25 de junho de 2007

Todos na mão


Lembram-se de como o PCP vociferava, e tomava conta do espaço público (comunicação social, rua, empresas, etc.), quando os governos, sobretudo quando eram do PSD, ou PSD+CDS, mas também do PS, tomavam medidas, que na visão do PCP, iam contra as liberdades e garantias dos cidadãos? As que eles apelidavam de "conquistas de Abril"?


Pois bem, com este governo PS, esse PCP morreu completamente. Não se ouve uma voz crítica vinda desse quadrante político, contra os demandos que se avolumam de dia para dia contra a liberdade de cada um: liberdade de expressão, liberdade de cidadania, para já não falar da liberdade económica e social. Se a voz do PCP, após a queda do muro de Berlim, foi sendo cada vez menos audível, com Sócrates ficou afónica de vez.


Lembram-se do Bloco de Esquerda que, a todas as medidas dos últimos governos PSD+CDS, acenava-nos que vinha aí o "fascismo"? Que tinhamos que barrar o caminho a esses neo-liberais de pacotilha, que Durão Barroso e Santana Lopes personificavam, e que tinham George Bush por modelo?


Pois bem, o "Bloco" transformou-se num bloco colado com cimento cola de fraca qualidade. A sua voz, Francisco Louçã, porque só esta verdadeiramente contava, também emudeceu. Por vezes ainda aparece a dizer "umas coisas" contra o governo de José Sócrates, mas não se ouve. Há sempre um ruído de fundo.


O CDS-PP é daqueles casos patológicos que mal se curou da doença que o contaminou, volta a infectar-se. Efectivamente, o CDS-PP sempre gostou muito do "respeitinho", que não do respeito. Ora, se Sócrates é a personificação do "respeitinho", o CDS-PP só tem que aplaudir, silenciosamente, dessa forma não se suja. Mas, se por ventura, admitamos, num delírio "à Portas", ousassem levantar a voz, lá está o caso "Portucale" para eles piarem fininho.


Por fim, temos o PSD, esse saco de gatos, a 2, 3, 4, 5, n vozes, em que mal um fala, vem logo outro achincalhar o que foi dito. Embora tenha sido, até agora, o único a dizer que o "rei vai nú", a credibilidade do partido na sociedade é praticamente nula. Marques Mendes bem tenta ganhar credibilidade para o partido, mas é tarefa hérculea, depois da catástrofe Durão Barroso, Santana Lopes a que se veio juntar a da Câmara Municipal de Lisboa. Mas também Marques Mendes não pode "cantar de galo", pois lá apareceu o caso Isaltino Morais e a Universidade Atlântica em Oeiras para que ele não se meta em "bicos de pés". Se não, já sabe.


Pela primeira vez, vejo um governo em Portugal que não brinca em serviço, e logo do PS, quem diria. Esta eficiência governativa, de cunho socrático, está a superar todas as expectativas. E o espanto é tanto que, mesmo que alguém, no meio deste turpor colectivo, ouse "falar mais alto" e denunciar que "algo vai mal no reino de Neptuno" é logo apelidado de "lunático", que está a "alucinar". Alguns desses "lunáticos" ainda debitam nalguma imprensa, mas ninguém lhes liga, porque na televisão o pio está cortado.  Afinal em Portugal, tirando aqueles que já estão rendidos ao poder socialista, pelos mais variados motivos e com " telhados de vidro", quem é que lê jornais?


Essa coisa da Internet, dos blogues mais propriamente dito, é que estraga um bocado a festa. E então agora com a democratização do acesso à rede, a coisa torna-se mais complicada de domar. Esses tipos da União Europeia estão sempre a dizer-nos que estamos sempre na "mó de baixo" a tudo o que são índices de desenvolvimento. Logo há que mostar, para fora, que estamos a fazer tudo para ficar "up to date". Como eles. O acesso à Internet, infelizmente, faz parte dessa política para "inglês ver". Mas para lançar um aviso à "navegação" e não queimar o governo "lá fora", nada melhor do que tomar uma iniciativa própria, como quem diz a título individual, mas com fato de Primeiro-Ministro, que isto de sinais, o povo é parvo, mas lá vai lendo nas entrelinhas, e toca de fazer uma queixa-crime contra um "fazedor" de blogues, daqueles que não querem vislumbrar a glória do poder socialista sobre a Terra de Santa Maria, pela mão do Grande Líder. Podia pensar-se que a queixa-crime se iria direccionar para aqueles a quem ainda se permite que digam umas "coisas", uma daquelas personagens que todos nós identificamos. Mas não, isso para o povo era chover no molhado. Não teria efeito. Diziam logo, como dizem sempre: "eles zangam-se à nossa frente, mas voltam as costas e é só "beijinhos" e "abraços"".


Com a queixa-crime dirigida a um desconhecido, que o povo não consegue identificar, tem o mesmo efeito como se fosse dirigida a cada um desses "bloguistas" anónimos que na Internet pululam a zurzir contra o explendor da governação socialista e do seu Grande Líder. E assim, espera-se, mais uma voz domesticada.


Estamos boquiabertos, o homem é mesmo inteligente. Diríamos mesmo, inteligentíssimo. De primeira água. Quem assim é, não precisa de qualquer título académico para ser idolatrado.


2 comentários:

Unknown disse...

-.-

Anónimo disse...

Muito bem. Aplaudo.
Só não concordo com o final.
Para o povo português, que compensa alguma falta de miolos com um excesso de coração, um ataque a um desconhecido é um ataque a um de nós (o povo).
Penso que este é o maior erro que o imbecil do Sousa já cometeu.