8 de maio de 2007

O significado das palavras

O caso do desaparecimento da menina britânica no Algarve, que por estes dias tem alimentado todo o género de comunicação social, prestou-se a um jogo de semântica em que as palavras "rapariga" e "menina" tiveram que ser digeridas de forma contraditória.

Todos sabemos como a língua portuguesa, se por um lado apresenta lacunas relativamente a termos técnicos, o que leva a uma rápida adopção de palavras inglesas, por outro possui uma infinidade de termos que embora signifiquem o mesmo prestam-se a equívocos. Foi precisamente o que se passou com os tablóides ingleses, nomeadamente com o "The Sun" ao divulgar um cartaz a perguntar se alguém viu a "rapariga" inglesa desaparecida e oferecer € 15 000,00 por alguma informação que conduzisse à menina.

Pois bem, para nós portugueses o termo "rapariga" aplicado à fotografia da pequena Madelaine não condiz com a sua idade de quase 4 anos. Cingido-me só e apenas ao significado da palavara "rapariga" usada em Portugal, porque como sabemos no Brasil a palavra tem também uma conotação obscena (sic), só a partir da puberdade é que nós aplicamos o termo "rapariga", e só durante um tempo definido, ou seja:

o - 1 ano de idade: bebé

1 - 12 anos: menina

12 - 20 anos (pode se estender até aos 30 anos, dependendo da aparência e da frescura): rapariga

a partir dos 20/30 anos: mulher (se for de baixa condição social raramente se lhe referirão como senhora até ao fim da sua vida)

a partir dos 20/30 anos: senhora (classe social mais elevada)

Claro que esta classificação apresenta "nuances", dependendo de vários contextos e situações específicas, mas serve de bitola.

Como os ingleses não entendem estes meandros da língua portuguesa cometeram uma "gaffe" semântica.

Sem comentários: