13 de julho de 2007

Nobel higiénico

José António Saraiva, director do jornal Sol, refere hoje na sua crónica Viver para Contar, da revista Tabu, do mesmo jornal, que não usa e não recomenda palavrões. Para ele "o uso de palavrões como muletas vai tornando a linguagem cada vez mais pobre, mais básica e menos subtil".

Ficamos também a saber que para Saraiva, "merda" é um palavrão de alto calibre, daí recorrer a m.... para se referir à palavra na crónica.

Ele que, nos romances que escreveu, e já foram três, nunca sentiu necessidade de usar quaisquer palavrões, e daí não resultou déficit literário, subentende-se. Presume-se que também não conhecerá mais nenhum palavrão além de m....

José António Saraiva, que numa entrevista ao Expresso, quando ainda era seu director, disse que um dia iria receber o Prémio Nobel da Literatura, tal a eloquência dos seus romances, não referiu objectivamente porque motivo a Academia Sueca lhe deveria atribuir o galardão. Hoje, ficámos a saber que ele merece-o porque a sua literatura é higiénica, limpinha.

Mas mais, eu, como muitos outros, que achamos que António Lobo Antunes merece há muitos anos a atribuição do Prémio Nobel da Literatura e não vislumbrávamos o porquê dessa injustiça, ficámos todos a saber que isso se deve à utilização de  muitos palavrões na sua prosa, e Saraiva sabe muito bem que os actuais membros da Academia Sueca não apreciam literatura "suja".

3 comentários:

Anónimo disse...

josé antónio saraiva e antonio jose saraiva são pessoas diferentes.
Antonio josé é pai de josé antonio.

Biografia de AJS

Em portugal parece tudo feito em cima do joelho.

José antonio é diferente de antonio josé e este diferente de hermano saraiva.

Paulo Carvalho disse...

Tem razão, como notou troquei a ordem dos nomes próprios no 4.º parágrafo, mas não fiz confusão com a pessoa. Como não podia deixar de ser, é ao José António Saraiva que me refiro, como é fácil de vislumbrar, e não ao pai, nem tampouco ao tio.
Obrigado

Paulo Carvalho disse...

Já está rectificado.