26 de junho de 2007

O Porto é uma nação


Ontem, no programa Prós e Contras da RTP 1, emitido a partir do Porto, para justamente discutir a cidade do Porto e a região Norte, e o seu declínio em termos nacionais, em que foram convidados, para além do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, quatro empresários conotados com o Porto e a sua região: Ludgero Marques, Rui Moreira, Luís Portela e Belmiro de Azevedo.


Excepto, Rui Rio, os restantes intervenientes, mesmo aqueles que intervieram a partir da assistência, só se lamuriaram da sorte do Porto. E, mais uma vez, o provincianismo bacoco veio ao de cima. Para aqueles senhores, o Porto está como está, e aqui Rui Rio frisou, e bem, que uma coisa é o concelho do Porto, outra coisa é a Área Metropolitana do Porto e outra ainda é a região Norte, por causa de..., já adivinharam? Claro, Lisboa. Essa terra que não deixa as outras brilhar, que tudo suga e nada dá.


O debate, supostamente, era para discutir o Porto, e passou-se o tempo quase todo a falar de Lisboa. Ouviu-se mais vezes a palavra "Lisboa", que a palavra "Porto". O que só demonstra que o Porto necessita de Lisboa, como de pão para a boca. Alguém no meio daquele espectáculo atirou que Lisboa também está mal, e que Lisboa ainda é, para o bem e para o mal, a capital deste pobre país. E que o Porto está doente, porque Lisboa também está e, por conseguinte o resto do país. Ou melhor dizendo, o Continente. Porque os Açores e a Madeira são outra história, pela sua autonomia, mas não só.


     


A sociedade portuense, a cidade do Porto, e o resto do país, têm que se capacitar que só quando a capital, que é Lisboa, estiver em franco desenvolvimento e com dinamismo económico, social e cultural é que Portugal consegue "dar o salto". O Porto precisa de uma capital sã e com pujança, para também ele se afirmar como o segundo pólo de desenvolvimento do país.


Portugal é um país pequeno e só se vê as pretensas elites a dizer mal de Lisboa. Nada mais estúpido. O país precisa de uma Lisboa com projecção na Europa e no mundo. Já aqui disse num post anterior, que Lisboa precisa de ser amada e querida por todos no país, começando pelos lisboetas, que são os primeiros a desprezar e a não lutarem pela sua cidade e região.


Depois vêm, outra vez, com a regionalização, como panaceia para resolver os males do país e do Porto, claro está. Nada mais errado. Pode-se regionalizar o que se quiser. Mas o país pelos contrastes que apresenta: Norte-Sul e Litoral-Interior, necessita da solidariedade do todo nacional. E sejamos sérios, Lisboa é generosa, e será cada vez mais, assim consiga sair do marasmo em que se encontra, com o resto do país. Façam as contas da riqueza produzida e dividamos pelo número de habitantes e verão se é ou não generosa.


No meio daquela gente, que devia ir ao programa Prós e Contras puxar pelo Porto, vê-se que há uma pessoa que sabe o que quer e que percebe o que está em jogo, e, para sorte do Porto, essa pessoa é o seu Presidente da Câmara Municipal, Rui Rio. Também já aqui disse que me parece, e é com toda a certeza, uma pessoa de uma seriedade e integridade que, neste momento em Portugal, infelizmente, é raro, para não dizer raríssimo. Acusam-no, as elites, sempre as elites, de ser "merceeiro", "contabilista", e outros nomes sonantes. Esquecem-se que o país está no estado em que está, precisamente porque não se quis saber das contas e outros houve que trataram de fazer contas em proveito próprio e dos seus corregilionários.


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