28 de janeiro de 2008

Apelo ao Povo Irlandês

 

Sou Europeu convicto. Os povos europeus são generosos. Foram ao longo do Tempo capazes das maiores atrocidades cometidas contra a Humanidade, mas, por causa disso mesmo, hoje têm uma Autoridade perante o planeta para se fazerem ouvir e respeitar, que outros povos ainda  não têm, quando emitem alertas para o resto do mundo.

Tristemente, há europeus que gostam de se menosprezar e rejeitam a História do continente, pondo-se de cócoras perante outra gente que a todo o custo assassina o modo de ser e de estar da Europa.

Eu, costumo dizer perante a  minha família,  que todos nós podemos criticar até à medula tudo o que nos afasta e nos aproxima, mas que perante os outros, que estão fora do nosso círculo restrito, devemos cerrar fileiras e protegermo-nos, sob pena de não sermos tomados a sério.

Tudo isto vem a propósito da rejeição de submeter a referendo o novo tratado da União Europeia, ou, como os mentirosos gostam de apelidar: "Tratado de Lisboa".

José Sócrates, mais uma vez, não respeitou uma promessa eleitoral, e como ele, mais 25 países não submeterão à consulta popular o texto desse tratado.

A Irlanda será, em princípio, o único país, por força da sua constituição, que realizará um referendo para ouvir o que o seu povo tem a dizer sobre o futuro da Europa.

Eu, se houvesse um referendo em Portugal votaria SIM, não porque o tratado seja o que todos os europeus aspiram, mas sem este texto parece que a luta dos povos europeus por um mundo melhor seria muito mais complicada. O tratado de Lisboa é um meio de luta, não a quietude da velha Europa.

No entanto, se por ventura, eu, como português, visse que era rejeitada a consulta aos meus irmãos europeus e eu tivesse oportunidade de me pronunciar num referendo, que não tenho, diria: NÃO.

Não, pelo texto do tratado, mas sim porque não aceito, que apesar de eu poder me pronunciar num referendo, os restantes membros da minha família sejam impedidos de dizer através do voto o que pensam.

O Povo Irlandês tem uma oportunidade histórica de dizer: "NÃO" ao tratado de Lisboa, com base de que os restantes povos irmãos europeus estão impedidos de se pronunciar contrariando o Estado de Direito, a Democracia, e o espírito europeu de Robert Schumann e Jean Monet.

Sei que é pedir muito à Irlanda, porque caso o "NÃO" vencesse, os irlandeses seriam ostracizados dentro da União, porque não são pioneiros e não têm o peso de uma França ou Holanda, mas encarnariam o que, no meu ver, dever ser, e se pede, a um verdadeiro Europeu.

Para se ser Europeu não basta unicamente abrir a caixa de esmolas, deverá ser sobretudo exigir Verdade e Democracia na casa da nossa Família.

Sem estes pressupostos não há "Europa" que resista.

A classe política que está aos comandos dos povos da União não percebe isto e não sabe gerir a herança que, apesar de ser boa nas intenções primevas, lhe calhou em testamento, e estão com as suas acções a aniquilar a Europa que os povos querem.

Há que pôr cobro a estes demandos, começando pela nossa casa.

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