A procuradora-geral adjunta, Cristina Maria Caetano dos Anjos, da comarca de Torres Vedras, tornou-se a figura do Carnaval de 2009.
Ao proibir a colocação de um autocolante de imagens de mulheres – alegadamente nuas, retiradas da pesquisa do Google, num ecrã do famoso computador “Magalhães” que faz parte do Carnaval de Torres Vedras - ontem e recuando hoje, contribuiu para manchar, mais uma vez, a justiça.
Uma magistrada que se baseia nas declarações de um cidadão que se vai queixar que as imagens o ofendem e não tendo ido ao local confirmar se assim era, não no plano pessoal, mas no plano estrito da lei, faz com que qualquer cidadão tema ser vítima de um processo kafkiano.
À medida que Abril de 1974 se afasta no tempo e as gerações vão sendo renovadas, mais perigoso se torna o ressurgir de formas de poder totalitárias, ainda que de forma episódica, insidiosa, quase sempre desculpadas pelo sistema com a inépcia dos seus autores, mas a verdade é que se têm vindo a avolumar nos últimos tempos.
Este episódio de censura exercido, desta feita, pelo Ministério Público no Carnaval de Torres Vedras seria risível se fosse único. Infelizmente não é, os vários poderes vão incutindo nos cidadãos a auto-censura e o medo de agir.
Episódios destes seriam impossíveis de acontecer nos primeiros anos após o 25 de Abril de 1974. O povo reagiria de uma forma que aqueles que viveram o período do PREC sabem.
O tempo vai passando e o novo povo não viveu esses tempos, mas se a memória e a história não fossem todos os dias espezinhados pelos diversos poderes, este novo povo não toleraria que gente deste calibre fizesse o que faz impunemente.
Cristina Maria Caetano dos Anjos, nasceu em 1969. Tinha 5 anos incompletos em Abril de 1974 e é procuradora-geral adjunta há cerca de 4 anos.
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