28 de agosto de 2007

Até ao fim

George Bush a cada dia que passa convence-nos mais que deve ser, se não é mesmo, o pior presidente que alguma vez os Estados Unidos tiveram ao longo da sua história.

E pior, não só porque nos enganou e metiu a todos. Eu fui dos parvos que acreditei naquele circo montado nas Nações Unidas, em power-point, que depois foi aproveitado muito por cá, o estilo entenda-se, em que quiseram "demonstrar" que o Iraque detinha armas de destruição massivas. Dizia eu que, normalmente as pessoas normais quando erram clamorosamente têm tendência a corrigir a trajectória, sob pena de serem consideradas portadoras de graves distúrbios mentais.

George Bush é um desses casos patológicos, os erros sucedem-se, avolumam-se e o homem pensa a cada dia que passa que ele é que está certo e o mundo é que está errado. Naquela cabeça o mundo não o merece. Ele considera-se "grande" demais para este mundo  e este tempo.

As nomeações que fez para a sua administração foram quase todas escolhidas por amiguismo e paga de favores. Desde que os democratas venceram as eleições para a Câmara dos Representantes, seis dos seus membros já abandonaram o barco.

O último viu-se obrigado a abandonar hoje, ou antes, a comunicar que vai abandonar o barco no próximo dia 17 de Setembro. Alberto Gonzales, secretário de estado da Justiça, que nos Estados Unidos exerce também as funções de procurador-geral, andava a ser investigado por possíveis crimes fiscais entre outros actos altamente suspeitos e abjectos.

As contradições foram muitas, as suspeitas foram-se avolumando após as várias audições a que foi sujeito. Tanto assim é, que até  os republicanos começaram a suspirar para que ele abandonasse o cargo ou fosse demitido.

Mas demitido por George Bush, nunca. Alberto Gonzales deve todos os seus cargos públicos a Bush, desde assessor judicial do então governador do Texas, secretário de estado e depois membro da Corte Suprema desse  mesmo estado, para rematar no cargo de assessor judicial da Casa Branca e finalmente secretário de estado da Justiça.

Bush aguentou-o o mais que pôde em funções. Alberto Gonzales pertence ao núcleo daquelas personagens sinistras que gosta de bajular o chefe, e procura sempre ser mais papista que o Papa. Por cá estão muito em voga, também

Esteve envolvido em várias decisões altamente controversas, mas aquela que mais repulsa causa é uma das primeiras, assim que chega à Casa Branca: incentivou George Bush a não cumprir, e fazer cumprir, as leis contra a tortura e os tratados internacionais que protegem os prisioneiros de guerra, o que segundo os seus críticos proporcionou abusos como os cometidos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.

Rahm Emanuel, representante democrata, afirmou que: "Alberto Gonzales é o primeiro secretário de estado da Justiça que pensou que a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade eram três coisas diferentes".

Na hora da despedida, Bush só teve palavras elogiosas, tais como "honesto" e "honrado".

A vergonha é um sentimento que, de forma assustadora, vai rareando no mundo, também por cá, e que os dirigentes que nos governam fazem questão de demonstrar, para vergonha de quem ainda a tem.

 

Fontes

http://www.chron.com/disp/story.mpl/sp/us/5086971.html

http://apnews.myway.com/article/20070827/D8R9FHVO0.html

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