5 de junho de 2007

Aeroporto: descalçar a bOTA


Assistimos ontem a uma emissão longuíssima do programa Prós e Contras, dedicado ao futuro aeroporto de Lisboa na sua vertente económica, de ordenamento do território e da sua articulação com as demais acessibilidades. Foram dirimidos argumentos pró-Ota e pró-margem Sul, em que os factores ambientais, ainda que nenhuma organização ambientalista estivesse presente, e aspectos técnicos de navegação aérea também foram aflorados.
Viu-se que existem alguns sectores que nutrem uma oposição visceral em relação à opção Ota, nem sempre pelos melhores motivos. Os defensores da Ota agarram-se a elementos de geografia humana e económica para justificar essa localização, o que, também só por si, é pouco.
Uma coisa ficou clara: que é imperioso a construção de um novo aeroporto para Lisboa. A sua localização não deve atender a aspectos exclusivamente financeiros. "O barato sai caro" foi dito por alguns dos intervenientes. E que independentemente da localização se deve olhar para lá da mesma, tendo em consideração o país e a península Ibérica no seu todo.
Eu quero que a localização do novo aeroporto, a Norte ou a Sul do Tejo, seja a melhor das melhores, sabendo que há nas duas localizações aspectos positivos e negativos em jogo. Agora, não se deveria escolher a localização pelo número absoluto de prós e contras de cada uma das opções. É que: imaginemos que se escolhia uma das opções porque apresentava menos aspectos negativos em termos quantitativos, mas poderia acontecer que bastasse um só desses aspectos para inviabilizar o "sucesso" de tal empreitada. A construção do aeroporto vai muito para além do limite físico do mesmo.
Uma surpresa do debate de ontem foi a completa ausência de representantes políticos e económicos do concelho de Alenquer, onde a Ota se situa. A defesa da opção Ota ficou por conta dos concelhos vizinhos que mais benefícios irão obter com essa localização, já que não "levam" com a construção in situ.

3 comentários:

Alvaro disse...

O que mais me chamou a atenção no debate foi a quase completa ausência da manutenção do aeroporto em Lisboa.
Mandar o aeroporto para a Portela ou o Poceirão pode ter custos dramáticos para a cidade de lisboa e para o país.

Paulo Carvalho disse...

O ideal era a Portela manter-se para voos internos e europeus. Mas penso que a manutenção de 2 aeroportos, porque a Portela como está não dá, mesmo a Portela +1 só dá enquanto não chegar o novo, seria incomportável,em termos financeiros e económicos. Seria a aniquilação dos 2, porque o país é pequeno e região de Lisboa não justifica 2 aeroportos internacionais. Madrid e a região envolvente, que possui quase o triplo de habitantes da região de Lisboa, só possui 1 aeroporto internacional.

Anónimo disse...

Decidir a construção de um novo aeroporto não é, seguramente, uma decisão fácil!
Por isso mesmo, o mínimo que se deve exigir é que essa decisão seja suportada por estudos que comparem EXAUSTIVAMENTE todas as possíveis opções! Do ponto de vista técnico (de aviação), do ponto de vista construtivo, do ponto de vista ambiental e, por último, mas não menos importante, do ponto de vista económico (de gestão do investimento e das implicações económicas para região que é suposto servir - a Grande Lisboa - e da zona onde irá ser construído).
Se o ponto de vista económico fosse posto à cabeça, ainda hoje havieria muitos lugares de Portugal sem energia eléctrica, sem telefone ou água canalizada.
Sem esses estudos a única coisa que podemos fazer é especular. E penso que, desgraçadamente, tendo sido isso que os sucessivos governos dos últimos anos têm vindo a fazer, com o resultado inevitável... não conseguir convencer ninguém da justiça da sua decisão.
E é por isso que, podendo vir a concordar com os que dizem que a opção Portela + Qualquer Coisa é inviável (do ponto de vista económico) falta-me um estudo rigoroso que diga (face às diferentes projecções de crescimento quantos anos seriam necessários para se atingir a rentabilidade.
Gostaria de poder comparar os "prejuízos" acumulados (durante esses anos) por essa opção com os prejuízos económicos para a região de Lisboa com a deslocalização do aeroporto para uma distância de cerca de 40 Kms.
É muito possível que tudo isto seja apenas um disparate! Mais uma vez só poderei avaliar isso se dispuser dos tais estudos que penso não existirem - ou se existem, estão no segredo dos cofres. Entretanto, porque me preocupo com essas questões, vou fazendo este "brainstorming" - que, como se sabe, não é mais que a listagem de todos os disparates possíveis e, com base neles, se chegar à melhor solução - para que os disparates não sejam, definitivamente, um exclusivo dos ministros.