A semana que agora termina foi daquelas semanas em que eu preferiria não ter presenciado, parecia fazer parte daqueles sonhos que todos nós temos em que ocorrem acontecimentos que nos apavoram, mas assim que acordamos respiramos de alívio e agradecemos por felizmente não terem ocorrido, mas o que se passou, infelizmente não foi um pesadelo, foi bem real, já vinha de trás e promete continuar.
O que nesta semana, de 9 a 14 de Março de 2009, me fez ficar realmente enojado, me fez sentir, isso sim, insultado, ofendido e agredido nos valores em que acredito e que são dos mais elementares que qualquer ser humano, digno desse nome, devia ser portador, foi o de ter assistido à entrada do sanguinário José Eduardo dos Santos em Portugal com honras de chefe de Estado, a convite de Cavaco Silva, imagine-se, com escolta aérea, à chegada e à partida, de caças F16.
De José Sócrates já nada me surpreende, mas de Cavaco Silva - para além de “não ter nada para oferecer” aos desgraçados deste país e de ser complacente e, nessa medida também responsável, com um governo, presidido por um indivíduo sem caráter, mal-educado, para além de mentiroso compulsivo, isto só para falar de factos provados, que levou este país para um nível de miséria que eu não acreditava jamais vir a assistir – vi, com estes “olhos que a terra há de comer”, o Presidente de todos os portugueses, que ele diz ser, a estender o tapete vermelho e a “lamber” as mãos a um homem que está todo ele salpicado de sangue de um povo nosso irmão, o povo angolano, que vive na mais completa miséria num país podre de rico, onde a família Dos Santos e seus apaniguados se serve dos recursos de Angola como de seus se tratasse.
Até à morte de Savimbi ainda se compreendia que Dos Santos fosse o interlocutor de Angola, havia guerra, a UNITA e o MPLA tinham culpas repartidas, mas hoje, passados estes anos todos em que Angola está em paz e que se vê a real natureza do MPLA e do regime, e sobretudo desse “grande ditador democrata” José Eduardo dos Santos, Cavaco Silva convida-o para uma visita de Estado e quando esteve entre nós um Homem de Paz, o Dalai Lama, não quis recebê-lo, que não proibiu a entrada de Mugabe e de Kadaffi em Portugal, que acede a que o seu primeiro-ministro convide toda a espécie de criminosos a vir a Portugal, em nome da economia e dos negócios, e pondo a condição humana na sanita, e que esses mesmos negócios entre Portugal e esses países, sujos de sangue, não se traduzam na melhoria das condições de vida do nosso povo, mas sim no enriquecimento da clique portuguesa e da desses países, só posso pensar que Cavaco Silva ensandeceu.
É que senhor presidente, não basta ser sério, honesto, amar Portugal, querer e lutar por um Portugal mais igual, mais cívico, mais democrático, mais desenvolvido e humano, predicados que sempre me levaram a admirá-lo e a votar em si, se para se atingir esses objetivos tenhamos que beber sangue de outros seres humanos, quaisquer que eles sejam e onde se encontrem.
Senhor Presidente, se para eu ter comida o preço tenha que ser a morte de outro ser humano, quero morrer de fome, certo?
Palavras, palavras, dirá o senhor.
Olhe, o senhor quando fala, diz sempre que é o “Presidente de todos os Portugueses”, a partir de hoje se voltar a dizer isso, está a mentir, porque o senhor deixou de ser meu presidente, e acredito que pelo menos não achará que sou menos, ou mais, Português que Vossa Excelência.
Sabe, é que tenho que educar os meus filhos e tenho que ser consequente com aquilo que lhes transmito.
Lembre-se, não volte a dizer: “sou o Presidente de todos os Portugueses” é que há um, pelo menos, que não aceita isso. É que só é meu presidente quem eu quero, e não quem quer.
Se não emendar essa fórmula, em vez de termos um mentiroso na cúpula do Estado passamos a ter dois.
Felicidades pessoais.
4 comentários:
Não diria melhor.
Caro Paulo
Tentei entrar em contacto consigo já duas vezes para o mail do Poviléu, mas não sei se lhe chegou a mensagem.
Pode contactar-me para a.b.caldeira@gmail.com ?
Mentiroso talvez Cavaco não seja. Mas disse que deixou a FP reformada por 30 anos.
Meu caro amigo,
já somos (PELO MENOS!) dois! Só que no meu caso, NUNCA FOI! Nem nunca será!
Depois do "cavaquismo" respirei aliviado e afirmei: "CAVACO NUNCA MAIS!".
Infelizmente, devido à total cegueira do povo português, tive de "engolir o sapo". E como a cegueira ainda não é coisa que se cure, provavelmente vou ter de engolir outro.
Mas, como sabe, os "ceguinhos" (sem com isto querer negar o meu enorme respeito e solidadriedade com os verdadeiros invisuais!) acabam a "pedir esmola".
Peço a Deus que o futuro me desminta!
Um abraço!
GPS
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