As eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa acabam de ser marcadas para dia 1 de Julho próximo. Os candidatos lá virão com a sua cantilena habitual de choradinhos, de promessas, e de atribuição de culpas aos adversários pelo estado a que a cidade chegou.
Todos dirão que "desta vez é que é, Lisboa luzirá e resplandecerá". Triste sina a capital do meu país. Os lisboetas infelizmente são pouco bairristas, acho que deveriam ser no que isso tem de positivo. Têm complexos em afirmar o seu amor a Lisboa o que em parte se justifica por não haver um número elevado de habitantes que sejam genuinamente de Lisboa, ou seja: dos "4 costados". A imensa maioria tem raízes à província, o que leva a não lutarem de forma aberta pela sua terra. E no fundo Lisboa é de nós todos, embora não a sintamos. Lisboa exerce um misto de admiração e de repulsa por parte dos portugueses a que também não é alheia essa ideia milhares de vezes veiculada, que o atraso do resto do país é culpa de Lisboa, que tudo sorve e tudo gasta. Isso é falso, mas tem servido como desculpa para muitos autarcas da chamada "província" justificarem as suas limitações.
Lisboa ouve isto e cala-se, porque não há ninguém que a defenda e a proteja e assim chegamos ao estado actual em que se encontra: moribunda, anémica, suja, velha e sobretudo cansada.
Os putativos candidatos partidários, que se anunciam, nenhum gosta verdadeiramente de Lisboa. Lisboa tem sido sempre trampolim para outros voos políticos, foi e é um meio, nunca um fim.
Neste momento, para mim só há uma pessoa que conseguiria devolver o orgulho a Lisboa e colocar a cidade no bom caminho: Rui Rio. Sim, Rui Rio. Sei que é impossível, porque o Porto tem o melhor presidente de Câmara do país. E às vezes pergunto-me se o Porto tem consciência disso. Rui Rio tem demonstrado que é bairrista, dono de um bairrismo saúdavel, que não se afirma por contraposição a Lisboa. Que sabe o que quer e para onde vai.
Pois bem, como Rui Rio não tem irmãos gémeos, procura-se um clone do mesmo. Lisboa agradece.
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