27 de julho de 2007

Máscaras

Nunca tive em grande conta pessoas que em determinado período da sua vida pertenceram - exerceram cargos, serviram e serviram-se - a uma determinada instituição e que, por qualquer motivo, se incompatibilizaram com a mesma e resolveram sair, e vêm depois destilar fel, e fazer juízos críticos, sobre a "gamela onde comeram".
Já temos exemplos, mais que muitos, de personagens que saem de determinado partido político, que normalmente está a passar um mau bocado, e colocam-se imediatamente no colo do partido que no momento "está a dar". Invariavelmente, esses personagens tornam-se mais papistas do que o Papa dessa agremiação.
José Miguel Júdice é, por ora, o último que se presta a interpretar esse papel. A admiração, a veneração, e a glorificação de, e por, José Sócrates são de uma grandeza tal que, no seu artigo de opinião, Os espasmos do moribundo, publicado hoje no jornal Público , a sua cegueira - que apesar de todos os progressos, ainda mata - leva-o a dizer:
"[Marques Mendes] Fresquinho da vitória [das eleições internas do PSD, a ter lugar em Setembro próximo], ninguém o desalojará, a não ser quando for derrotado por Sócrates, o que ele já sabia, mas se o primeiro-ministro se imolar pelo fogo, emigrar para Bruxelas, for apanhado a roubar velhinhos, chamar nomes ao Papa ou fizer algo do género, até pode vir a ganhar as eleições [legislativas de 2009]".
A geração que fez, que serviu e se serviu, que usou e abusou, da revolução do 25 de Abril está podre, gasta e não tem nada, mas mesmo nada, que ainda possa dar a Portugal. Portugal só deseja que estes personagens abandonem o palco pelo seu próprio pé. Sempre é mais bonito.

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