31 de julho de 2007

Ai, Portugal, Portugal

ikea[1]

A IKEA do Norte, foi hoje inaugurada em Matosinhos. A segunda em Portugal, depois de Alfragide. Segundo disseram órgãos de comunicação social insuspeitos, ou talvez não, trata-se da maior loja da Península Ibérica. Quando nos comparamos com Espanha, está tudo dito. Houve gente que esperou 30 horas na bicha, dormindo em sacos-cama, para ser contemplado, ou não, com € 100,00 em compras.


Estes portugueses, que não se importam de aguardar 30 horas na esperança que a sorte lhes dê uns míseros euros para escolherem uns "tarecos" novos para a casa, são os mesmos que quando têm que se levantar às 4 horas da madrugada para obterem uma consulta no Centro de Saúde às 9 horas da manhã, vêm vociferar e protestar contra o governo por os sujeitar a tamanha desconsideração.


O neo-liberalismo faz milagres. Se o governo quer que os portugueses não apresentem "cara feia" quando têm que esperar em bichas para usufruir de algum serviço público, o melhor que tem a fazer, é habilitá-los a algum prémio. Vai ver que é só sorrisos quando as TV’s os entrevistarem.

PSD

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De vez em quando, aparecem figuras do PSD em quem se pode confiar e que nos fazem crer que nem tudo está perdido. Ouvimo-las hoje, no Jornal da Tarde da RTP1: António Capucho, presidente da Câmara Municipal de Cascais, e Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto.

30 de julho de 2007

Flash Gordon


O número da besta

666


Só depois de morrerem dois professores, a quem foram recusadas as respectivas aposentações por invalidez, em virtude de as juntas médicas da Caixa Geral de Aposentações (CGA), que apreciaram os casos, acharem que os visados gozavam de muito boa saúde para trabalhar. A verdade é que pouco tempo depois morreram devido às doenças pelas quais se julgavam, infelizmente, com direito à aposentação, quanto mais não fosse, para terem o direito de morrerem em paz, juntos dos seus.


A partir destes casos, vieram a público outros similares, a quem foram recusados os pedidos de aposentação por invalidez, devido a doenças incapacitantes, a maioria do foro oncológico. Os autores da façanha são sempre as juntas médicas da CGA.


O governo, muito chocado com o sucedido, tratou de modificar a lei, por forma a que as juntas médicas passem, doravante, a ser constituídas unicamente por médicos.


No entanto tudo indica que o problema não está nos elementos não médicos presentes nas juntas, mas sim na qualidade dos médicos dessas mesmas juntas. Para além da provável pouca apetência científica de alguns relativamente a algumas patologias, outros são mal educados, prepotentes, insensíveis e de uma falta de humanidade atroz.


Maria Alexandra Gonçalves, assessora principal da Direcção-Geral de Energia, com cerca de 37 anos de descontos para a CGA, viu-se em 2003 com um problema grave de saúde: cancro nos intestinos. Após cirurgia e outros tratamentos médicos, uma junta médica da Administração Regional de Saúde considerou que ela tinha uma incapacidade permanente de 85%. Maria Alexandra Gonçalves foi conciliando os tratamentos com o trabalho, mas em Julho de 2006 resolve requerer a aposentação, uma vez que a doença deixou-lhe marcas físicas e psíquicas permanentes.


Chamada à junta médica da CGA em Dezembro de 2006, relata-nos, através do jornal Público, edição impresa, de ontem, a humilhação a que foi sujeita:



"Entrei, com um saco cheio de exames, cumprimentei e estendi a mão a um dos médicos. Mas a minha mão ficou no ar e, como resposta, só ouvi ’Sente-se!’. Depois, o mesmo médico que não tinha respondido ao meu cumprimento, olhou para mim e para o atestado da outra junta médica onde constavam as minhas habilitações e disse: "Com estas habilitações e com esse aspecto, não quer trabalhar?" E, eu, que trabalho desde muito nova e que estudei à minha custa, sensível como me sentia, comecei a chorar". A observação "não deve ter demorado cinco minutos", assegura Alexandra Gonçalves, referindo que, apesar da sua insistência, os médicos não quiseram ver nenhum dos exames que levava, repetindo que estava em perfeitas condições para trabalhar. "No final, estava tão chocada e desorientada que não encontrava a porta de saída. E perguntei como é que saía. ’Por onde entrou’, foi a resposta.


Mais tarde, procurou saber quem eram os médicos, visto que não estavam identificados, mas, nos serviços, sempre lhe negaram essa informação."


Será que na nova lei vem lá escrito que os médicos têm que ser educados, que não se devem comportar como tiranetes. Que estão proibidos de dar respostas e considerações ordinárias. O "sente-se" diz-se aos cães. E para além da alteração das considerações científicas para atribuição da aposentação, que são primordiais, espera-se que na nova lei os nomes de todos os elementos da junta médica estejam visíveis e sejam facultados aos requerentes.


O poder político é o principal responsável por este quadro tenebroso das juntas médicas, porque nunca se lhe opôs. No entanto, há um aspecto, no testemunho da Maria Alexandra Gonçalves, que não pode ser assacado ao governo: a educação e a formação cívica. Esses aspectos são estruturantes do ser humano, não se decretam, independentemente das habilitações de cada um.

O tamanho conta

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A quarta maior ponte móvel do mundo

Na ordem


Pela primeira vez, Alberto João Jardim tem um adversário à altura. De seu nome: José Sócrates. O Primeiro-Ministro tem muitos defeitos, nomeadamente: não cumpre promessas feitas, é arrogante, crispado, debita soundbytes, etc. Mas tem uma virtude: é o único governante da República, depois de 25 de Abril de 1974, que está a tentar pôr Alberto João Jardim na ordem.


Ao contrário do que Marques Mendes diz, não é o PSD que está a ser atacado, é um estilo de político “à Hugo Chávez” que devia ser condenando por todos, incluindo por ele.


E como sempre, lá vem o senhor da Madeira com a ameaça do separatismo. Para ver se as hostes arrefecem. Se há político impune neste país ele é Alberto João Jardim.

28 de julho de 2007

O tempo: esse grande escultor

Agora que Salazar está na moda, fica aqui esta fotografia (1973) da sua estátua, em Santa Comba Dão, que seria dinamitada em 1978. Quando se tenta apagar a história à força de bombas, o efeito, pelo que se vê, é o oposto.

27 de julho de 2007

Egoístas

Terry Lee Alexander, um jovem americano de 20 anos de idade, foi condenando a 10 anos de cadeia por assalto à mão armada, na Florida. Até aqui tudo normal. No entanto foi-lhe aplicada uma pena acessória de mais 60 dias de prisão, pois, uma guarda prisional apanhou-o, através do sistema de vídeo da prisão, a masturbar-se. Parece que a guarda prisional o apanhou três vezes a auto satisfazer-se. O tribunal, de júri, deu provimento à queixa e condenou-o.
Coryus Veal, assim se chama a guarda prisional, disse que o rapaz se masturbava ostensivamente, o que, pensamos nós, a deveria deixar "com calores". Os jurados, que julgaram o caso, defenderam a tese de que a cela é um espaço público de acesso limitado. Foi pedido pela defesa aos 17 membros do júri que aquele, ou aqueles, de entre eles que nunca tivesse masturbado-se, levantasse a mão. Nenhuma se ergueu.
A zelosa guarda prisional, caçadora de prisioneiros masturbadores, já apanhou mais sete a exercer o acto, nas condições do jovem agora condenado, e as respectivas queixas já seguiram para a justiça, embora ela dissesse que não era contra a masturbação de per si, conquanto que praticada na cama, debaixo dos cobertores.
Possivelmente, a guarda prisional só deixará de apresentar queixas de actos masturbatórios, quando os detidos deixarem de ser egoístas e se lembrarem que a senhora também lá está para ser satisfeita.

É isto jornalismo?

Ontem, uma mãe, desiquilibrada psicologicamente, diria que muito, mesmo, atirou o seu filho, de quase dois anos de idade, janela fora para a rua, desde a altura de um segundo andar, onde residiam, em Linda-a-Velha, Oeiras.
Atente-se como o Correio da Manhã (Miguel Curado) e o Diário de Notícias (Luísa Botinas) dão a notícia, na sua edição impressa, de hoje:

"Osvaldo Gaspar, de quase dois anos, encontrava-se ontem, à hora de fecho desta edição, a lutar entre a vida e a morte no hospital de Santa Maria, em Lisboa, para onde os Bombeiros do Dafundo o transportaram depois de, alegadamente, ter sido atirado pela sua mãe da varanda do segundo andar do prédio onde residiam, no bairro da Quinta de Santo António, em Linda-a-Velha.
"Ele estava cada vez menos reactivo aos estímulos, sinal de que as lesões existentes seriam de grande gravidade", revelaram ao DN os bombeiros. [...] Angélica [a mãe] foi conduzida pelos Bombeiros de Carnaxide à urgência de Psiquiatria do Hospital de São Francisco Xavier."
in Diário de Notícias (2007.07.27)

"Um menino de 18 meses foi ontem atirado para a rua da janela de casa, o 2.º andar de um prédio em Linda-a-Velha, Oeiras, pela mãe, uma angolana de 30 anos que foi detida pela PSP. A criança caiu de rabo e, miraculosamente, sofreu apenas ferimentos ligeiros. [...] De repente [a mãe] largou-o do 2.º andar e fechou-se em casa sem olhar para trás.
[...]
O bebé foi transportado pelos bombeiros ao Hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa, onde se encontrava ontem à noite, livre de perigo".
in Correio da Manhã (2007.07.27)

Veja as diferenças:

DN - "... a lutar entre a vida e a morte..."
CM - "... sofreu apenas ferimentos ligeiros..."

DN - "... [a criança] encontrava-se... no hospital de Santa Maria, em Lisboa, para onde os bombeiros do Dafundo o transportaram..."
CM - "O bebé foi transportado pelos bombeiros ao Hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa, onde se encontrava ontem à noite, livre de perigo."


Afinal, quantas crianças foram ontem atiradas janela fora, pela própria mãe, em Linda-a-Velha?

Máscaras

Nunca tive em grande conta pessoas que em determinado período da sua vida pertenceram - exerceram cargos, serviram e serviram-se - a uma determinada instituição e que, por qualquer motivo, se incompatibilizaram com a mesma e resolveram sair, e vêm depois destilar fel, e fazer juízos críticos, sobre a "gamela onde comeram".
Já temos exemplos, mais que muitos, de personagens que saem de determinado partido político, que normalmente está a passar um mau bocado, e colocam-se imediatamente no colo do partido que no momento "está a dar". Invariavelmente, esses personagens tornam-se mais papistas do que o Papa dessa agremiação.
José Miguel Júdice é, por ora, o último que se presta a interpretar esse papel. A admiração, a veneração, e a glorificação de, e por, José Sócrates são de uma grandeza tal que, no seu artigo de opinião, Os espasmos do moribundo, publicado hoje no jornal Público , a sua cegueira - que apesar de todos os progressos, ainda mata - leva-o a dizer:
"[Marques Mendes] Fresquinho da vitória [das eleições internas do PSD, a ter lugar em Setembro próximo], ninguém o desalojará, a não ser quando for derrotado por Sócrates, o que ele já sabia, mas se o primeiro-ministro se imolar pelo fogo, emigrar para Bruxelas, for apanhado a roubar velhinhos, chamar nomes ao Papa ou fizer algo do género, até pode vir a ganhar as eleições [legislativas de 2009]".
A geração que fez, que serviu e se serviu, que usou e abusou, da revolução do 25 de Abril está podre, gasta e não tem nada, mas mesmo nada, que ainda possa dar a Portugal. Portugal só deseja que estes personagens abandonem o palco pelo seu próprio pé. Sempre é mais bonito.

26 de julho de 2007

África no coração

Kadhafi e Sarcozy

Valha-nos isso

Instado a comentar o artigo de opinião de Manuel Alegre, publicado ontem no jornal Público, João Soares, deputado do PS, e um dos adversários do poeta e de José Sócrates nas últimas eleições internas para secretário-geral do PS, disse que: "O principal problema [da falta de liberdade de expressão] que existe em Portugal está relacionado com a concentração dos meios de comunicação social. Felizmente há Internet e lá se vai conseguindo tornear o problema".
João Soares, com esta frase assassina para a comunicação social tradicional, diz-nos que não se pode confiar integralmente nos que esses media veiculam. Os atingidos comem e calam. E como diz o poviléu: "Quem cala consente". De resto também de nada valeria prostestarem, de tão evidente que é.
A Internet lá vai permitindo contornar esse "problema". Até quando?

Que rica democracia

Enoja-me, cada vez mais, esta forma de fazer política. O deputado Nuno Melo do CDS-PP também acha que devem ser os tribunais a resolver a recusa do Governo Regional em aplicar a Lei do Aborto.
Por estas e por outras, um dia o CDS-PP acorda e já não tem representação parlamentar. E nós ralados.

Bichos

Um Primeiro-Ministro que nos quer fazer crer que estamos a caminho de atingir a felicidade eterna.
Um Presidente da República que não zela pelo regular funcionamento das instituições democráticas.
Um líder da oposição fraco, que só vê para um dos lados, que é cumplíce com o que se passa na Madeira.
Portugal está entregue aos bichos.

25 de julho de 2007

Públicas virtudes

O Primeiro-Ministro na entrevista à SIC, voltou a referir-se aos blogues, quando disse que os "casos" passam daqueles para a imprensa. Os jornalistas, Ricardo Costa e José Gomes Ferreira, não aproveitaram para perguntar por que motivo ele interpôs uma acção judicial contra o autor do blogue Do Portugal Profundo.
Para um certo tipo de comunicação social, a conduta do Primeiro-Ministro ao processar o autor do blogue Do Portugal Profundo, é vista como louvável. Para essa comunicação social a liberdade de expressão só está em causa quando vê as suas capelinhas postas em xeque.
Existe uma comunicação social, promíscua, que usa e abusa dos blogues, não cumprindo nenhum código de ética, mas quando a ocasião se proporciona não hesita em malhar neles, cuspindo no prato em que comem muitas vezes.

O maior

O Primeiro-Ministro, José Sócrates, acabou de dar uma entrevista à SIC e mais uma vez fez passar a mensagem de que os outros é que estão errados nas suas apreciações. Ele é que está certo. Tudo o que faz é isento de erros. Que os indicadores económicos falam por si. Se na visão de José Sócrates, o país progride economicamente, então a sua acção e conduta são as mais correctas.
O homem é eminentemente tecnicista. A técnica sobrepõe-se à política. Ele usa a política para exercitar a técnica.
Não se interroga a si próprio por que surgem todos estes casos de asfixia democrática e de condicionamento da liberdade de expressão. Disse que Manuel Alegre com o seu artigo de opinião, publicado, hoje, no jornal Público, não trouxe nada de novo. Que as críticas que Manuel Alegre lhe dirige, e ao seu governo, são as mesmas que o poeta ja tinha feito no passado a Mário Soares, e a Cavaco Silva.
Hoje, o PS, pela boca de José Sócrates, elogiou os governos de Cavaco Silva, ao menosprezar as críticas que o seu partido fazia à época. Amor com amor se paga.
Mas nem tudo o que disse foi negativo. O juízo que formulou sobre a situação que se está a passar na Madeira, com a recusa do Governo Regional em aplicar a Lei do Aborto, foi correcto. E tem razão ao dizer que Marques Mendes e Paulo Portas já deveriam ter criticado a conduta de Alberto João Jardim e exigir que a legalidade democrática seja cumprida em todo o país.
Portugal não tem ninguém, na classe política actual, melhor que Sócrates e isso é profundamente angustiante. Que triste fado o nosso.

A procriadora

Rafaela Fernandes, deputada regional do PSD-Madeira

Vicente Jorge Silva, em 1994, referindo-se às manifestações de estudantes universitários contra as políticas educativas da Ministra da Educação de então, Manuela Ferreira Leite, disse que elas eram protagonizadas por uma "geração rasca". O termo casou muita polémica na altura.
Decorridos 13 anos alguns dos exemplares pululam por aí: na política, nos negócios, na cultura, etc.
A deputada da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, Rafaela Fernandes, a propósito da recusa do Governo Regional em aplicar a Lei do Aborto, afirmou:

24 de julho de 2007

Europeus

A Bulgária soube hoje o que é isso de ser e pertencer à Europa. Com a libertação das enfermeiras búlgaras e do médico palestiniano, que estavam presos há oito anos na Líbia, por alegadamente terem infectado crianças líbias com o vírus HIV/Sida, a Europa mostrou o que vale ser-se europeu.

Areia para os olhos

Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação, mandou arquivar o processo disciplinar que a directora da DREN, Margarida Moreira, levantou contra o professor destacado nessa direcção, Fernando Charrua, por este ter alegadamente proferido um "insulto" ao senhor Primeiro-Ministro.
A ministra pensa que a situação está terminada com o arquivamento do processo. Não está. Para já, demita Margarida Moreira, porque parece-me que essa senhora não tem envergadura para sair pelo seu pé. Não vê que a ministra ao mandar arquivar o processo, formalmente, não aprovou a atitude. Mas se a ministra não a demitir, ficamos com a sensação que ela aprova os propósitos do dislate, mas teve que tomar a decisão de arquivar por causa da celeuma que se levantou junto da opinião pública. Se não, outro galo cantaria.
Já não se pede, caso a directora da DREN não seja demitida, ou não se demita, para a senhora ministra, ela própria, se ir embora. Isso seria um gesto nobre que não está ao seu alcance.

23 de julho de 2007

Hossanas à deusa Internet

Há dez anos, António Guterres, Primeiro-Ministro de um governo PS, dizia que com a massificação do acesso à Internet, Portugal iria dar o salto. Passados dez anos não houve salto nenhum.
José Sócrates diz que agora é que é: Internet de banda larga para todos, a começar nas escolas, e o país será outro.
Esta coisa de se pensar que com o acesso de todos à Internet, ficamos consequentemente mais inteligentes, mais informados, mais capazes, é de uma estupidez atroz.
Veja-se o nível e a formação da classe política pré-Internet e a que temos hoje, e comparece-se.
Os Estados Unidos da América já alcançaram em termos de acesso à Internet aquilo que Portugal se propõe atingir de ora avante, e veja-se os resultados: Public Knowledge of Current Affairs Little Changed by News and Information Revolutions (What Americans Know: 1989-2007).

Manter acesa a chama

A TVI e a Endemol tiveram olho na selecção dos concorrentes para os reality shows, nomedamente para o Big Brother. Ao fim de quase sete anos, eles ainda são notícia. Agora que se avizinha mais um novo reality show na TVI, vou estar com atenção para ver se consigo descobrir qual, ou quais, poderão ser notícia no Correio da Manhã, daqui a sete anos.

O circo do PSD

A silly season começou hoje, oficialmente, com o anúncio da candidatura de Luís Filipe Menezes à presidência do PSD. Vão ser dois meses de rir a bom rir. Sócrates já deu a primeira gargalhada.

22 de julho de 2007

O blogue do Pedro

Pedro Santana Lopes, o homem que foi Primeiro-Ministro de Portugal, de 17 de Julho de 2004 a 12 de Março de 2005, aderiu à blogosfera, a título pessoal, no passado dia 10 de Julho.

O seu acto só demonstra que a blogosfera portuguesa tem cada vez mais força.

Quando o actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, processa um blogger, e um ex-Primeiro-Ministro faz a sua aparição na blogosfera, casos ímpares no mundo, é a prova provada que a blogosfera em Portugal começa verdadeiramente a ter poder e a influenciar o poder.

Seja bem-vindo, Pedro. Desejo-lhe os maiores sucessos "blogosféricos".

21 de julho de 2007

Esvaziamento da função presidencial

Os órgãos de soberania  do país sempre tiveram medo de Alberto João Jardim. E Alberto João Jardim sempre soube que tem os órgãos de soberania do país na mão. A chantagem da independência do arquipélago da Madeira causa calafrios à República, e então tudo se permite ao governante regional.

Agora temos a Lei do Aborto que o Governo Regional da Madeira recusa a aplicar no território, pelos motivos mais esfarrapados.

Sempre ouvi dizer que o Presidente da República é o garante do regular funcionamento das instituições democráticas. Chamado a pronunciar-se sobre o que se está a passar na Madeira, Cavaco Silva diz que o problema não é político, é judicial, e quem se sentir lesado que recorra aos tribunais.

Cavaco Silva que faz tudo por tudo para agradar a gregos e a troianos, acabará de certeza por desagradar a todos. Ensinaram-me, se calhar erradamente, que, quem exerce cargos políticos tem que obrigatoriamente desagradar a alguém. Caso contrário não está, objectivamente, a executar a vontade da maioria.

O povo português, todo ele, independentemente da região de origem, pronunciou-se em referendo a favor da Lei do Aborto, para ser aplicada no país todo. Na pergunta do referendo não vinha mencionada nenhuma cláusula de excepção a aplicar à Madeira. Concorde-se ou não, todos temos o dever e o direito de cumprir e fazer cumprir a vontade da maioria. Quem não concorda com uma lei, deve ter ao seu dispor mecanismos democráticos para futuramente propor a sua alteração, mas até que uma lei, qualquer que ela seja, não seja alterada democraticamente, há que cumpri-la e fazê-la cumprir.

Cavaco Silva com as suas afirmações, e para que Alberto João Jardim não venha outra vez com ataques ao "senhor Silva", está a convidar o poder judicial a interferir no poder político.

A questão é iminentemente política e estamos perante um atropelo ao regular funcionamento das instituições democráticas na Região Autónoma da Madeira.

Será que, se amanhã suceder um problema com o Governo da República, em que esteja em causa o regular funcionamento das instituições democráticas, o Presidente da República também chama os tribunais?

Europeus


Em cima do joelho

A jornalista Marta Moitinho Oliveira, no caderno Confidencial, do jornal Sol, edição de hoje, a propósito da construção da nova sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt, na Alemanha, refere que: "Com cerca de 1350 funcionários dos 27 países da Zona Euro, é no BCE que se reúne o conselho de governadores."


Neste momento fazem parte da Zona Euro os seguintes países: Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Portugal, Finlândia e Eslovénia, a que se juntaram, em Janeiro de 2008, Chipre e Malta. Portanto, 13 actualmente, e em Janeiro próximo serão 15 os países membros da Zona Euro.
Como a jornalista diz que o novo edifício do BCE só estará concluído em 2011 talvez pense que nessa altura os actuais 27 países membros da União Europeia já façam todos parte da Zona Euro. É o chamado "Jornalismo Zandiga".

Perder o Norte

Ontem, no Debate do Estado da Nação, que teve lugar na Assembleia da República, ficou mais uma vez patente, se dúvidas ainda houvessem, que temos um Primeiro-Ministro insuportavelmente arrogante.
José Sócrates ou é geneticamente arrogante e contra isso nada a fazer, ou pensa, ou alguém lhe disse, que para se ser determinado e prosseguir um rumo sem oscilações, tem-se que ser forçosamente arrogante.
Fica-se com a sensação que em Portugal, e José Sócrates interiorizou isso, um Primeiro-Ministro crispado e arrogante levará Portugal a trilhar o caminho do progresso e da modernidade, e um Primeiro-Ministro simpático, que sabe ouvir, que respeita e dialoga com pessoas, que pensam de maneira diferente, faz com que Portugal não alcance o desenvolvimento pretendido.
Estamos a viver um tempo peculiar em que tudo e todos parecem ter perdido o Norte. Até o tempo. Talvez por isso.

19 de julho de 2007

Justiça impune

A justiça portuguesa continua a dar uma imagem vergonhosa de si mesma. Hoje, foi finalmente pronunciada a setença do caso de uma criança com paralisia cerebral, a qual resultou, segundo o tribunal, de má prática médica na altura do parto.

A queixa, contra o hospital de Braga, foi feita pelos pais há 9 anos. A criança, hoje um jovem, tem 16 anos de idade.

Que raio de país é este que permite que só ao fim de 9 anos se produza uma setença, da qual o advogado do hospital já informou que vai recorrer? Ou seja, poderá acontecer que só daqui a mais uns anos a setença seja definitiva e sem hipótese de mais recursos, e então finalmente teremos alcançado a tão famigerada "justiça".

As vítimas em Portugal pelo simples facto de  se queixarem são submetidas a um calvário que, muitas vezes causa mais prejuízos do que o acto que motivou a queixa.

O estado, com a sua teia legislativa, em vez de ajudar os mais fracos, os mais desprotegidos e os mais vulneráveis, só contribui, ainda mais, para fortalecer os poderosos, os que se movimentam no meio, os que possuem mais meios e conhecimentos para influenciar e direccionar o percurso da justiça.

Um português

 

De José Saramago já sabemos que almeja que Espanha e Portugal se unam na Ibéria. Não sei o que pensam os outros espanhóis. No entanto há um de entre eles que entende e sente - que de certeza não desejava tal união -  o que é Portugal. Ele é Juan Carlos, rei de Espanha. Um espanhol que dá lições de portuguesismo a muito português acidental.

18 de julho de 2007

Trajectórias

É por causa disto, disto, mais isto e ainda isto, que a verdade incomoda tanto. E a verdade incomoda cada vez mais, por isso é que anda por aí à solta uma plêiade  de ilustes, salvo seja, "bloguistas/jornalistas" que procuram a todo o custo minar a credibilidade da blogosfera que não se insere, e não gravita, no seu inner circle.

Quanto mais debitam alarvidades mais a sua verdadeira natureza, e tudo aquilo por que  se movem, e por quem se movem, vem à tona.

A sotaina dos outros

Vaticano diz que a pedofilia não é exclusividade da Igreja. Efectivamente, tem razão. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, deveria estar a pensar em Portugal, onde a rede principal de pedofilia não tinha entre as figuras da linha da frente, nenhum sacerdote.

O poder de "abafamento" da Igreja, felizmente, já não é o que era. No entanto, ainda há por aí umas instituições e sectores com essa capacidade. Até um dia.

16 de julho de 2007

Parabéns

José Sócrates foi o verdadeiro, e único, vencedor das eleições intercalares de hoje, para a Câmara Municipal de Lisboa.

Com este PSD, para já não falar do CDS de Paulo Portas, bem pode Sócrates fazer o que lhe apetecer. Por este andar, em 2009 a reeleição está mais que assegurada.

Se do próximo congresso do PSD surgir Luís Filipe Menezes, teremos uma nova versão "santanista",  à moda do Porto, o que Sócrates agradece.

Rui Rio à frente do PSD? É a solução que o PS de José Sócrates mais teme.

15 de julho de 2007

Proibido 'blogar'

Em Chicago, nos Estados Unidos, um blogger foi expulso de um estádio onde decorria um jogo de baseball, por estar a escrever, 'postar',  textos para o seu blogue acerca do jogo, em tempo real, o que de acordo com os responsáveis pelo jogo violava os direitos de emissão cedidos a empresas de telecomunicações.

De Costa à contra Costa

 

Quem vem para a rua vitoriar António Costa não são lisboetas, mas sim excursões de Cabeceiras de Basto.

É o chamado turismo sócio-eleitoral.

Lisboa: eleições 2007

Vencedores: PS

Grandes Vencedores: Carmona Rodrigues e Helena Roseta

Derrotados: BE, CDU

Grandes Derrotados: PSD, CDS/PP

Lisboa: menina e moça

Está um rico dia para votar aqui:

A Europa em França

A Festa Nacional do 14 de Julho em França, foi este ano muito europeia e duplamente portuguesa. Os nossos "zés" marcaram presença. Nicolas Sarcozy, ao romper com algumas tradições do "14 de Julho", deu mais um sinal de querer mesmo dar um abanão à França e à Europa.

A ver vamos.

 

13 de julho de 2007

Jornalismo de vanguarda

O semanário Tal & Qual na sua edição impressa, já que não existe outra!?, de hoje, refere o caso da queixa-crime apresentada pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates, contra o autor do blogue Do Portugal Profundo, António Balbino Caldeira.

A jornalista Tânia Reis Alves, autora do texto da notícia, mistura factos, deturpa outros e revela desconhecimento em relação ao blogue em causa.

A um autor de um blogue que não seja jornalista desculpava-se as inexactidões da notícia, agora a um jornalista profissional, que deveria ter trabalhado a notícia, já é mais difícil de desculpar.

Tânia Reis Alves socorre-se de alguns correspondentes de órgãos de comunicação social estrangeiros, a exercer actividade em Portugal, para se informar se haverá mais algum caso similiar no mundo, que envolva queixas-crime de políticos contra autores de blogues. Dizem-lhe que não têm conhecimento. Mas existe.

O Poviléu também incorreu nesse falso juízo, mas aqui não há jornalistas e a informação é produzida na hora, nos tempos livres e sem recurso a fontes primárias, a maioria das vezes. No entanto, assim que se confirmou o lapso procedeu-se imediatamente à sua rectificação e, neste caso específico com recurso a fontes primárias.

Na verdade, pelo menos mais um caso envolvendo políticos e autores de blogues é notícia. Na Alemanha, está a decorrer um processo judicial que opõe o Ministro do Ambiente, Sigmar Gabriel, ao autor do blogue Mein Parteibuch, Marcel Bartels, a que já nos referimos num texto anterior.

No entanto se no início do texto da notícia a jornalista se refere a políticos em geral, na parte final, e referindo-se aos comentários que obteve de alguns correspondentes, nomeadamente de João Carlos, da agência alemã Deutsche Welle, já  concretiza a nível de primeiros-ministros, e nesse caso: sim. É verdade que a atitude de José Sócrates, como Primeiro-Ministro, não tem paralelo, o que, infelizmente, revela muito do homem e do político.

Com o outro caso a decorrer na Alemanha e perante a informação que a jornalista nos dá da resposta obtida do correspondente da agência alemã, ficamos também com a impressão que ele desconhece algumas realidades desse país.

Como tudo indica, a jornalista do Tal & Qual não obteve informações directas de António Balbino Caldeira, do blogue Do Portugal Profundo, e então começa a fazer deduções empíricas que não se traduzem em realidade. Diz, por exemplo, que o número de visitantes do blogue "de há uma semana para cá... passou de cerca de 300 000 para 700 000"!!!

Só demonstra que nem se deu ao trabalho de verificar que o blogue está à beira de completar dois anos de existência e que embora o caso "José Sócrates versus António Balbino Caldeira" tenha aumentado, e muito, o número de visitas, o blogue quando o caso rebentou já tinha cerca de 500 000 visitas. A jornalista quer fazer crer que para um blogue com quase dois anos de existência, o número de visitas não era nada de extraordinário (300 000) e no espaço de uma semana ganhou mais 400 000 visitas, um aumento de 133%.

No meio desta redacção há uma pérola, que, segundo Tânia Reis Alves, foi produzida pelo argelino Rabah Izri, correspondente em Portugal do jornal Elwaton e da Rádio Canal 2: "O primeiro-ministro tem o direito de processar quem quiser e um blogue é um meio de comunicação como outro qualquer." Se quanto à primeira parte da declaração nada a opor, quanto à segunda parte da afirmação não sei onde é que ele se baseia para dizer isso, em que factos se apoia. Será que na Argélia, a liberdade de expressão já vai aí? Olhe que no chamado "Mundo Livre" os blogues só são considerados órgãos de comunicação no capítulo da repressão, quanto ao capítulo dos direitos e garantias é matéria que só se aplica "aos outros".

Este é algum do jornalismo que se faz em Portugal e nas democracias avançadas do "Mundo Livre".

Nobel higiénico

José António Saraiva, director do jornal Sol, refere hoje na sua crónica Viver para Contar, da revista Tabu, do mesmo jornal, que não usa e não recomenda palavrões. Para ele "o uso de palavrões como muletas vai tornando a linguagem cada vez mais pobre, mais básica e menos subtil".

Ficamos também a saber que para Saraiva, "merda" é um palavrão de alto calibre, daí recorrer a m.... para se referir à palavra na crónica.

Ele que, nos romances que escreveu, e já foram três, nunca sentiu necessidade de usar quaisquer palavrões, e daí não resultou déficit literário, subentende-se. Presume-se que também não conhecerá mais nenhum palavrão além de m....

José António Saraiva, que numa entrevista ao Expresso, quando ainda era seu director, disse que um dia iria receber o Prémio Nobel da Literatura, tal a eloquência dos seus romances, não referiu objectivamente porque motivo a Academia Sueca lhe deveria atribuir o galardão. Hoje, ficámos a saber que ele merece-o porque a sua literatura é higiénica, limpinha.

Mas mais, eu, como muitos outros, que achamos que António Lobo Antunes merece há muitos anos a atribuição do Prémio Nobel da Literatura e não vislumbrávamos o porquê dessa injustiça, ficámos todos a saber que isso se deve à utilização de  muitos palavrões na sua prosa, e Saraiva sabe muito bem que os actuais membros da Academia Sueca não apreciam literatura "suja".

Despesas da casa

Dentro do PSD, alguns, já começam a preparar as garrafas de champanhe para comemorar a "grande vitória", que se avizinha, de Fernando Negrão no próximo Domingo, nas eleições para a Câmara Municipal de Lisboa.

Os salgadinhos serão fornecidos, gratuitamente, pela Universidade Atlântica, a cuja instituição os organizadores da festa muito agradecem na pessoa de Isaltino Morais, Presidente da Câmara Municipal de Oeiras que é a principal accionista da benemérita universidade.

1, 2 - Esquerdo, Direito

Major punido por mandar e-mail ao Presidente Jorge Sampaio, a queixar-se do facto de o comandante da sua unidade militar se recusar a conceder-lhe  o estatuto de trabalhador-estudante.

"Sr. Major, junte a tropa e faça algo de bom pelo país!" (comentário de um leitor na página do Portugal Diário)

11 de julho de 2007

Satisfação a rodos

Segundo o jornal Público, o Correio da Manha, perdão, o Correio da Manhã é líder de audiências nos jornais diários, mas como não é jornal de referência só interessa a portugueses iletrados, que são a maioria. Os letrados, os que possuem referências ocorrem ao Público em primeiro lugar.

(U)omo lava mais branco

 Os antifascistas do passado são os mesmos que, pela sua acção hoje, se encarregam de limpar a ditadura de ontem.

Saudades do futuro

Ontem, na apresentação do livro "António de Oliveira Salazar: o outro retrato" de Jaime Nogueira Pinto, o embaixador Marcello Duarte Matias disse que a real dimensão do que foi o Estado Novo, e do ditador António de Oliveira Salazar, só se aquilatará quando os que nasceram agora chegarem à idade adulta.

Que saudades que tenho de não estar vivo daqui a 100 anos, para ver o que essa geração tem a dizer de 48 anos de Estado Novo e outros tantos do regime que se lhe seguiu.

Tenho a certeza que as sombras e as luzes de hoje não serão as mesmas de amanhã. 

Portugueses precisam-se

O problema gravíssimo da não renovação de gerações em Portugal não preocupa o governo o suficiente. A situação vem-se agravando e não se pense que é só a economia que determina o número de crianças que nasce num dado momento, numa qualquer conjuntura.

O governo, este ou qualquer outro, tem que criar mecanismos sociais, económicos e políticos que mostrem aos cidadãos que vale a pena ter filhos, e que às gerações vindouras a factura a apresentar-lhes não será superior à dos seus progenitores.

O que se exige hoje a um português é, por comparação com as gerações precedentes, uma vida de sacrifícios e de permanente ansiedade, onde a felicidade e a paz interior, são meras quimeras