O jornal Público, edição impressa de ontem, numa coluna assinada por Isabel Arriaga e Cunha, de Bruxelas, dizia que a "Comissão Europeia sugere que Mugabe não esteja na cimeira com África". No desenvolvimento da notícia, e segundo a comissária responsável pelas relações externas da União Europeia, Benita Ferrero-Waldner, para que a cimeira Europa-África se realize, em vez de estar presente o presidente do Zimbabué, este país seria representado, por exemplo, pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros. Cavaco Silva, em visita a Estrasburgo, também afirmou que teria que se arranjar uma forma de ultrapassar o impasse em virtude de a presença de Robert Mugabe em Lisboa não ser bem vista por alguns países da União Europeia, nomeadamente o Reino Unido. A presença do presidente facínora do Zimbabué em Portugal, aparentemente, não causa quaisquer problemas aos nossos governantes nacionais. O problema são os outros que se recusam a vir a Lisboa sentar-se à mesma mesma com esse criminoso. Portugal, não se opõe a conviver com esse tipo de gente. Há muito que estamos habituados a isso. Mas para quem nao saiba o que se passa verdadeiramente no Zimbabué, e se guie unicamente através das notícias dos jornais nacionais fica com uma visão racista do problema. Já o Daniel Oliveira no Expresso foi por esse caminho. A jornalista do Público termina a notícia com esta tirada de bom jornalismo: "O impasse sobre a participação do Zimbabué impede há vários anos a realização da cimeira, para grande frustração dos sucessivos governos portugueses. [...] o Governo britânico recusa sentar-se à mesma mesa que Mugabe, acusado de graves violações dos direitos humanos, sobretudo contra cidadãos britânicos residentes no país." Isto é mentira da mais reles que alguém, sendo jornalista, poderia alguma vez dizer. Que o Reino Unido se recusasse vir à presença de Robert Mugabe a Lisboa, com base exclusivamente nos crimes perpetrados contra os seus cidadãos no Zimbabué, é uma opção política, que embora seja de aplaudir - assim outros governos defendessem os seus cidadãos residentes noutros países - é redutora. Os crimes de Mugabe contra cidadãos britânicos residentes no Zimbabué constituem uma ínfima parte. A grande maioria dos crimes, e os mais horríveis, são cometidos contra os zimbabuanos de raça negra. Há uma intoxicação daqueles que se dizem não racistas para fazer crer que o Reino Unido só não quer vir a Lisboa porque há brancos atingidos pelas atrocidades de Mugabe. Então e aqueles que não são do Reino Unido, que não têm interesses no Zimbabué, que são negros e também desejam que Mugabe não venha a Lisboa, movimentam-se porquê? Quem lê a notícia do Público fica com a ideia que Robert Mugabe tem praticado crimes é contra britânicos, ou seja contra brancos, e que a população negra está óptima e recomenda-se. Sim, a isto eu chamo: "jornalismo de sarjeta".
6 de setembro de 2007
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2 comentários:
Bem visto!
O Cavaco meteu água, e ainda por cima falou em portugês!
Sejamos claros e não ingénuos: este ênfase ao egocentrismo dos Subditos de Sua Majestade não é de agora, é genético; o que é gravíssimo ´+e a atitude do (In)soberano Governo de Portugal (atambém meu, infelizmente) que quer fazer uma espécie de psicanálise colonial e branquear os crimes dum dos maiores Ditadores em Exercício. E quem dele tem razões de queixa são os próprios (negros) autóctones a quem ele lhes fez o favor de reduzir a esperança média de vida dos 60 para os 40 anos em apenas pouco mais do que uma década.
O Governo de Portugal, enfim o Estado Português até pode não ter vergonha em fazê-lo (também pouco nos interessa)VERGONHA, isso sim, seria OS PORTUGUESES calarem a voz a isso: AQUI ESTAMOS NÓS (POVILÉU).
Para evitar a analogia precoce, vamos aguardar para ver a FORMA como o nosso governo vai RECEBER a Alta Entidade chamada Dalai Lama.
Saudação e uma vez mais parabén Poviléu: FORÇA
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