29 de outubro de 2009

A Coisa da Morte

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Faleceu ontem uma criança de 10 anos que tinha gripe A. O corpo será autopsiado amanhã, para confirmar se a morte foi devida unicamente à gripe A, ou se haveria alguma doença desconhecida onde o vírus encontrou campo fértil.

Pai e madrasta da pobre criança, andam desde ontem, com a conivência e aprovação da comunicação social, a protagonizarem o que de mais abominável se pode esperar quando um ser humano morre: falta de respeito.

Os directos, a partir da rua, em que o pai recebe o diagnóstico do médico por telefone a confirmar a gripe A, passando pela casa da criança, à meia-noite, e hoje de manhã, na cena de comício da madrasta à porta da escola onde o enteado estudava, levam-me a crer que a dor do desaparecimento daquela criança para aquela família manifesta-se através do espectáculo comunicacional.

O espectáculo até poderia existir, como é hábito, infelizmente, mas depois do funeral.

Já agora, alguém sabe se a criança tem mãe? Uma mãe de verdade, na hora da morte de um filho, não anda a correr atrás das televisões.

Ainda me falta saber se os directos são pedidos pelo pai e madrasta ou se são as televisões a proporem-lhes.

Tudo um nojo.

Que aquela criança descanse em paz.

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