Por estes dias os media estão focalizados no desaparecimento da menina inglesa no Algarve, o que faz que o povo(léu) ande distraído de outros assuntos que poderão incomodar o governo, o que este agradece. Estes balões de oxigénio mediático que de vez em quando os governos recebem são uma benção.
Vem isto a propósito da notícia da prisão de um empresário português no Brasil, Licínio Soares Bastos, por crimes ligados a jogo ilegal, "lavagens" de dinheiro, compra de setenças judiciais, etc. Ora bem, segundo parece, este empresário já estaria nomeado cônsul de Portugal em Cabo Frio, Rio de Janeiro, mas devido às actuais circunstâncias essa nomeação foi suspensa.
O nome do actual Secretário de Estado das Comunidades, António Braga, tal como o nome do candidato do PS pelo círculo fora da Europa às últimas eleições legislativas, Aníbal Araújo, foi ventilado várias vezes nas conversas havidas entre os arguidos, entretanto detidos no Brasil, as quais foram alvo de escuta por parte das autoridades brasileiras.
Mais, o empresário português detido foi o principal financiador da campanha eleitoral do candidato do PS, e aquando da visita do primeiro-ministro José Sócrates, em 2006, ao Brasil, o empresário foi um dos vários convidados numa recepção oferecida pela comitiva à comunidade portuguesa residente no Rio de Janeiro.
Na altura da campanha eleitoral estranhou-se os meios empregues na promoção do candidato do PS, que implivaca avultados gastos.
Nesta história o que começa a incomodar-me é o desconforto que o actual Secretário de Estado das Comunidades, António Braga, demonstra quando foi confrontado com os contornos políticos que envolvem o empresário português. Numa primeira fase, o Secretário de Estado afirmou que recebeu em audiência o empresário mas que os outros detidos não conhece. Agora o seu gabinete já diz que afinal o empresário e o Secretário de Estado encontraram-se mais vezes, ficando por saber quantas e em que circunstâncias.
É verdade que ninguém pode ser culpado por ser amigo, ou por ser conhecido, de pessoas que praticam crimes. Era só também o que faltava, mas quando se começam a dizer meias verdades, a não abrir o "jogo todo", a desconfiança instala-se, a dúvida toma de assalto as mentes e os "inocentes" são automaticamente rotulados de "culpados", com ou sem razão. Depois vêm vociferar contra os "assassinatos políticos" de que estão a ser alvo pela comunicação social, invariavelmente a soldo de interesses obscuros. Esquecem-se que afinal não se trata de assassinatos políticos, mas de suicídio político, pois são eles que se põem a jeito devido às acções que tomam. Veja-se o recente caso do primeiro-ministro José Sócrates, e a polémica da sua licenciatura. O modus operandi de reacção dele e do seu Secretário de Estado das Comunidades são idênticos. Não aprendem, ou então faz parte do manual do governo e estão convencidos que a estratégia dará frutos.
Vamos esperar. Pode ser que estejam certos.
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