6 de janeiro de 2008

Década triste: alhos e bugalhos

Ainda e sempre a Pedofilia.

José Pacheco Pereira na sua crónica semanal no jornal Público, publicada ontem, afirma, no seguimento da análise que faz da sociedade portuguesa dos últimos dez anos, e quais as "cenas" que farão parte do seu "arquivo da década triste", que, uma dessas "tristes cenas" será a "entrada em cena da pedofilia como crime máximo, crime dos crimes, [que] trouxe para uma ribalta iluminada por uma luz muito negra a criança como símbolo máximo da violência e da disfunção da sociedade, como alvo do Mal absoluto".

Dá exemplos com os casos: Casa Pia, Joana, Maddie, Esmeralda. Pacheco Pereira mistura crime de pedofilia com crimes cometidos sobre crianças que nada têm a ver com pedofilia. Até ao momento só temos a certeza que o caso Casa Pia foi, daqueles que escolheu como exemplo, o único em que  se cometeram crimes de pedofilia.

Esta mistura não é ingénua e Pacheco Pereira não é o único a misturar tudo para criar "cortinas de fumo".

É preciso dizer, alto e bom som, que há na sociedade portuguesa, sobretudo, e principalmente, nas "pretensas elites intelectuais" grande repulsa que a Pedofilia seja considerada crime, nos termos em que o é.

Há muita gente que faz parte das gerações que têm mais de 50 anos de idade que, não aceita de bom grado que a criança seja vista como "ser humano" a 100%, e que seja detentora dos mesmos direitos que gozam os demais "seres humanos", estes sim "completos".

Há uma corrente que entende que se as crianças necessitam da protecção e cuidado dos adultos, então não se lhes pode conceder os mesmos direitos que são concedidos aos adultos.

Há outra corrente, ainda mais perversa e demente, que se resume ao facto de considerar que são as crianças que se oferecem aos adultos.

Antes do caso Casa Pia, a pedofilia, em Portugal, era vista pelos poderes como crime menor e desculpável: "as crianças ofereciam-se, pois então".

Quem nunca ouviu, antes de Novembro de 2002, histórias contadas, em círculos mais ou menos restritos, muitas vezes na primeira pessoa, de encontros sexuais com crianças, do sexo feminino, como troféus de caça, independentemente do que os seus interlocutores pudessem pensar sobre essas revelações?

Os encontros com rapazes só eram exibidos como troféus de caça na medida em que a audiência também tinha as mesmas tendências.

Neste ponto as classes mais baixas e as mais altas têm muito em comum na forma de pensar.

Há muita gentinha, ainda hoje, com saudades desse tempo, ou seja, das "décadas alegres", em inglês " gay decades".

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