram levadas a julgamento e condenadas, por em Portugal terem ultrajado os símbolos nacionais?
Os vândalos portugueses foram apanhados a destruir bandeiras letãs. Não sei se estariam bêbados, mas estivessem ou não, só têm o que merecem. Os letões, no rescaldo de mais este acto criminoso praticado por portugueses, devem ter uma péssima imagem de Portugal, é que ainda há pouco tempo um pedófilo português foi condenado, e encontra-se a cumprir pena na Letónia, por abusar de crianças daquele país a troco de dinheiro e pequenas prendas.

29 de maio de 2007

Os donos da bola


Os poderes dos "senhores" do futebol podem dar nisto: veja-se esta notícia no Publico (edição em linha, de hoje): "Militar da GNR condenado por deserção a 18 meses de prisão".

A vergonha não se compra: tem-se, ou não


É raro, muito raro mesmo, mas há políticos com vergonha na cara. Por vezes a vergonha é tanta que cometem uma loucura: suicídio. Aconteceu no Japão, com o ministro da Agricultura, que estava a ser alvo de inquérito, devido a um alegado escândalo financeiro no seu ministério. Resta-nos saber se o ministro se suicidou porque a sua consciência de culpa era impoluta, ou se a pressão a que foi submetido e mesmo sabendo que conscientemente não tinha praticado qualquer crime, não se sentiu impotente para contrariar a "onda". O seu nome era Matsuoka Toshikatsu. Há países onde a vergonha ainda fala mais alto. Manias.

27 de maio de 2007

Ele existe: João Silva



Primeiro, no passado dia 26, no jornal Público e, depois, hoje, no seu blogue Abrupto, Pacheco Pereira veio dizer-nos, finalmente, e só por isso estamo-lhe todos agradecidos, quem é esse sr. Silva de que tanto ouvíamos falar, pela boca de políticos, comentadores, analistas e outros que tais, mas que aparentmente ninguém sabia quem era. E já estavámos a exasperar, porque o sr. Silva serve de exemplo para tudo e para nada, e ninguém o conseguia identificar.
Já era sem tempo, porque "Silvas" é o que há mais neste país. Pois bem, esse tal "Silva" tem nome próprio: João. João Silva. Mas ficámos a saber mais: reside no Montijo, tem mulher (funcionária na autarquia local), tem uma filha de 5 anos de idade, e trabalha num dos tribunais do Palácio da Justiça, em Lisboa.
Dito isto, presume-se que João Silva, no Montijo, com estes predicados, só existe um. Caso contrário, Pacheco Pereira acrescentaria mais um nome, próprio ou apelido, e se destes fosse curto, uma alcunha ou diminutivo por certo lhe apontaria. Assim, "João Silva" é de carne e osso, é unico, pelo menos lá para as bandas do Montijo.
E para quem dizia que Pacheco Pereira era um homem cinzento, sem sentido de humor, enganou-se. O humor dele é refinado, rebuscado, nada brejeiro: "João Silva até é um homem moderno, não acabou o seu curso numa universidade privada, mas há-de acabar. Há-de ser advogado, ou melhor, jurista." Mas nós vaticinamos voos mais altos a João Silva: "Há-de ser Primeiro-Ministro".
Montijo é na margem Sul e o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, afirmou que por aqueles lados, aquilo é um bocado desértico, virgem, digamos que "à espera de ser estragado".
Pacheco Pereira diz-nos que João Silva foi morar para o Montijo porque, para além de melhores condições para se adquirir um apartamento, "razões "ecológicas", o Tejo, o campo, etc., etc." foram determinantes. Se assim não fosse, presumimos que o nosso João Silva escolheria fixar-se em Lisboa, ou em sentido lato: na margem Norte, e por aí ficar.
Como se comprova, Mário Lino, estava muito lúcido e demonstrou conhecer muito bem a região.
Os problemas do sr. João Silva começam é quando ele decide deixar a margem Sul e atravessar o Tejo para a outra margem. O trabalho a isso obriga.
A travessia e a sua movimentação na capital é, até regressar ao remanso do seu lar ao fim do dia, o cabo dos trabalhos.
No momento em que João Silva "pisa" a ponte Vasco da Gama, presume-se que se fosse a "25 de Abril" aconteceria o mesmo, começa o calvário: vigiado, espiado, seguido, registado, atormentado, a tudo isto, e o mais que por agora não sabemos, João Silva é submetido. Várias entidades, públicas e privadas, e mesmo indivíduos, alguns em tudo idênticos ao João Silva, prestam-se a essas "tarefas": polícia, Lusoponte, Brisa, Estradas de Portugal, EMEL, Multibanco, cartão de ponto do emprego, colegas de trabalho (superiores e inferiores hierárquicos), Internet (pelo que consulta e escreve), jornais (que lê, ou não). Querem saber tudo, mas mesmo tudo, o que o João Silva faz, ou não. João Silva é um alvo em movimento.
Mas o mais interessante, ou não, é que João Silva não se apercebe do que lhe estão a fazer em toda a sua extensão. Quando lhe chega a multa de trânsito, aí apercebe-se que foi seguido e "catalogado", e que algo ou alguém sabe "coisas" da sua vida. João Silva não se queixa desta perseguição e devassa da sua vida pública e privada. Mesmo se o quisesse fazer, não saberia a quem, ou onde, se dirigir. Se optasse por expressar o que lhe vai na alma por estar a ser alvo desta infâmia, o quadro já de si negro, iria agravar-se ainda mais. Assim, optou por fazer chegar junto de Pacheco Pereira, não sabemos como, a sua história.
João Silva pensou, e bem, que Pacheco Pereira estaria em óptimas condições para denunciar publicamente as provações e humilhações a que tem sido quotidianamente submetido. Se outros, milhões, que ele bem sabia, passavam pelo mesmo, tinham medo de "falar", ele falaria, nem que fosse por interposta pessoa.
Pacheco Pereira, tal como outros, poucos, muito poucos, ainda conseguem fazer-se ouvir e denunciar estas atrocidades, sem que mal algum lhes aconteça. Até quando? Veremos.
Mas João Silva está aterrado, digamos mesmo que, em pânico. Porque um socialista, sim um socialista do PS, como a sua mulher, de "cartão", poder vir a vencer as eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa. Este socialista também tem nome: António Costa.
Um homem tenebroso, talvez o mais tenebroso de todos os que por aí andam. Esse homem é um amante da vídeo vogilância. É o seu passatempo preferido. Aquilo ja é patológico. Não bastavam as câmaras de vídeo nas estradas, agora, imagine-se, se ganhar as eleições, vai mandar colocar essas mesmas câmaras em todas as ruas de Lisboa, e ao que dizem algumas até poderão ser apontadas para os quartos das habitações.
Isto é demais. E João Silva até já amaldiçoou as vezes, poucas é certo, em que votou no Partido Socialista. Não foi para "isto" que votou "neles".
Às câmaras de vídeo vigilância nas ruas de Lisboa, irá juntar-se uma base de dados de perfis de ADN, com dados de pessoas condenadas a penas de prisão iguais ou superiores a três anos. João Silva ainda ouviu dizer que essa base de dados de perfis de ADN só conteria dados de pedófilos condenados, mas ele sabe de antemão como as "coisas" funcionam. Pedofilia é desculpa. Portugal até nem tem pedófilos. Sim, tem alguns indivíduos, estrangeiros sobretudo, que se metem com uns "miúdos". Mas isso é coisa de gente pobre, com pouca educação e cultura. Residual portanto.
O governo quer é enganar-nos. Mesmo que essa dita base de dados fosse para os pedófilos, João Silva já adivinhava quem ia parar à base: arraia miúda. Assim como ele. Os "de cima" não iriam por certo engordar a base. É o costume. Ele até concorda, em tese, com essa base de perfis de ADN para os pedófilos, mas para todos: os "de cima" e os "de baixo". Só quem não tem filhos pequenos, ou netos, poderia ser contra a criação dessa base de dados. João Silva não seria com toda a certeza. Pois, se até tem um filhinha de apenas 5 anos de idade. Mas "eles" estão sempre a atirar-nos "areia para os olhos".
Agora, esse António Costa e as suas câmaras de vídeo vigilância, espalhadas pelas ruas de Lisboa, é que fizeram João Silva perder as estribeiras. Logo ele que é de brandos costumes. Mas só de pensar que essas malvadas câmaras de vigilância o poderão "apanhar", depois de um dia árduo de trabalho, e na companhia de uns colegas de trabalho, de confiança até prova em contrário, a entrar na casa de "meninas", ali para os lados de Campolide, onde costuma ir para se divertir, causa-lhe suores frios. Essas câmaras de vídeo, no mínimo "apanham-no" a entrar, mas vá-se lá saber se também o não "apanharão" em cenas mais "íntimas".
Quem ficar na posse das imagens de João Silva, em local que a sua mulher desconfia, mas que até ao momento não tem forma como provar, pode dar-lhe cabo da vida. Chantagem é o que mais teme. A família para ele está acima de tudo.
O Estado saber mais da sua vida que a sua mulher até tolera, embora a contragosto, desde que esse mesmo Estado não utilize aquilo que sabe para estragar a harmonia conjugal. Nesse caso está disposto a tudo. E há que começar desde já a lutar. A denúncia pela boca de Pacheco Pereira insere-se nessa estratégia de João Silva.
Na verdade as "câmaras do Costa" estão a tirar João Silva do sério. Ainda lhe custa a acreditar que esta coisa das câmaras seja ideia do António Costa. Logo ele, que já provou do veneno que lhe quer dar agora a provar. Será que o homem já não se lembra do caso de pedofilia da Casa Pia, em que foi escutado a manter conversas com pessoas que estavam a ser investigadas?
Deveria estar escaldado, mas parece que não. É certo que no caso dele, tudo se resumiu a uma questão de voz, que embora não seja agradável, sempre é melhor que uma imagem. Então não dizem que: "uma imagem vale mais do que mil palavras"?
João Silva espera que a denúncia pública de Pacheco Pereira inverta este estado de coisas, e que tudo volte à paz dos anjos. Isso é que o sr. João Silva mais desejava. Mas ele já ficaria satisfeito se, ao menos, António Costa não ganhasse as eleições. Poderia continuar a visitar as "meninas" sem problemas. Isso bastava-lhe. Pois se ele fosse como o sr. Pacheco Pereira nem se incomodava com essa coisa das câmaras de vídeo vigilância. É que pessoas como o sr. Pacheco Pereira estão imunes a essas "modernices". Sorte de "berço". Não é para todos.
Ainda se tivesse nascido mulher, João Silva não se preocupava nem metade. É que esta perseguição do Estado à vida das pessoas tem um fraquinho especial por homens. As mulheres têm um grau de imunidade bastante superior a estas "intromissões" do Estado. Vá-se lá saber porquê.
E depois temos a "ponte", essa maldita "ponte", a fazer a ligação entre esses dois mundos tão "estranhos".
A nós, resta-nos fazer uma prece: que a mulher de João Silva não leia o Público, nem frequente o Abrupto, caso contrário, "aquilo" que tanto incomoda o sr. João Silva deixa de ter razão de ser.
João Silva acaba de ser denunciado por aquele que ele julgava defendê-lo: Pacheco Pereira




Aeroporto: a força dos "lobbies"


Aeroporto para cá, aeroporto para lá. Não saímos disto. Aparentemente o lobby da margem Sul está a ganhar ao lobby da Ota. É curioso que até há pouco tempo a Ota era dado como adquirida pelo PS e PSD. Eis senão, quando tudo se preparava para dar início, aparentemente irreversível, à opção Ota, voltou tudo à estaca zero. O PSD rompeu o consenso. A informação e contra-informação, em que se diz que há estudos que são contra o aeroporto na Ota, para logo a seguir as entidades a quem foram atribuidos esses estudos virem afirmar que os mesmos não existem, leva-nos a pensar que está em marcha uma campanha poderosíssima de interesses, que não os da maioria dos portugueses, em larga escala.

Será que os projectos turísticos e imobiliários, em marcha ou em projecto, para o "deserto" da margem Sul, não são tidos nem achados, dos que à viva força querem o aeroporto na margem Sul? Uma coisa já é certa: o país já está a perder milhões de euros, qualquer que seja a opção. Veremos até onde chega a cifra.

25 de maio de 2007

Está tudo grosso, ou quê?

A conversa dos políticos já não enganava ninguém. No entanto, passámos para outro patamar acerca do nível de confiança que as suas palavras merecem: político que fale depois de almoço, jamais fala aquilo que falaria se fosse antes de almoço.

Vide, para além do decano Alberto João Jardim: Mário Lino, Almeida Santos, Manuel Pinho e Santana Lopes.

Como a semana ainda não terminou, é possível que a lista ainda aumente. A ver vamos.

Semana horribilis


Estava o governo tão descansadinho, enquanto os media nos entretinham com o caso da menina inglesa desaparecida no Algarve, e eis que se abate sobre ele uma semana horrorosa:
  • ele é a directora regional de educação do Norte e o seu afã de agradar ao "chefe";

  • ele é o aeroporto da Ota e as declarações do ministro das Obras Públicas, Mário Lino;

  • ele é o seu colega da Economia, Manuel Pinho, e a promessa de empregos na fábrica da Delphi em Castelo Branco, após o fecho de uma unidade do grupo na Guarda, que afinal já estavam preenchidos;

  • ele é as progressões e descongelamento de carreiras dos funcionários públicos que o Primeiro-Ministro, himself, tinha prometido desbloquear em 2008, e que afinal passaram para 2009, porém, entretanto, ontem à tarde, o Secretário de Estado da Administração Pública -depois de manhã ter dito o contrário- veio "explicar" que afinal talvez se arranje um "descongelamentozito"em 2008.

É só "rir" de tanta tristeza junta. A maioria dos portugueses costuma ir de férias em Agosto, mas o governo está manifestamente a precisar de ir mais cedo. O deserto da Margem Sul é uma boa opção.

24 de maio de 2007

Aeroporto de anedOTA


Esta questão do novo aeroporto de Lisboa, que o Governo pretende construir na Ota, confesso que já chateia e que há manipulação a mais. Ora vejamos, segundo os detractores da Ota, e por conseguinte defensores da construção do aeroporto na margem sul do Tejo, a construção do aeroporto custará muito mais do que na margem sul; que na Ota os interesses e a especulação imobiliários são mais que muitos; que na Ota o aeroporto tem um período muito curto de vida útil, sem hipóteses de expansão; que na margem sul esses problemas não se põem. Chegados aqui, pergunta-se:

  1. Na margem sul não há interesses de nenhuma ordem? Aqueles que pugnam para que o aeroporto seja na margem sul são todos "gente boa", sem mácula?
  2. Se por hipótese, o governo decidisse que o aeroporto ia ser construído na margem sul, já podíamos dormir descansados? A obra seria exemplo para o mundo: "a obra perfeita". Seria colocada uma placa para as gerações vindouras com a seguinte inscrição: "pela tenacidade de uns, o bem de todos".

Os portugueses adoram ser manipulados. Em todas as obras públicas existem interesses? Claro que existem. E existirão. Só que os interesses directos de alguns terão que corresponder aos interesses indirectos da maioria.

No meio desta algazarra, há quem defenda que Lisboa nem precisa de um novo aeroporto. O que demonstra um desconhecimento atroz de como se processa o transporte aéreo. Só mesmo quem não viaja de avião e não conhece o aeroporto da Portela pode dizer isso. Daí não ser estranho que a maioria dos entrevistados numa sondagem tenha afirmado que Lisboa não precisava de um novo aeroporto. Esperemos é que a Portela aguente até 2017, o que dado o aumento quase exponencial do tráfego vai ser praticamente impossível sem que se faça uso subsidiário de pistas como Alverca ou Montijo.

Eu pessoalmente, como resido perto da Ota, e numa posição egoísta, também gostaria que ele fosse para a margem sul. Para quem reside na zona os potenciais prejuízos serão superiores aos potenciais lucros. Mas não sou míope a esse ponto. Se a Ota for o melhor para o país, então que se faça. Para que se saiba não tenho interesses imobiliários ou outros, directos ou indirectos, na região. Só que tento ver as coisas desapaixonadamente.

Agora os argumentos, para a construção do aeroporto na Ota, não se podem basear no que disse Almeida Santos, de que era melhor na Ota por causa de possíveis atentados terroristas às pontes que ligam as margens norte e sul do Tejo. É de uma falta de tacto confragedora, chega a ser doloroso ouvir. Não me admirava que esse argumento viesse do homem da rua, mas de um homem que foi Presidente da Assembleia da República e que se move nos meadros do poder, é de bradar aos céus.

Já os argumentos do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, embora exagerados, não deixam de ser atendíveis. Não basta a construção do aeroporto em si, mas tudo o que está para além dele e que é vital para a sua sobrevivência. Nesse aspecto só um cego é que não vê que a norte de Lisboa as infraestruturas extra-aeroporto existentes são de longe superiores às existentes a sul da capital.

Mas como o folclore político vive de soundbytes, o ministro das Obras Públicas e Almeida Santos lá fizeram a sua contribuição e assim não se discute aquilo que verdadeiramente interessa a este país cada vez mais desgraçado.

23 de maio de 2007

Protocolo de Estado


Estas 2 cartas do Presidente da Câmara Municipal de Santarém, Moita Flores, dirigidas à Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, e ao Presidente da Comissão de Ética da Assembleia da República, José Correia, cujas cópias me chegaram ao ler o post de Hugo Donelo na caixa de comentários, do blogue Do Portugal Profundo, demonstram a categoria da governante e a classe do escritor Moita Flores.
O Presidente da Câmara Municipal de Santarém "dá uma chapada de luva branca" à Secretaria de Estado, mas o alcance das missivas vai para além da membro do actual governo, salpicando todas as vaidades que pululam por esse país fora.

"Ex.mª Senhora

Secretária de Estado da Reabilitação

D.Idália Moniz

Depois do nosso encontro em Amiais de Baixo, no passado dia 16, e do sibilino conselho que V.Exª me murmurou na hora da despedida, acorri apressado, num misto de ansiedade e desvanecimento, à procura da Lei do Protocolo de Estado. Não era caso para menos. Eu ousara declarar que, por gentileza, deixava V.Exª fechar a sessão em que nos encontrávamos e era óbvio o meu gesto cavalheiro pois pertencia ao Presidente da Câmara Municipal de Santarém. Mas depois do discreto e merecido raspanete, reconheço que saí de Amiais com o coração em sobressalto, coração apertado de penitências, voz embargada de vergonha pois, mais uma vez, este ‘Presidente atípico’ como V.Exª certeiramente me catalogou depois de uma das minhas ‘gaffes’ à entrada, teria terminado em glória com mais ‘atipicidade’ à saída.

Sobravam-me quilómetros até ao canto onde arrumo, com cautela de santuário, as leis do Estado. Era grande a aflição, confesso, e saltei sobre a invocada, bem impressa no nosso ilustradíssimo Diário da República e li. Ou melhor, reli pois que fizera em tão precioso documento uma lavadela de olhos logo quando fora publicada.

Soaram-me sinos nos sentidos. A nossa bem amada Lei nº 40/2006 de 25 de Agosto mostrava, num formalíssimo e severíssimo protocolo who is who a galeria social do Estado. E lá estava, logo a abrir a primeira decepção. Os nossos tão aplaudidos Secretários de Estado remetidos para uma ignóbil 20ª posição e os Presidentes de Câmara atirados confortavelmente para o 41º lugar da tabela de classificação por pontos. E digo confortavelmente, pois é posição que permite a autarca menos escrupuloso com as formalidades do Estado, sair discretamente durante uma cerimónia enfadonha e ir até ao jardim fumar o seu cigarrito e tornar a entrar para o seu discreto 41º lugar sem que alguém dê pela sua falta.

Ora dizia eu que reli a lei e a minha alma exultou. Não me espalhara outra vez. V.Exª sabe, muitos dos meus amigos chamam-me a atenção, e com razão, para o facto de eu entender o Protocolo de Estado como um problema de sapato e de verniz. E se me aplaudem por dar muita importância ao sapato, não deixam de reparar que me preocupo pouco com o verniz. Reconheço que sou filho de más leituras. A severidade de Camilo ou de Eça para o excesso de verniz da classe política, pouco preocupada com o feitio do sapato, foi herança que me desnorteou os cromossomas e bem me penitencio de tanta distracção. Mas enfim! Agora que reli fico com a consoladora certeza que, por esta vez, em terras de Amiais de Baixo, este vosso humilde servo foi, não só gentil, mas respeitador da Lei do Verniz. É que existe um maçador artº 31, nº 1, que coloca, no seu município, o presidente da câmara numa posição que diria, tonitruante. Preside a tudo, Santo Deus! E só lhe ganha a palma Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro Ministro e, se for fora dos Paços do Concelho, qualquer ministro. Nem uma palavra para Secretários de Estado! Nem um mero afago, um simples carinho. Nada.

Se cominarmos esse antipático artº 31 com o pretensioso artº 33 , então Secretário de Estado tem lugar depois dos nossos bons Presidentes de Junta tomarem assento. Uma injustiça, afirmo eu. Um verdadeiro agravo à brilhante sonoridade que justamente submete quem ouve o título de Secretário de Estado. Não fosse V.Exª uma brilhante Secretária de Estado e não desistiria de a exortar a mobilizar os seus colegas de titulatura para greve reivindicativa contra si própria, ou melhor dizendo, contra o seu inestimável governo.

Não posso dissertar mais sobre esta matéria porque uma outra inquietação me assalta. A minha primeira leitura, e a recente leitura, da Lei do Verniz associada ao discreto raspanete que V.Exª me pregou, com elegância é certo, me conduz a uma terrível descoberta: V.Exª não conhece as leis produzidas pela Assembleia da República que a elegeu! Que fez de V.Exª competente Secretária de Estado! Que deu a V.Exª o rápido brilho que tantos camaradas seus procuram em vão há tanto tempo!

Já se percebeu, com certeza que V.Exª percebeu, que sendo o actual Presidente de Câmara Municipal de Santarém, pessoa pouco dada a essas sublimidades mundanas que não vou fazer do meu obscuro, mas rigoroso, conhecimento da Lei do Verniz uma bandeira de luta pelo bem do nosso concelho. Nem tão pouco essa Lei resolverá o buraco financeiro que o executivo camarário, que teve a honrosa presença de V.Exª, deixou aos vindouros como herança. E para continuar a ser elegante, afasto como se afasta Belzebu, a flatulenta ideia de enviar a um Secretário de Estado cópia da Lei do seu mandato só pelo reles motivo de a desconhecer.

Eu até acho bem que os Secretários de Estado desconheçam as leis que produzem os seus governos e parlamentos. Deixa-lhes o espírito mais livre para as grandiosas tarefas que quotidianamente carregam sobre os ombros, nomeadamente para algum verniz nos gestos e actos. E V. Exª com uma Secretaria de Estado tão difícil, que obriga a produção de sapato em abundância faz bem em deixar a minudência do verniz para um pobre autarca.

Por esta mesma razão, venho informar V.Exª que a partir de agora vou encarregar-me dessa vulgaridade que os meus amigos me censuram de desleixar. Produza V.Exª os sapatos que do verniz tratarei com gosto e prazer em servi-la.

Confesso que é sacrifício. Sacrifício pessoal, entenda-se. Prefiro mil vezes ver um Secretário de Estado a adornar uma bela mesa, enfeitada de apoiantes e profissionais da política, com um apontamento de flores no centro, uns quantos pacotes de manteiga, mais alguns salgados a condizer, e gravatas distintas, soberbas, do que ser forçado a impor o meu rebelde temperamento a tão augustas personagens, incluindo o pacote de manteiga. Mas se nada valho entre estrelas, querubins e safiras, tenho certeza certa que o Presidente da Câmara Municipal de Santarém, cidade e concelho de prestígio, vai definitivamente ocupar o lugar a que tem direito, por respeito ao augusto Governo de V.Exª e informar os Presidentes de Junta das suas responsabilidades formais. Com grande desgosto meu. Mas seguramente aliviando V.Exª do pesado fardo dos protocolos que desconhece mas com bom proveito para o nobre ofício de secretariar o Estado.

Creia-me com amizade bem disposta e consideração alegre

Com os melhores cumprimentos

O Cidadão

(Francisco Moita Flores)»




«Exmº Senhor Presidente

Da Comissão de Ética

Da Assembleia da República

Deputado José Correia



Santarém, 16 de Abril de 2007


N/Ref.

Desculpe-me antecipadamente V.Ex.ª vir incomodá-lo com um problema aparentemente sem importância, uma espécie de barba mal feita, e que sendo um problema formal me dirija a V.Exª com tão pouca formalidade.

Imagine um sapato de verniz com uma pequena esfoliação no calcanhar. É esse o problema que venho expôr. O sapato sou eu, e presidente da câmara de Santarém é sapato gasto, endividado e sem grande margem de manobra para lhes reforçar os contrafortes ou deitar-lhes meias solas. O verniz uma deputada vossa, agora ilustre secretária de Estado e que responde pela graça de D.Idália Moniz.

Aliás, deve dizer em nome da arte de fazer política, que a senhora D.Idália foi excelsa vereadora desta autarquia e contribuiu alegremente para a ruína do meu sapato. Vereadora da cultura, diga-se, cargo que ocupou com grande zelo e discrição até ao dia que um chamamento divino lhe revelou a sua vocação para a Reabilitação e foi reabilitar para o governo.

Até aqui nada a apontar. Sei que são poucos os chamados mas raros os escolhidos. D. Idália respondeu ao chamamento e aceitou o apelo divino e eis que aí está para nosso grande conforto a secretariar o Estado com grande determinação e loquacidade.Feita a apresentação, devo agora pedir o esclarecimento que, por não saber mais a quem me dirigir, submeto a V.Exª.

A nossa respeitável Secretária de Estado vive no concelho de Santarém e bastas vezes intervém aqui de forma pública. Até é deputada municipal, coisa que diga-se de passagem pouco frequenta. Confesso que me dá algum prazer vê-la por cá pois que até gosto da senhora e pessoalmente acho-a gentil e afectuosa.

Mas é raro encontrar a pessoa de quem gosto. Apresenta-se invariavelmente a Secretária de Estado, austero, divina. Bom, eu disse divina e com alguma base de convicção. É que a senhora passa por cima, julgo eu, das leis da República, e impõe de forma categórica a sua presença qual Diana enviada para caçar em nome de Zeus.

Chegados aqui, chegamos ao sapato e ao verniz. A Lei nº 40/2006 de 25 de Agosto, sobre o Protocolo do Estado, garante no seu artº 31 que no seu concelho, o presidente da câmara tem estatuto de ministro para as cerimónias públicas que aqui ocorrem. Mas a senhora no seu furor de secretariar o Estado, sobretudo em juntas de freguesia da sua cor política, teima que não (até já levei um raspanete por ter ousado dizer que era de outra forma), e que não, e porta-se como rainha a quem todos têm de prestar alvíssaras.

Pessoalmente não sou pessoa para me incomodar esta leitura napoleónica do poder. Quer presidir? Presida. Quer aspergir-nos a todos com a sua sabedoria reabilitada? Baixo a minha humilde careca perante o brilho solar que irradia da sua figura. Mas também percebi que estas entradas de leão com saídas de deusa trazem água no bico. No meu entendimento violam a lei. Uma lei da República publicada durante o augusto governo a que pertence a augusta personagem. E das duas, uma. Ou a senhora Secretária de Estado não conhece a lei e é coisa grave. Ou conhecendo-a, não lhe liga puto, o que não é menos grave. A verdade é que tudo isto, sob a aparência de servir o Estado tem outras consignações. Reorganizar o seu partido desfeito com a última derrota eleitoral, amesquinhar o presidente da Câmara de Santarém, usar um bom sapato de verniz à custa dos sapatos remendões do desgraçado autarca crivado com as dívidas que a augusta personagem ajudou a construir.

Já percebeu V.Exª que esta carta não serve para repor honras espezinhadas porque a pessoa do presidente da Câmara, cuja vida é ser escritor, até se diverte e vai registando para memória futura estas atitudes que Eça de Queirós gostaria de ter conhecido. Mas o presidente da Câmara de Santarém não acha graça a que se violem leis da República, até porque é um dos seus garantes, e também não consegue aplaudir, como a pessoa do presidente aplaude, estas manifestações corriqueiras, narcísicas e petulantes de exercer o poder. Secretariar o Estado, na minha modesta opinião, não passa por este folclore de vaidades onde se esgotam personagens para melhores palcos.

Em Dezembro escrevi à senhora Secretária de Estado explicando-lha a lei que a sua maioria aprovou. Não ligou e acho que fez bem. Como pode senhora tão sobrecarregada com a arte de reabilitar preocupar-se com o afã de um presidente de câmara zeloso por fazer cumprir uma lei da República? Voltou à carga. E assim, aqui estou a pedir esclarecimentos a V.Exª.

1. O Artº 31º da Lei 40/2008 está revogado?

2. O Artº 31º não se aplica a Secretários de Estado que vivem no concelho?

3. O artº 31º é só para fazer de conta?

Esta pergunta é apenas para confirmar porque, quando aqui esteve Sua Excelência o Senhor Presidente da República, percebi que o Protocolo de Estado se cumpre.

4. Existe alguma legislação especial para o caso da Secretária de Estado da Reabilitação?

5. Estou enganado na interpretação da lei?

Ajude-me V.Exª. Sei que tenho os sapatos sujos e rotos, sem dinheiro para os mandar consertar e é sempre com alegria que vejo os sapatos de verniz da nossa augusta governante. Mas não sei se devo aceitar que me espezinhe. Se for em nome da República e como ajuda a resolver o défice, eu próprio me oferecerei para servir de passadeira, deixando que os brilhantes saltos se cravem nas minhas costas. Se é um mero exercício de vaidade pessoal, pesporrência política e orgulho narcísico, tenho mais que fazer do que aturar esta procissão de vaidades.

Ajude-me a esclarecer esta dúvida existencial. Se para mim a República é um bem absoluto, também é verdade que reconheço que perante esta enviada dos deuses haja bens terrenos que têm se ser sacrificados e disponho-me já a ser mártir da República para servir o verniz da senhora Secretária de Estado.

Creia-me com consideração

(Francisco Moita Flores)

PS: Como este conflito de vãs vaidades é suculento e é revelador de uma moral política extraordinária, informo V.Exª que darei voz pública à carta que vos envio, assim como à carta que em Dezembro enviei à senhora Secretária de Estado.»

Liberdade: que liberdade? (IV)


Afinal, alegadamente, a "piada" lançada por Fernando Charrua tinha um cunho ofensivo dirigido ao Primeiro-Ministro. De facto, objectivamente não se trata de uma piada, mas do desabafo, provavelmente, após alguma situação interna passada no seu serviço e que o exasperou. Mas pergunta-se: quando o professor, destacado na DREN, disse, alegadamente, aquela frase: "Estamos num país de bananas, governado por um filho da puta de um Primeiro-Ministro", quem era a sua audiência e o local onde a produziu era público? Ora, segundo o que se sabe, a frase foi produzida dentro de um gabinete e o "público" ouvinte teria sido um colega, mas até admitamos que teriam sido mais. O facto é que não disse o que disse no exercício de um acto público e com repercussão mediática. Logo, parece-me que foi despropositada a acção, da Directora Regional de Educação do Norte, de abrir um processo disciplinar.
As ofensas a membros de órgãos de soberania é um crime público, mas quando produzidas num contexto público, o que não foi o caso. Imaginemos que o professor proferia aquela frase perante uma audiência em espaço público, aí sim, manifestamente estavamos perante um crime de injúrias ou difamação a um titular de órgão de soberania. Quantos de nós não tivemos desabafos semelhantes, ou ainda mais "ácidos", junto de amigos, ou de colegas no local de trabalho, em que os visados eram órgãos de soberania.

Nesta altura o Primeiro-Ministro deve estar a lamentar-se do procedimento da sua Directora Regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, pois sabe que a partir de agora a "tirada", do professor Fernando Charrua, será comentada e redita por milhões de pessoas, e o que não era uma piada, será alvo de piada, por força dos acontecimentos.

Margarida Moreira comportou-se como "um elefante numa loja de porcelana".

Blogosfera: impressões (II)


Daniel W.Drezner e Henry Farrell, professores de Ciência Política, das Universidades de Chicago e George Washington, respectivamente, afirmavam em 2004, referindo-se à realidade política americana que:
"Sob circunstâncias específicas, quando os blogues chave focam um assunto novo ou tido como negligenciável, eles actuam socialmente marcando a agenda mediática dos meios de comunicação tradicionais e dessa forma influenciam e condicionam o debate político."
Portugal, 2007, demonstra que de facto assim é.

22 de maio de 2007

Liberdade: que liberdade? (III)


Só hoje a RTP se dignou dar conta do episódio de censura, consubstanciado num processo disciplinar, que a Directora Regional de Educação do Norte aplicou a um professor destacado na mesma direcção, depois deste ter dito uma piada sobre a licenciatura do Primeiro-Ministro, José Sócrates. Até agora ainda ninguém sabia o conteúdo, mas ouvi no Telejornal que a piada de Fernando Charrua terá sido, em conversa com um colega: "Se precisares de um doutoramento tens que enviar por fax".
Confesso que pensei, quando soube no Domingo, que a piada teria carácter ordinário e reles, digamos brejeira, e que a senhora, talvez púdica, tivesse ficado escandalizada. Ora a ser verdade que a piada foi a que a RTP veiculou, então o caso é altamente gravíssimo. Estamos perante um acto facista do mais puro que há.
Vem o Ministério da Educação dizer que, não foi ouvido nem achado no levantamento do processo disciplianr ao professor Fernando Charrua, que esse acto coube integralmente à directora. Então, vamos aguardar pelo desfecho do processo disciplinar, e como muito certamente os tribunais também vão ser chamados a pronunciar-se, para saber qual o destino não já só do professor, mas principalmente da directora. Estaremos atentos.

Mas este caso só veio mostrar, mais uma vez, a vitalidade da blogosfera portuguesa. Os meios de comunicação tradicionais fazem tudo por tudo por passar ao lado da blogosfera, mais a televisão, menos os jornais, mas a pressão é tanta que vêem-se forçados a seguir a "agenda blogosférica". Pode ser transitório, vamos ver, mas desde o episódio da licenciatura do Primeiro-Ministro, tem sido a blogosfera a marcar a agenda mediática dos meios de comunicação tradicionais.

Gafe


Alguém me pode dizer se a gafe cometida por José Sócrates, aquando da cerimónia de atribuição da nacionalidade portuguesa a vários imigrantes, no mosteiro dos Jerónimos, passou em algum canal de televisão? Eu ainda não vi, mas pode ser que tivesse passado. Sei que há reprodução áudio, passou na TSF, a imprensa também noticiou, mas imagem não vi nenhuma. Será que nenhum canal estava a filmar? Dúvido. Algo me diz que houve, claramente, uma opção por não passar as imagens, pois sabem que a imagem é implacável. Mas gafes todos nós cometemos. Até o Bush brinca com as inúmeras gafes que comete. Ou isto é mais um sintoma a juntar a tantos outros? Isto começa mesmo "a cheirar muito mal". Mas quero acreditar que, talvez eu esteja a delirar.

21 de maio de 2007

Blogosfera: impressões (I)


Até há pouco tempo, a minha relação com a blogosfera era de simples consumidor. Fazia uma ronda por vários blogues, lia a caixa de comentários e não produzia nada, ou quase nada. Simplesmente limitava-me a "ver" a informação dos outros. Resolvi então dar o passo seguinte: produzir também informação, e daí surgiu este blogue. Bem sei que dentro da blogosfera coexistem muitos produtores, com várias sensibilidades, em que uns se acham ungidos e se julgam os senhores da blogosfera, que eles, e só eles, são dignos de atenção, que a informação que produzem, ou reproduzem, levará a Humanidade a atingir o conhecimento, o autêntico, o verdadeiro.
Estes conceitos de Informação e Conhecimento são quase sempre confundidos. Toda a blogosfera produz informação, agora se essa informação leva ao conhecimento, só cada um dos consumidores da mesma é que aquilatará se houve, ou não, uma mais valia para si próprio. Essa mais valia é aquilo que eu chamo CONHECIMENTO.
Na nossa praça existe uma plêiade de blogues, cujos autores, se julgam os únicos veículos da informação que leva ao conhecimento. Nada mais falso. Mas como vêm do mainstream comunicacional pensam que já fizeram os "exames de aprovação" e, portanto, que não têm que provar mais nada. Por mais estúpida e oca que seja a informação que produzem, se essa consideração vem de alguém de fora do circutio por onde se movimentam, então estúpido é o fulano e nunca a "obra de arte" que produziram. Não reconhecem poder de crítica.

A democratização da blogosfera é para alguns dos nossos "intelectuais", a causa da "decadência moral e ética" que na óptica deles está a atingi-la. Por isso alguns desses "intelectuais" nem querem contaminar o seu cérebro com tal "coisa" e os que ainda por cá andam tentam tudo por tudo para desacreditar os "desconhecidos".

Aqueles que dizem que cada vez mais a blogosfera é um "local mal frequentado", que só se pratica a maledicência, o boato, a intriga e onde se dá azo a todos os males que cada Homem tranposta dentro de si, são os mesmos que praticam aquilo que criticam, e muito mais, mas em circuito fechado. Públicas virtudes, vícios privados. Convivem mal, muito mal, quando se lhes aponta que o "Rei vai nú".

20 de maio de 2007

Mentes brilhantes



Quando indagada a comentar, pelo Diário de Notícias, e depois de ter sido desautorizada pelo Tribunal Constitucional por causa da data, 1 Julho próximo, que tinha escolhido para a realização das eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa, a governadora civil de Lisboa, sobre a inquietação demonstrada por alguns partidos políticos acerca do possível aumento da abstenção na nova data de eleição, 15 de Julho, disse:
"As eleições são marcadas quando têm que ser marcadas."

A Lili Caneças e a governadora são da mesma fornada, não são?

Jornalismo de investigação


O jornalismo de investigação em Portugal não existe. À medida que a Internet se vai massificando, mais a classe jornalística produz "notícias" a partir das redacções. Hoje existe uma imensa fornada de jornalistas que não sabe o que é investigação. Investigação para eles é quando saiem para a rua a fazer perguntas estúpidas e sem nexo, sobre tudo e sobre nada. Perguntas vácuas e inócuas. As notícias que os media clássicos produzem são tipo copy/paste. Ou os media tradicionais abandonam as práticas de produzir notícias ou inexoravelmente irão desaparecer. Ou melhor, até poderão existir fisicamente, com o suporte económico dos interesses por trás, mas a credibilidade do que produzirem será nula. A realidade já mostra isso e é vê-los lançar mão de todo o tipo de bugigangas para anexar aos ditos "jornais".

Liberdade: que liberdade? (II)


A senhora da fotografia é a Directora Regional de Educação do Norte, e dá pelo nome de Margarida Moreira. A criatura, segundo notícia veiculada pelo jornal Público de ontem, permitiu-se, no exercício de funções públicas, executar um acto de censura, levantando um processo disciplinar a um professor, destacado na mesma direcção regional, por este ter dito uma anedota acerca da licenciatura do primeiro-ministro, o que feriu a sensibilidade da senhora directora.

A senhora, enquanto cidadã, se tem uma sensibilidade que choca com a liberdade de expressão não deve exercer funções públicas, pode por exemplo passar a exercer funções num convento.

19 de maio de 2007

Graças a Deus


Portugueses, o cão de José Mourinho já está entre nós.

18 de maio de 2007

Demita-se

Agora que o Tribunal Constitucional diz que a marcação das eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa, por parte da Governadora Civil do distrito, para 1 de Julho próximo, foi inconstitucional, só resta a Maria Adelaide Torradinhas Rocha pedir a demissão, isto se tiver vergonha, porque não pode, nem deve, continuar a afirmar que a maioria dos partidos concordou com essa data. Ela tinha a obrigação e o dever de cumprir a lei e não se pode escudar atrás de terceiros para justificar os seus actos. Demita-se.

17 de maio de 2007

Ai o bicho


É impressão minha ou a deputada do Parlamento Europeu Ana Gomes quer dizer-nos, através dos escritos que por estes dias publicou no seu blog Causa Nossa, que na Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas temos um indivíduo um tudo ou nada "bichoso"?

Nem tudo são rosas


O primeiro-ministro José Sócrates, quando o Instituo Nacional de Estatística (INE) anunciou na passada Terça-feira, 15 de Maio, que a economia portuguesa tinha crescido 2,1% no primeiro trimestre de 2007, veio rápido à comunicação social anunciar a boa nova com um ar triunfante, é pena é que hoje, Quinta-feira, 17 de Maio, quando o mesmo INE veio dizer que o desemprego em Portugal atingiu o máximo histórico desde há 20 anos (8,4%), também relativo ao primeiro trimestre de 2007, não tenha tido a mesma atitude. É por estas, e por outras, que as rábulas dos "Gato Fedorento" retratam-no tão bem.



Dia da Espiga


Hoje, Quinta-Feira da Ascensão, assinala-se no calendário cristão a ascensão de Cristo ao Céu. É o dia, ou melhor dito: era, porque cada vez menos o nosso povo segue esta tradição, em que tradicionalmente se ia ao campo colher um ramo em que a espiga de trigo era o elemento mais simbólico. Compunham igualmente o ramo, um malmequer, uma papoila, um ramo de oliveira, um ramo de parreira e um pé de alecrim.
A simbologia associada a cada elemento:
Espiga – Pão
Malmequer – Ouro e prata
Papoila – Amor e vida
Oliveira – Azeite e paz
Videira – Vinho e alegria
Alecrim – Saúde e força
O ramo coloca-se no lado de dentro da porta da rua, para dar sorte, e aí deverá ficar durante o ano inteiro, sendo substituído por outro no ano seguinte.
Embora esta tradição já não seja muito seguida, ainda se consegue ver gente nos campos a colher o Ramo da Espiga, principalmente em concelhos onde hoje é feriado municipal, maioritariamente no sul: Alentejo, Ribatejo e alguns concelhos do Oeste. É um dos dias com mais feriados municipais do país.

Ponto de ordem




Só mesmo José Mourinho para colocar um ponto de ordem nestes dias loucos.

16 de maio de 2007

Portugal está na moda


Quem disse que Portugal já esteve na moda, mas que agora já não está? Claro que está. Então em Inglaterra, é coisa para durar e durar.
A comunicacão social inglesa tem uma predilecção por tudo o que é português, o que nos enche de orgulho. Então não andamos sempre a queixar-nos que "lá fora" ninguém nos liga? Agora não há por que nos queixarmos: para além do futebol, onde jogam e treinam portugueses, do desaparecimento da menina inglesa no Algarve, também o cão de José Mourinho é alvo de atenções.
Alegadamente este último - o cão, entenda-se - terá saído de Inglaterra e regressado sem cumprir o período de quarentena que a lei inglesa impõe, vai daí a polícia foi a casa de Mourinho buscar o cão. Este - Mourinho, entenda-se - recusou-se a entregá-lo e parece que o mesmo não aparece. Oh! Diabo, mais um desaparecimento. Desta feita canino.
Bem, vamos estar atentos ao que a polícia inglesa vai fazer para resolver este enigmático desaparecimento canino. Quanto à comunicação social, inglesa e portuguesa, já dá para ver que o assunto vai dar "pano para mangas. Isso é bom para manter pressão sobre as investigações policiais e nós exigimos que o cão de José Mourinho apareça.
Portugal e os portugueses vão estar muito atentos. Este caso tem que ser resolvido, e rápido.

15 de maio de 2007

Liberdade: que liberdade?

in "Público" P2 p.13 (2007.05.15)

A liberdade, ou não, que vamos tendo. Até quando? Por estas e por outras, no outro dia, quando disse que tinha um blog, alguém me disse: "tem cuidado com o que lá escreves, olha que não se pode dizer tudo o que se pensa".

Mãe Coragem


Face à histeria mediática que se abateu sobre o caso da menina desaparecida no Algarve, algumas vozes se levantaram, e com razão, a interrogar porque é que no caso das crianças portuguesas desaparecidas não aconteceu o mesmo tratamento, quer por parte da investigação e dos meios à sua disposição, quer por parte da comunicação social. Muitos de nós sabe que a principal diferença reside no facto da menina, apesar de ter sido alvo de um acto ignominioso, ser inglesa e de os seus pais serem médicos. O facto de ser inglesa e de o turismo do Algarve assentar quase exclusivamente nessa nacionalidade, fez soar as campainhas.


Não é em vão que as mais altas instâncias políticas portuguesas fazem pressão junto dos órgãos de investigação criminal para que neste caso específico ter que haver resultados. Resultados que podem, ou não, significar chegar à solução completa e cabal do caso, e até ao momento isso ainda não é líquido, mas tão só mostrar trabalho. Que tudo está a mexer.


Chegados aqui, e depois deste caso ser resolvido, pergunto se a seguir os vários poderes vão empreender uma cruzada até obter respostas no caso das crianças portuguesas desaparecidas. Não deve haver, não há, dor maior que o desaparecimento de um filho. Os pais a quem desaparece um filho sofrem em vida o maior horror que pode ser infligido a um ser humano: sentir-se morto e ser obrigado a viver.


O espelho disso é essa mãe, mulher portuguesa, em que o desaparecimento do seu filho, Rui Pedro, em 1998 em Lousada, causou nela estragos que são por demais vísiveis. Ela diz que lhe caiu uma montanha em cima e que não há ninguém que lhe tire esse peso, mas apesar de a mãe e a mulher que foi até ao momento do desaparecimento do seu filho ter morrido, ela, mesmo combalida, despedaçada foi buscar forças, sabe-se lá onde, para empreender uma luta de busca incessante do seu filho que perdura até hoje. O seu nome é: FILOMENA TEIXEIRA.


Ela é a arauta de todas as mães portuguesas, e de todo o mundo, a quem um dia lhes foi "retirado", por malvadez, o bem mais mais precioso: um filho.


Nota: Para que não se pense que o tratamento dispensado ao desaparecimento da menina no Algarve casou perplexidade só em Portugal, por contraposição às crianças portuguesas ainda desaparecidas, a verdade é que este caso também faz interrogar os ingleses por que é que no caso das crianças inglesas, também ainda desaparecidas, a atenção da comunicação social e da sociedade inglesas não foram, e não são, as mesmas. Exemplo disso é este alerta deixado por um cidadão inglês num fórum de um jornal inglês na Internet:


"Well, I’ve a huge work for those who really care about the others (and not only about the last beautiful couple they saw in the TV suffering): try to do something about these


79 MISSING KIDS


- Mário Borja-Valencia / missing date: 08-May-2001 / missing city: London

- Sandy Jardine Davidson / missing date: 22-Apr-1976 / missing city: Irvine

- Muzamil Hussain and sister / missing date: 21-Feb-2006 / missing city: Birmingham

- Janique Irving / missing date: 02-Mar-2001 / missing city: Manchester

- Ashia Jabbi / missing date: 18-Jan-2006 /missing city: Lewisham

- Djany Kailunda / missing date: 15-Jun-1999 / missing city: London

- Ying Lee / missing date: 26-Sep-2006 / missing city: Barnsley

- Lillian Sarah Lyustiger / missing date: 04-Nov-2005 / missing city: London

- Maya Leila Mahmoud / missing date: 24-Mar-2007 / missing city: Doncaster

- Nial Hamdan Mbarak / missing date: 01-Mar-2005 / missing city: Coventry

- Lisa Marie Michael / missing date: 07-Sep-2000 / missing city: Derby

- Minh Anh Nguyen / missing date: 20-Apr-2007 / missing city: Lewisham

- Elizabeth Ogungbayibi / missing date: 26-Sep-2006 / missing city: Manchester

- Ashley Ojeuderie / missing date: 01-Sep-2005 / missing city: Watford

- Guilia Ioana Paulet / missing date: 07-Dec-2000 / missing country : UK

- Anita Adriah Rajoelina / missing date: 15-Dec-2002 / missing city: High Wycombe

- Nassima Sadia / missing date: 20-Apr-2006 / missing city: Belfast

- Nayfat Salim / missing date: 01-Mar-2005 / missing city: Coventry

- Charles Watkinson / missing date: 05-Abr-2006 / missing city: Lambeth


I refer only 19 cases, but there are 79 kids missing. I choose those who were about the same age or less than Madeleine the moment they disappeared. Of course all the others deserve the same interest and concern, after all, what’s the difference of loosing a son or daughter with 5, 10, 15 or more years? I think there is no difference. For those of you who have been praying and/or pressing the media and authorities, and still are, I think maybe you could dispense also some of your attention to these 79, don’t you?"

14 de maio de 2007

Lisboa


As eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa acabam de ser marcadas para dia 1 de Julho próximo. Os candidatos lá virão com a sua cantilena habitual de choradinhos, de promessas, e de atribuição de culpas aos adversários pelo estado a que a cidade chegou.
Todos dirão que "desta vez é que é, Lisboa luzirá e resplandecerá". Triste sina a capital do meu país. Os lisboetas infelizmente são pouco bairristas, acho que deveriam ser no que isso tem de positivo. Têm complexos em afirmar o seu amor a Lisboa o que em parte se justifica por não haver um número elevado de habitantes que sejam genuinamente de Lisboa, ou seja: dos "4 costados". A imensa maioria tem raízes à província, o que leva a não lutarem de forma aberta pela sua terra. E no fundo Lisboa é de nós todos, embora não a sintamos. Lisboa exerce um misto de admiração e de repulsa por parte dos portugueses a que também não é alheia essa ideia milhares de vezes veiculada, que o atraso do resto do país é culpa de Lisboa, que tudo sorve e tudo gasta. Isso é falso, mas tem servido como desculpa para muitos autarcas da chamada "província" justificarem as suas limitações.
Lisboa ouve isto e cala-se, porque não há ninguém que a defenda e a proteja e assim chegamos ao estado actual em que se encontra: moribunda, anémica, suja, velha e sobretudo cansada.
Os putativos candidatos partidários, que se anunciam, nenhum gosta verdadeiramente de Lisboa. Lisboa tem sido sempre trampolim para outros voos políticos, foi e é um meio, nunca um fim.
Neste momento, para mim só há uma pessoa que conseguiria devolver o orgulho a Lisboa e colocar a cidade no bom caminho: Rui Rio. Sim, Rui Rio. Sei que é impossível, porque o Porto tem o melhor presidente de Câmara do país. E às vezes pergunto-me se o Porto tem consciência disso. Rui Rio tem demonstrado que é bairrista, dono de um bairrismo saúdavel, que não se afirma por contraposição a Lisboa. Que sabe o que quer e para onde vai.
Pois bem, como Rui Rio não tem irmãos gémeos, procura-se um clone do mesmo. Lisboa agradece.

Exemplo a seguir


Hoje, o jornal Correio da Manhã traz uma notícia acerca dos resultados dos exames nacionais, nomeadamente os resultados de Língua Portuguesa e Matemática do 9.º ano de escolaridade (http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=242291&idselect=10&idCanal=10&p=200). Pois bem, mais uma vez os resultados são péssimos, mas no meio desta floresta nacional tão negra, surge uma luz de esperança, chamada Arruda dos Vinhos. É que foi a única escola a nível nacional que obteve positiva no exame de Matemática do 9.º ano. Se juntarmos a esse feito o 3.º lugar alcançado no exame de Língua Portuguesa, então devemos procurar saber o porquê desse sucesso.


Poderia-se pensar que se trata de uma escola privada com um grau de exigência superior, pois não é, é pública, mas com nuances, e é aí que está a chave do sucesso. A escola é publica, universal e gratuita mas a forma de gestão é rara, já que se trata de uma escola pertença de privados em que o Estado, através de protocolos, delegou na mesma as competências da escola pública tout court, excepto no plano de gestão, a nível sobretudo de gestão do pessoal docente e discente e na exigência de civilidade por parte da comunidade escolar, pais incluidos.


O corpo docente é efectivo a quase 100% e a direcção da escola (os donos) têm competência para escolher o corpo docente, ou melhor dito, têm poder de influência junto do Ministério de Educação na sua escolha. Quem se "porta mal" vai-se embora. Como se trata da única escola do concelho de Arruda dos Vinhos, aliás o seu nome se fosse uma escola "normal" seria Escola Básica 2.º e 3.º ciclos e Secundária, uma vez que ali se trabalha do 5.º ao 12.º anos de escolaridade, mas o nome oficial é "Externato João Alberto Faria" (http://www.ejaf.pt/index.html).


A escola tem fama na região e muitos pais dos concelhos vizinhos fazem tudo por tudo para colocarem lá os seus filhos a trabalhar. É o meu caso, coloquei lá a minha filha que está no 9.º ano, só me arrependo de não a ter colocado logo no 5.º ano. Foi sempre boa aluna, mas no 8.º ano começou a baixar um pouco os resultados. Estava a estudar numa escola em que o corpo docente era mais instável e sobretudo a escola não tinha projecto educativo eficaz, o que levava à desmotivação, a esse factor juntava-se outro não menos importante, a escola não tinha mão nos alunos problemáticos, ora isso destrói por completo o gosto e o prazer de trabalhar, quer dos professores, quer dos alunos que querem progredir.


Arruda dos Vinhos tem isso tudo, ali respira-se eficiência e método, os alunos preguiçosos e rebeldes sentem-se mal naquela escola, para além de os professores terem "mão", os restantes alunos exercem censura moral e cívica e só têm dois caminhos: ou mudam de rumo ou eles próprios acabam por abandonar a escola. A minha filha adora aquela escola, as notas subiram, o trabalho que lhe é exigido pelos professores aumentou substancialmente, mas ela não se queixa, pelo contrário, tem-lhe gosto e só lamenta que haja férias e fins-de-semana, pois gosta de tudo, do método e das pessoas (alunos, professores e pessoal auxiliar).


Pergunta-se: quando é que o Ministério da Educação está disposto a enfrentar todos os lobbies e fazer com que este modelo se propague a todas as escola do país?

12 de maio de 2007

Fátima


É impressão minha ou cada ano que passa, há mais gente a dirigir-se a pé para Fátima? Nas bermas das estradas vêem-se muitos grupos de pessoas a pé, de todas as idades, mas sobretudo muitos jovens. Não sei qual o significado sociólogico disso, no entanto talvez uma das causas para este aumento do número de pessoas esteja relacionado com as dificuldades crescentes que o nosso país atravessa. Fátima surge, então, como um porto de refúgio e de esperança.

11 de maio de 2007

Boas vindas

Bernard Thibault

Nicolas Sarcozy

A recepção, do mais democrático que se possa imaginar, ao presidente francês eleito, está a ser preparada pelo sindicalista Bernard Thibault, secretário-geral da Confederação Geral dos trabalhadores franceses, com a seguinte tirada:

"Sarcozy foi eleito. Mas não creio que se possa considerar que haja uma aceitação geral sobre o seu programa ou que ele tenha legitimidade para fazer o que quer."

O campo está minado, Sarcozy sabe-o, vamos ver quando chegar ao fim quantas minas pisou, pois se chegar ao fim sem pisar nenhuma, a França estará igual aquilo que sempre foi.

Distrações

Por estes dias os media estão focalizados no desaparecimento da menina inglesa no Algarve, o que faz que o povo(léu) ande distraído de outros assuntos que poderão incomodar o governo, o que este agradece. Estes balões de oxigénio mediático que de vez em quando os governos recebem são uma benção.

Vem isto a propósito da notícia da prisão de um empresário português no Brasil, Licínio Soares Bastos, por crimes ligados a jogo ilegal, "lavagens" de dinheiro, compra de setenças judiciais, etc. Ora bem, segundo parece, este empresário já estaria nomeado cônsul de Portugal em Cabo Frio, Rio de Janeiro, mas devido às actuais circunstâncias essa nomeação foi suspensa.
O nome do actual Secretário de Estado das Comunidades, António Braga, tal como o nome do candidato do PS pelo círculo fora da Europa às últimas eleições legislativas, Aníbal Araújo, foi ventilado várias vezes nas conversas havidas entre os arguidos, entretanto detidos no Brasil, as quais foram alvo de escuta por parte das autoridades brasileiras.
Mais, o empresário português detido foi o principal financiador da campanha eleitoral do candidato do PS, e aquando da visita do primeiro-ministro José Sócrates, em 2006, ao Brasil, o empresário foi um dos vários convidados numa recepção oferecida pela comitiva à comunidade portuguesa residente no Rio de Janeiro.
Na altura da campanha eleitoral estranhou-se os meios empregues na promoção do candidato do PS, que implivaca avultados gastos.
Nesta história o que começa a incomodar-me é o desconforto que o actual Secretário de Estado das Comunidades, António Braga, demonstra quando foi confrontado com os contornos políticos que envolvem o empresário português. Numa primeira fase, o Secretário de Estado afirmou que recebeu em audiência o empresário mas que os outros detidos não conhece. Agora o seu gabinete já diz que afinal o empresário e o Secretário de Estado encontraram-se mais vezes, ficando por saber quantas e em que circunstâncias.

É verdade que ninguém pode ser culpado por ser amigo, ou por ser conhecido, de pessoas que praticam crimes. Era só também o que faltava, mas quando se começam a dizer meias verdades, a não abrir o "jogo todo", a desconfiança instala-se, a dúvida toma de assalto as mentes e os "inocentes" são automaticamente rotulados de "culpados", com ou sem razão. Depois vêm vociferar contra os "assassinatos políticos" de que estão a ser alvo pela comunicação social, invariavelmente a soldo de interesses obscuros. Esquecem-se que afinal não se trata de assassinatos políticos, mas de suicídio político, pois são eles que se põem a jeito devido às acções que tomam. Veja-se o recente caso do primeiro-ministro José Sócrates, e a polémica da sua licenciatura. O modus operandi de reacção dele e do seu Secretário de Estado das Comunidades são idênticos. Não aprendem, ou então faz parte do manual do governo e estão convencidos que a estratégia dará frutos.

Vamos esperar. Pode ser que estejam certos.

10 de maio de 2007

Bombo da Festa

A campanha do tablóide inglês "The Sun" contra a actuação da Polícia Judiciária, no caso do desaparecimento da menina inglesa no Algarve, continua, acentuando-se a cada dia que passa e a menina não aparece. Hoje chega ao cúmulo de afirmar que "Portugal é um paraíso para os pedófilos".
Todos nós sabemos que o combate à pedofilia poderá ainda não ser o ideal mas, após o caso Casa Pia, progressos foram feitos.
Os ingleses deveriam interrogar-se porque é que eles com polícias tão bons, com leis tão avançadas e métodos de investigação tão "updated" ainda possuem um número tão elevado de pedófilos no activo, de longe um dos mais elevados da Europa, e no caso das meninas desaparecidas em Manchester, que foram raptadas e assassinadas por um pedófilo inglês só conseguiram descobrir o que se passou ao fim de 4 meses.
O "The Sun" de hoje publica isto:
"Algarve 'haven' for paedophiles"
By MIKE SULLIVAN Crime EditorMAY 10, 2007
"THE hunt for abducted tot Madeleine McCann took on a grim new urgency last night as it emerged Portugal is a haven for paedophiles to prey on youngsters.
Portuguese police are now desperately trying to track down potential suspects from a blacklist provided by UK cops.
Their chief fear is that Maddie, three, was stolen to order by an international gang of perverts.
Unlike here, Portugal has NO sex offenders register — and its relaxed policing has made it a magnet for sun-seeking paedophiles from Britain and the rest of Europe.
Under tough British laws, anyone on our register of 30,000 sex criminals must inform cops if they plan to travel abroad.
That information has been used to compile names of at least 130 paedophiles known to be on Portugal’s Algarve coast, where Maddie, vanished a week ago.
Police hunting for missing Madeleine McCann were today scrutinising four pieces of “very useful” fresh information, Crimestoppers said.
The tip-offs came among hundreds of calls made from Portugal to a special UK number set up by the charity.
A spokeswoman said they have been passed to Leicestershire Police, who are working alongside Portuguese police on the case.
She declined to comment further on the nature of the information.
Crimestoppers have created the number, 44 1883 731 336, because of problems with routing phone calls from Portugal to its normal 0800 555 111 number.
Several child sex ring scandals have hit Portugal in recent years.
And Scotland Yard investigated reports of a ring of teachers visiting the Algarve to prey on young boys.
One senior British police source said: “We are the only country in Europe who keep a list of sexual offenders and maintain intelligence on their movements. We have given our information to the Portuguese.”
A Home Office spokesman said: “We are giving every possible assistance to our colleagues in Portugal. Everybody who is on the register must inform police of any foreign trip, including dates of travel and where they are staying.”
Last night it emerged that Portuguese cops were probing reports of a car containing up to four men driving “suspiciously” near the complex where Maddie went missing.
A local shopkeeper said she saw the car TWICE in a few days — once on the night of the snatch.
It was also revealed that a senior British policeman who worked on the kidnap and murder of schoolgirl Milly Dowler has flown to Portugal to assist in the hunt.
Detective Superintendent Graham Hill is attached to the Child Exploitation and Online Protection Centre (CEOP), part of the Serious Organised Crime Agency set up a year ago. He previously worked for Surrey Police.
Milly, real name Amanda, was snatched near Walton railway station, Surrey, in 2002 while walking home from school. Her body was found six months later in a wood. No one has been charged.
Det Supt Hill also worked on the re-investigation into the murder of 14-year-old Roy Tutill. He was abducted in Chessington, Surrey, in 1968 and strangled.
Paedophile Brian Field was convicted of Roy’s murder in 2001.
A colleague of Det Supt Hill said: “Graham has great experience of investigating abductions of children.”
Another British expert, behavioural psychologist Joe Sullivan, has also been helping the hunt. He worked with Det Supt Hill on the Roy Tutill probe and advised officers on their interview strategy with Field.
Mr Sullivan, who also works for the CEOP, has wide experience of child sex murders and probing paedophile rings.
Mr Sullivan flew to the Algarve last week and returned to Britain yesterday. A source said: “He has many commitments but will be travelling back and forth to Portugal.”
Mr Hill and Mr Sullivan are regarded as the top brains in Europe on paedophile inquiries. Maddie, of Rothley, Leics, was taken by someone who broke into her bedroom at a Mark Warner holiday village in Praia da Luz as her parents Gerry and Kate, both 38, ate at a nearby restaurant.
Cops have drawn up a computer image of a Brit they want to quiz. He is described as white, 5ft 8ins, aged 35 to 40 with short dark hair.
But one person shown the picture by Portuguese detectives described it as “an egg with hair” because it did not have any facial details.
Officers have checked 500 apartments in and around Praia da Luz.
More than 100 people have been interviewed. And police have followed up 350 possible leads.
But the Portuguese investigation into Maddie’s disappearance has been widely criticised. Astonishingly, they have yet to issue their own photo or appeal to trace her.
Sources said last night that the hunt is about to be scaled down, because Portugal cannot afford it.
British law was tightened to restrict travel of paedophiles under the Sexual Offences Act, 2004.
Anybody on the sex offenders register spending three or more days abroad must give details to local police a week before they leave.
This gives the authorities time to inform foreign cops. But it is up to the host country to decide whether or not to monitor them."

9 de maio de 2007

O explendor do pensamento da esquerda portuguesa

O pensamento dominante na esquerda portuguesa, que reflecte a esquerda europeia, relativamente à eleição de Nicolas Sarcozy, está muito bem plasmado no artigo de Rui Tavares, publicado no jornal "Público" de hoje, na última página, intitulado " A estética da escumalha". Prova a toda a evidência que a esquerda convive mal quando a democracia se pronuncia... e escolhe a direita.

8 de maio de 2007

O significado das palavras

O caso do desaparecimento da menina britânica no Algarve, que por estes dias tem alimentado todo o género de comunicação social, prestou-se a um jogo de semântica em que as palavras "rapariga" e "menina" tiveram que ser digeridas de forma contraditória.

Todos sabemos como a língua portuguesa, se por um lado apresenta lacunas relativamente a termos técnicos, o que leva a uma rápida adopção de palavras inglesas, por outro possui uma infinidade de termos que embora signifiquem o mesmo prestam-se a equívocos. Foi precisamente o que se passou com os tablóides ingleses, nomeadamente com o "The Sun" ao divulgar um cartaz a perguntar se alguém viu a "rapariga" inglesa desaparecida e oferecer € 15 000,00 por alguma informação que conduzisse à menina.

Pois bem, para nós portugueses o termo "rapariga" aplicado à fotografia da pequena Madelaine não condiz com a sua idade de quase 4 anos. Cingido-me só e apenas ao significado da palavara "rapariga" usada em Portugal, porque como sabemos no Brasil a palavra tem também uma conotação obscena (sic), só a partir da puberdade é que nós aplicamos o termo "rapariga", e só durante um tempo definido, ou seja:

o - 1 ano de idade: bebé

1 - 12 anos: menina

12 - 20 anos (pode se estender até aos 30 anos, dependendo da aparência e da frescura): rapariga

a partir dos 20/30 anos: mulher (se for de baixa condição social raramente se lhe referirão como senhora até ao fim da sua vida)

a partir dos 20/30 anos: senhora (classe social mais elevada)

Claro que esta classificação apresenta "nuances", dependendo de vários contextos e situações específicas, mas serve de bitola.

Como os ingleses não entendem estes meandros da língua portuguesa cometeram uma "gaffe" semântica.

Eterno mau perder

A esquerda, e principalmente a esquerda portuguesa, sempre conviveu mal com as derrotas eleitorais e políticas. A direita, na óptica dos que se dizem de esquerda, só traz problemas e conflitos: ou porque as liberdades serão diminuídas, ou porque a economia será entregue ao "grande capital", ou porque os direitos socias serão reduzidos, etc, etc. Ou seja da direita nada de bom. Em contrapartida eles, a esquerda, trarão a paz e o progresso.
Esquecem-se do facto tão simples como este: se a direita vence é porque o povo quis. No entanto vislumbram sempre acções de bastidores para justificar a vitória da direita.
Eu vejo muita gente de direita a concordar com muitos aspectos e posicionamentos que a esquerda defende, e que ela acha que é dona, mas nunca vi os que se dizem de esquerda dizer bem e concordar com princípios defendidos pela direita.
A vitória de Nicolas Sarcozy em França é paradigmático disso. A esquerda arcaica já diz que virão maus tempos por aquelas bandas, e que há que estar alerta para não se espalharem pela Europa.
A esquerda ainda não percebeu que enquanto subscrever o lema do padre Américo: "não há rapazes maus" está a dar um grande contributo para a direita vencer eleições, e quanto mais tempo passar sem revisão do lema mais a extrema direita crescerá.